Em artigo, Maurício Dias Cordeiro questiona onde está Juazeiro e fala sobre perca de identidade da cidade

O compositor Maurício Dias Cordeiro enviou ao nosso blog um artigo de interessante leitura. No texto, o artista de Juazeiro questiona a perca de identidade da cidade baiana que tanto contribuiu – e contribui – com a cultura brasileira.

Maurício fala sobre a saída de João Gilberto do município e faz uma crítica àqueles que desclassificam seus trabalhos sobre Juazeiro, o Rio São Francisco, João Gilberto e a “bossa nova”.

Confira o artigo completo

Estorvo!!

Hoje, 23 de agosto, estreia nacionalmente o filme do diretor Franco-suíço Georges Gachot, baseado no livro “Onde está você João Gilberto?” do jornalista alemão Marc Fischer.

João nasceu em Juazeiro, 1931, 87 anos. Continua recluso, avesso. Saiu de Juazeiro para revolucionar a música brasileira, influenciar o “jazz” americano e, ao lado de Tom Jobim, continua sendo o músico brasileiro mais respeitado no mundo até hoje.

A Juazeiro mágica dos tempos de João não existe mais? Ele saiu de vez aos 18 anos.

Com seus mais de 230 mil habitantes, Juazeiro hoje, pouco se interessa por seus valores históricos/humanos/culturais? Os poucos da resistência vivem, às vezes, ridicularizados no contexto da inversão de valores existenciais.

Juazeiro perde e perde muito com este desprezo. Ficamos sem identidade, não nós apropriamos do que é verdadeiramente nosso?  

Nos debruçamos diuturnamente na desconstrução de nós mesmos, principalmente uma certa classe de moradores que vive na contemplação dos prédios da cidade vizinha.

Sou o autor do hino do centenário de Petrolina, um concurso nacional em 1994. Já fui premiado em diversos festivais lá, em Brasília, Salvador e São Paulo também.

Aqui, para onde sempre volto, sou sempre desclassificado e ridicularizado porque vivo falando e cantando Juazeiro, O Rio São Francisco, João Gilberto e a “bossa nova”.

Mas eu não me assombro, não desisto.

Sonhos não desistem!

Sonhando com uma exibição, pelo menos em sessão dos “zumbis” em Juazeiro que tem 4 modernas salas da “Cinemark “.

Estou em contato direto com o produtor e diretor Georges Gachot na Suíça e com o distribuidor do filme em São Paulo, através de Heloisa Holanda, Miúcha, nossa amiga, ex de João e mãe de Bebel Gilberto.

Ou será melhor trazer “Marcelino pão & vinho” na “matinê” do cine São Francisco??, “Deus e o diabo na terra do Sol” do verdadeiro mito da civilização atlântica, “Glauber Rocha; decifraria nossas almas “penitentes”? Em Juazeiro eu tenho saudade é do futuro!

Maurício Dias Cordeiro

Compositor

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