Decisão da Codevasf contra assentados do Projeto Pontal prejudica todos agricultores, afirma presidente do Sintraf

(Foto: Blog Waldiney Passos)

Moradores do Projeto Pontal estiveram na Câmara de Vereadores na sessão de quinta-feira (26), para reivindicar o fornecimento de água para os agricultores da localidade. Desde fevereiro a Companhia dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) realizou o corte de água, mediante decisão da Justiça.

A ordem judicial é referente ao processo de reintegração de posse no Projeto Pontal, movido pela Codevasf contra o Movimento Sem Terra (MST), responsável pelos Acampamento Dom Tomás e Democracia. No entanto, o corte de água vem afetando não apenas os assentados, mas também os nativos do Pontal, como destacou a presidente do Sindicato dos Agricultores Familiares de Petrolina (Sintraf), Isália Damacena, durante entrevista no programa Super Manhã, na Rádio Jornal.

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“Esses agricultores que estiveram aqui ontem são nativos daquela área de sequeiro, essas pessoas já existiam na área muito antes do Projeto Pontal e hoje eles estão vivendo do resto de sobra de água e com esse processo todo, eles estão sem água”, disse a presidente.

Corte de água

Segundo Isália, o corte já dura 51 dias e os moradores estão sobrevivendo com a água armazenadas durante as chuvas de fevereiro e março. Representante do MST em Petrolina, Florisvaldo Alves havia revelado ao Blog que os assentados já tinham apresentado um novo local para viver, no entanto dependia da Codevasf fazer a ligação da água.

Saída do Pontal esbarra na Codevasf 

“No mínimo 80% dos camponenses são oriundos dessa região. Houve várias reuniões no sentido de resolver essa situação. Nós nunca nos colocamos contra a saída dessa área, mas algumas áreas que nós conseguimos resolver do ponto de vista legal, a Codevasf negou a ligação de água”, relata o representante do MST.

Ainda segundo Bruno Medrado, superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Petrolina, a instituição tem buscado mediar essa negociação. “A Codevasf entrou com uma ação para que reintegrasse a área para fazer um leilão e coube ao Incra obter áreas para assentar essas famílias. O melhor caminho hoje para o Incra é comprar terras, mas em Petrolina são poucas áreas disponíveis. Apareceu uma área que fica próxima ao canal e essa parte hídrica não cabe ao Incra, nós temos hoje uma terra em Santa Maria da Boa Vista”, explica o superintendente do Incra.

Codevasf se manifesta

Durante o programa, o superintendente da Codevasf, Aurivalter Monteiro alega que não pode descumprir a decisão da Justiça, pois caso o faça estará sujeito ao pagamento de multa. “Nós fizemos todas as colocações no que diz respeito ao que está acontecendo hoje no Pontal, é um procedimento que está ocorrendo diante de uma decisão judicial onde nós temos que tomar as providências cabíveis. Eu não posso deixar de cumprir aquilo que está determinado pela Justiça” disse Aurivalter.

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