Partidos começam a punir deputados dissidentes

Plenário durante sessão conjunta do Congresso Nacional. À mesa, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Dois dos partidos mais cobiçados na reta final da apreciação do impeachment, PP e PR reagiram ontem aos ataques especulativos tanto do governo quanto do grupo do vice-presidente Michel Temer. Diante de rumores de que 14 dos 45 deputados do PP poderiam deixar a legenda — que fechou questão a favor do impedimento — para apoiar a presidente Dilma Rousseff, a Executiva do partido decidiu que irá intervir em mais três estados, depois de já ter punido o Maranhão. Bahia, Ceará e Pará, que somam sete deputados, serão alvo da ação.

No PR, o presidente da legenda, deputado Alfredo Nascimento (AM), colocou o cargo à disposição da Executiva para poder votar pelo impeachment. O ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, ameaça punir aqueles que contrariarem a determinação de votar para salvar Dilma. Nascimento deverá anunciar seu pedido de desligamento da presidência do partido na hora da votação e a tendência é que deputados da sigla que estavam indecisos acompanhem o movimento.

Na outra trincheira do PR, parlamentares relataram que o ex-deputado Anthony Garotinho tentou convencer colegas da legenda a votarem contra o impeachment. Garotinho teria abordado o deputado Paulo Feijó (RJ), que é candidato à prefeitura de Campos, hoje ocupada por Rosinha Garotinho, para que mudasse seu voto. Feijó, porém, manteve a posição de votar pelo afastamento de Dilma.

Segundo fontes, Garotinho teria pressionado sua filha, deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), para que não fosse a Brasília. Ele e Rosinha queriam que Clarissa, que está em estágio de gravidez avançada e pretendia votar a favor do impeachment, ficasse no Rio. A deputada decidiu, em cima da hora, não viajar a Brasília.

NO PP, FOCO NA BAHIA

No PP, as contas da cúpula do partido são que, no máximo, restarão cinco votos a favor do governo. Um deles é o do deputado Waldir Maranhão (PP-MA), destituído do comando do diretório do Maranhão por defender Dilma. A situação da Bahia é a mais delicada. Os quatro deputados do estado estão vinculados ao vice-governador João Leão, pai do deputado Cacá Leão. Cacá sinalizou que, mesmo com as ameaças de intervenção, os quatro deputados deverão se posicionar contra o impeachment:

— É muito difícil mudar de posição, estamos juntos com o PT na Bahia desde 2008. O pior carimbo na vida é de traidor.

No Ceará, os dois deputados do PP, Macedo e Adail Carneiro, são ligados ao ex-ministro Ciro Gomes. A expectativa é de que, com a ameaça de intervenção, ambos os parlamentares revejam suas posições. No Pará, Beto Salame, que preside o diretório estadual, também deverá ser destituído.

Por sua vez, o PDT abriu processo de expulsão no conselho de ética contra o deputado Giovani Cherini (RS): se votar contra Dilma, será expulso. Se mudar, o processo será arquivado. Apesar da pressão, o líder do PDT, Weverton Rocha (MA) afirmou que, dos 20 deputados pedetistas, 14 estão fechados a favor do governo.

Com informações do O Globo

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