“O dia em que a água e o fogo se ‘retaram'” – Por Otoniel Gondim

Poeta, compositor e escritor, Otoniel Gondim presenteia os leitores do Blog Waldiney Passos com mais um texto de sua autoria. Dessa vez com um conto filosófico, Otoniel mostra seu talento para a escrita nessa história que une dois elementos que são fortes: a água e o fogo.

Confira a seguir o conto filosófico:

“” fogo””

“” Fogo?

Orgulha-se de não  ter estado físico!

Arrasta consigo luz radiante, calor, queima

E sobe nas teimas ardentes

Explorando combustíveis e comburentes

E, sarcástico, sorrir, saindo dos focos das lentes

Amedronta a água, fervendo-a em chás e cafés

Entre bules, panelas, taças

Depois fraqueja, estala, ao fugir pelas chaminés

Humilhado em reles fumaças”

””água””

“Água?

Orgulha-se de ser um líquido

Insípido, inodoro, transparente

Espuma alvejante, imponente

Substância mais aclamada, importante

Sem a mesma nem teria gente

Um habita natural de tudo

Da vida e da morte, tsunamia

Fala, grita, fica mudo

Limpa, traz poesia

Mistura e dissolve

À revelia

Ainda, por cima, chove”

# Cansados de tanto serem cruelmente explorados e humilhados pelos seres ditos humanos, um dia (queira-se não utópico) antológico, épico e demasiado histórico, a ÁGUA e o FOGO se encontraram, travaram desabafos, desilusões, raivas, desejos contidos, sintomas de repulsas nunca revelados, e chegaram, finalmente,  a uma conclusão irrevogável: OS DOIS UNIDOS JAMAIS SERÃO VENCIDOS!

Assim, eis o desfecho dessa conclusão:

O FOGO brada: “Oh, água inerte! Não vês que esses seres humanos insanos querem apenas em ti velejar, matar a sede, se molhar. Chega de preguiça e desse terrível chuá-chuá.

Vens comigo. Eu os mato pelo calor, raios, escarrando queimas. E tu, amorfo líquido, de sede, afogados e envenenados.

Aí, juntos e enamorados, seremos os deuses do tempo, da existência, da natureza e da eternidade.”

A vida despertando do silêncio. Como se descasca um abacaxi.

Xiiiii… Deu medinho agora, deu???

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