Diretório Central dos Estudantes da Univasf emite nota em resposta à ASPRA

(Foto: Arquivo)

Na terça-feira (23) o nosso blog publicou uma matéria sobre uma nota da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus familiares do Estado da Bahia (ASPRA) que repudiava o cartaz de um evento promovido pelo Diretório Central dos Estudantes da Univasf (DCE) e União Nacional dos Estudantes (UNE).

No cartaz, a organização do evento mostra a imagem de uma pessoa vestida com as cores da bandeira do Brasil caída no chão algemada e um policial fardado com uma arma em punho, como se tivesse acabado de realizar um disparo.

De acordo com a nota da ASPRA regional de Juazeiro (BA), a comunidade policial foi surpreendida com perplexidade ao se deparar com a imagem, que segundo a instituição pode ser considerada “altamente preconceituosa contra a classe de trabalhadores que mais sofre violência no Brasil”.

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Por meio de nota, enviada ao nosso blog no início da tarde desta quarta-feira (24), o Diretório Central dos Estudantes da Univasf (DCE) manifesta publicamente suas convicções. Segundo o documento, a imagem se trata de uma charge criada por Latuff, conhecido internacionalmente por obras que denunciam situações de opressão.

A nota do DCE ainda especifica o tipo de policial representado na imagem, para justificar a utilização da imagem. “Há policiais que trabalham diuturnamente dentro dos marcos constitucionais, sem brutalidade, conforme a formação recebida nas Academias. E há aqueles que extrapolam, fazendo de sua autoridade um instrumento para abusos e brutalidades. É sobre este segundo grupo de que a charge trata. É esta segunda conduta que repudiamos. ”

Por fim, o DCE propõe um diálogo entre a representação estudantil e as entidades policiais. “No lugar da criminalização ou judicialização do cartaz e do evento, este Diretório Central dos Estudantes se coloca à disposição das autoridades e entidades policiais democráticas para desenvolver um diálogo acerca da polícia que temos e da polícia que precisamos. ”

O evento que tem como tema “Democracia na berlinda: A ofensiva fascista no Brasil” acontece hoje (24), às 17h no Parque Municipal Josepha Coelho em Petrolina (PE).

Confira a nota na íntegra

NOTA DE RESPOSTA DO DCE UNIVASF À ASPRA

O Diretório Central dos Estudantes da Univasf vem a público manifestar suas convicções na democracia, no Estado de Direito e no diálogo.
A charge é uma manifestação artística, crítica e reflexiva. É da natureza das charges.
Em geral a atividade foi positivamente saudada pela população da região, mas há muito que refletir dadas algumas repercussões sobre o cartaz do evento deste 24 de outubro de 2018, promovido por este Diretório estudantil.
O autor, Latuff, é conhecido nacional e internacionalmente pela sua obra de denúncia de situações de opressão e injustiças.
Há policiais que trabalham diuturnamente dentro dos marcos constitucionais, sem brutalidade, conforme a formação recebida nas Academias.
E há aqueles que extrapolam, fazendo de sua autoridade um instrumento para abusos e brutalidades. É sobre este segundo grupo de que a charge trata. É esta segunda conduta que repudiamos. É esta realidade que os Comandos das Polícias – todas elas – costumam publicamente condenar, justamente por conta de tais condutas comprometerem a imagem da corporação, o Estado democrático de Direito e abrir brechas para o terror. Terror e medo que podem anteceder a disseminação de falas ou atos fascistas. 
Temos todos, sim, que ficar bastante preocupados com propostas de armamento generalizado da população. Este tipo de medida caso adotado colocará a vida de todos e inclusive dos policiais em risco ainda maior, muito ao invés de diminuir a violência.
No lugar da criminalização ou judicialização do cartaz e do evento, este Diretório Central dos Estudantes se coloca à disposição das autoridades e entidades policiais democráticas para desenvolver um diálogo acerca da polícia que temos e da polícia que precisamos. 
Redução da letalidade, combate ao abuso de autoridade e aos desvios de função, melhores condições de trabalho e remuneração, entre outros, que devem ser pontos para uma pauta comum. Pensamos que o combate aos excessos e à brutalidade policial também são de interesse das entidades representativas dos policiais e da sociedade como um todo.
Discutir a realidade apresentada pelo citado Fórum Brasileiro de Segurança Pública pode ser o ponto de partida para o debate em um outro momento.
Mundialmente, a polícia que menos mata é a polícia que menos morre.
Este deve ser nosso horizonte. Um pacto pela vida real e concreto.
Não será em um ambiente fascista que os direitos dos cidadãos e dos policiais serão resguardados.
Será num regime democrático.

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