Mãe e esposa de alvo em operação contra milícia trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro

(Foto: Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O gabinete do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) empregou a mãe de um dos denunciados na operação contra milicianos, deflagrada nesta terça-feira (22). Raimunda Veras Magalhães, mãe do ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, ainda procurado pela polícia, aparece em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como uma das remetentes de depósitos suspeitos do ex-motorista de Flávio, Fabrício Queiroz.

Segundo a Coaf, Raimunda depositou R$ 4,6 mil na conta de Queiroz. Na folha de pagamento da Alerj, ela recebia o salário de R$ 5.142,63 e aparece como funcionaria desde 2 de março de 2015, quando foi nomeada assessora da liderança do PP, partido do qual Flávio era filiado.

Assim que o deputado deixou a sigla e migrou para o PSC, Raimunda deixou a Alerj em 31 de março de 2016. Logo depois, em 29 de junho do mesmo ano, foi lotada no gabinete do deputado estadual e senador eleito. Foi exonerada em 13 de novembro do ano passado.

Além dela, a esposa de Adriano, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, também foi lotada no gabinete de Flávio na Alerj, com o mesmo salário da sogra. Listada na folha de ponto desde novembro de 2010, foi exonerada junto com a sogra.

Em nota, o senador eleito afirmou ser “vítima de uma campanha difamatória” com o objetivo de atingir o governo do pai, Jair Bolsonaro, e ressaltou que Raimunda Magalhães foi indicação de Fabrício Queiroz e que ele não pode ser “responsabilizado por fatos até então desconhecidos por ele”.

Antes de empregar Raimunda e Danielle, Flávio Bolsonaro homenageou o ex-capitão Adriano. Em 2003, o então deputado propôs moção de louvor e congratulações ao militar por prestar “serviços à sociedade com absoluta presteza e excepcional comportamento nas suas atividades.”

Adriano não foi o único alvo da operação do MP hoje agraciado com uma moção na Alerj. Flávio Bolsonaro fez a mesma homenagem ao major Ronald Paulo Alves Pereira, quando servia no 16º BPM (Olaria). A condecoração aconteceu meses depois de ele ser apontado como um dos autores da chacina da Via Show, que deixou cinco jovens mortos após a saída de uma casa de festas em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Até hoje o major – agora apontado como chefe da milícia da Favela da Muzema – não foi julgado pelo crime.

Caso Marielle

Ano passado, Ronald e Adriano chegaram a ser ouvidos pela Delegacia de Homicídios como testemunhas no inquérito que apura as mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março.

A promotora de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Simone Sibilio, disse que o caso Marielle não é objeto dessa investigação, mas não descartou investigação a partir das prisões.

“Essas pessoas todas, alvos dessa investigação e dessa operação, nós não podemos afirmar, nesse momento, que tem relação com o caso Marielle e Anderson. Nós também não descartamos. A investigação do caso Marielle não é objeto dessa investigação. Essa investigação é separada, autônoma, e essa operação não visou prender pessoas relacionadas ao crime Marielle e Anderson. Se depois, no futuro, próximo ou não, chegarmos à conclusão que elas têm envolvimento, aí sim será apurado nos autos próprios da investigação da Marielle e do Anderson.”

Com informações do Diário de Pernambuco e G1

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