Estudante violentando em Petrolina contesta declarações do delegado responsável pela investigação do caso

Anderson

Delegado Daniel Moreira disse está havendo exagero por parte de Anderson Veloso já que não foram encontrados indícios de lesão corporal ou anal na vítima/Foto : reprodução Facebook

O delegado, Daniel Moreira, responsável pelas investigações do caso de agressões ao estudante de Psicologia da Univasf,  Anderson Veloso, que relatou ter sido violentado no último sábado (30/04) por três rapazes em Petrolina, disse em entrevista a rádio Jornal acreditar em exageros por parte da vítima.

“Acredito que possa está havendo algum exagero. Acredito que ele foi sequestrado sim, mas o médico legista não verificou vestígios de violência anal, já que a vítima diz que houve violação com um pedaço de galho. Este tipo de lesão é característico, mesmo com três ou quatro dias ainda fica algum vestígio. Ele sofreu um crime homofóbico, mas ainda não sabemos em que grau”, ressaltou.

Indignado com as declarações do delegado Anderson Veloso postou uma carta aberta a sociedade prestando os seguintes esclarecimentos:

Depois de ver a entrevista dada hoje pelo delegado Daniel Moreira, que está acompanhando meu caso, não poderia estar de outra forma a não ser indignado. Para além desses vários sentimentos que estão dentro de mim agora, achei necessário primeiramente esclarecer algumas questões sobre o caso. Bom, depois do ocorrido, eu e mais alguns amigos fomos ao Hospital Universitário para que eu passasse por uma bateria de exames a fim de observar se teria acontecido algo como uma fratura, por exemplo.

Fiz alguns exames para analisar a cabeça, o abdômen e o ânus, que foram as partes mais atingidas; aparentemente não foi constatado nada de grave, mas tomei alguns medicamentos junto a um soro e fui liberado. Depois disso, retornei a casa dos meus colegas e como estava muito nervoso ainda, pensei em ir à delegacia apenas no domingo de manhã. 

No domingo pela manhã, procurei a delegacia logo cedo, mas me deparei com uma placa na porta que trazia: Horário de funcionamento – seg a sex: 08 às 18. Após ver isso, me lembrei de uma vez que sofri uma ameaça e fui procurar uma delegacia para prestar o Boletim de Ocorrência, iria a que se localiza no Ouro Preto, mas o taxista que me conduzia disse que havia uma mais próxima, era a que se localizava na Vila Mocó.

Quando cheguei, em uma conversa, uma moça me disse que era pra eu ter ido diretamente para a delegacia que ficava na Vila Mocó mesmo, pois o bairro onde eu moro era de jurisdição de lá e a delegacia do Ouro Preto teria feito o encaminhamento para a delegacia da Vila Mocó. Pensando nisso, eu achei melhor esperar que a delegacia da Vila Mocó abrisse –segunda-feira– e fosse direto nela, visto que ela seria a encarregada de acompanhar o meu caso.

Na segunda, pela manhã, fui à delegacia com meus amigos e lá recebi algumas instruções do que deveria fazer e ouvi mais algumas coisas, como: “as provas precisam ainda ser um pouco mais amadurecidas” ou “procure saber de mais alguma pista”. Na segunda-feira, quando fui à delegacia dizer que havia sofrido homofobia, um dos policiais me disse que estava há quase 30 anos na policia e isso nunca tinha acontecido por aqui, e, no outro dia, na televisão, vi que já era, após a mídia ter procurado um contato com eles; isso no mínimo é bastante confuso, entre outras coisas.

Vale ressaltar ainda aqui que meu Boletim de Ocorrência diz que o caso se refere à TORTURA e ROUBO. Sobre a questão do IML: errei em demorar um pouco para ir ao IML, entretanto, tem muita coisa que deve ser levada em consideração. Se colocar no lugar do outro é muito difícil.
Quando fui realizar o exame, a própria médica me disse que muito provavelmente não iria haver nenhum tipo de resultado, porque houve uma demora em se fazer o exame; mas o resultado do hospital sairá daqui a 45 dias. 

Uma coisa tem que ser deixada bem claro: eu não estou com o rosto arrebentado ou com uma perna quebrada, mas a violência aconteceu. O que deve acontecer para que não seja exagero? A morte? Exagero é a tentativa de tirar a vítima do seu lugar de vítima. Exagero é a tentativa de silenciar uma luta. Exagero é uma delegacia estar fechada em um final de semana.

Exagero é uma pessoa ser violentada, chegar em casa com a sua roupa rasgada e descalço. Exagero é ver o órgão responsável por ajudar você ir pra mídia e dizer que sua dor é um exagero. Exagero é os espancamentos e as mortes continuarem e a polícia continuar vendo como um exagero. Qual tem que ser o tamanho da dor para que ela possa ser medida? A dor pode ser medida? Exagero é sentir dor. Exagero.. Exagero é o número de homossexuais mortos todos os dias no Brasil.

Anderson Veloso – estudante

Ato contra a homofobia será realizando nesta quinta

ato contra a homofobia

Está marcado para esta quinta-feira (05), ato contra a homofobia na região. O protesto inicia às 16h em frente a biblioteca da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). A manifestação foi impulsionada pelo recente caso de violência contra um jovem estudante de psicologia da instituição, em que ele foi espancado e violentado sexualmente pelo fato de ser homossexual.

O ato é organizado pelo Diretórios Acadêmicos de Ciências Biológicas e Psicologia da Univasf.

 

Homofobia: estudante de psicologia é agredido em Petrolina

homofobia

Boletim de ocorrência está sendo realizado na manhã desta segunda-feira

No último sábado (30), o estudante de psicologia da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), Anderson Veloso, foi vítima de agressão e abuso em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. A causa: homofobia. Em um relato através do Facebook, o jovem conta como ocorreu o fato.

De acordo com o relato, por volta das 18h30, ele foi agredido, espancado, enforcado com o cordão do próprio short e violado sexualmente. Os agressores teriam o capturado num carro preto. Após a agressão o rapaz recebeu o apoio de colegas de faculdade e está nesse momento realizando Boletim de Ocorrência.

Confira o relato completo:

“O dia 30 de abril de 2016 tinha tudo pra terminar de uma forma positiva, mas não foi isso que aconteceu. Mais uma vez, a violência e o ódio permearam as ruas da cidade de Petrolina, fato que tem acontecido bastante, levando em consideração as grandes tragédias que aconteceram aqui nos últimos tempos. Entretanto, dessa vez foi algo diferente. A vítima de todo esse obscuro e frio momento me fez parar pra refletir sobre diversas questões que antes não chegavam até a pele, até o verdadeiro sentir. Dessa vez, a vítima da agressão foi eu.

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