Perito levanta questionamentos sobre caso Beatriz; “por que tão pouco foi realizado?”

“A polícia Civil de Pernambuco não deve arquivar, esquecer, considerar mais um crime insolúvel”, diz o especialista.

O perito George Sanguinetti voltou a se manifestar em suas redes sociais sobre o caso Beatriz. Em um longo texto, denominado “Vence a impunidade. Recordando e lamentando o bárbaro homicídio de Beatriz”, o especialista levanta questionamentos sobre as características do homicídio e o curso das investigações policiais.

Sanguinetti, que é conhecido por participar de casos famosos como de PC Farias e da menina Isabella Nardoni, pede que “pessoas reconhecidamente competentes tenham acesso às provas técnicas” e aos autos. Segundo o perito, esse é um crime que não deve ser arquivado ou esquecido, já que um “bárbaro assassino de uma criança, autor de um crime hediondo, continua nas ruas”.

Alguns internautas comentaram a publicação do especialista e lamentaram o fato do caso ainda não ter sido esclarecido. “Inadmissível não ter sido esclarecido”, diz um dos comentários. “Nem a pessoa que apagou as imagens das câmeras foi indiciada”, diz outra pessoa.

Confira o texto completo do legista

Vence a impunidade. Recordando e lamentando o bárbaro homicídio de Beatriz.

Diante da minha mesa de trabalho, fotografias do cadáver de uma menina, apresentando 42 ferimentos pérfurocortantes (por faca), quer nas partes expostas do corpo, como braços e pernas, quer nas partes envolvidas pela roupa que trajava, no tórax e abdome. Logo após a descoberta do corpo, pessoas que acessaram ao local antes da Polícia, tiraram as fotos de celular e mais de uma dezena, chegaram as minhas mãos.

Há um ângulo de 90 graus na articulação do antebraço esquerdo com a mão, indicando luxação ou fratura, consequência da brutalidade. A posição final do corpo, decúbito lateral direito, quase ventral. Desvio de linha média compatível com luxação no pé esquerdo. 
Ampliei, coloquei em local de destaque e procedi estudos, onde a quantidade de sangue coagulado sob o corpo, indicava ter sido o local onde os golpes foram desferidos.

Salpicos visíveis, indicando que a projeção do sangue é feita por uma segunda força e cai pela ação da gravidade. Como houve vários golpes contra a vítima, os salpicos se multiplicaram e estão a indicar a movimentação da vítima e do agressor durante o ataque ou melhor expressando, a fúria homicida.

Pegada no local. Há diversos tipos de suporte com impressões de mãos ensanguentados. Pertenciam ao agressor? A vítima, no curso da dinâmica do evento? O esclarecimento do crime, a investigação começa no local. O que mais foi encontrado? Houve o sigilo, múltiplos delegados, muitas coletivas, mas por que Petrolina, tão pouco foi realizado? Um bárbaro assassino de criança, autor de crime hediondo, continua nas ruas. Não foi incomodado. Vai agir de novo? A polícia Civil de Pernambuco não deve arquivar, esquecer, considerar mais um crime insolúvel. Sob limites impostos pela Justiça, permitam que pessoas reconhecidamente competentes tenham acesso as provas técnicas, aos autos. O martírio de Beatriz não pode ser esquecido. Acorda Petrolina!

Caso Beatriz

O crime ocorreu no dia 10 de dezembro de 2015 durante uma festa de formatura de final de ano de um dos mais tradicionais colégios particulares de Petrolina (PE), quando a menina saiu para ir ao bebedouro perto da quadra.

Após algum tempo desaparecida, Beatriz Angélica Mota Ferreira da Silva, de 7 anos, foi encontrada morta com 42 facadas. Seu corpo foi encontrado em uma sala de material esportivo desativada do colégio.

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