Ronaldo Silva apresenta projeto de lei em combate ao bullying e à obesidade em Petrolina

(Foto: Blog Waldiney Passos)

Nesta quinta-feira (23), o vereador Ronaldo Silva (PSDB) vai apresentar o Projeto de Lei nº. 037/2019, que prevê a instituição de política de combate ao bullying, obesidade e ao sobrepeso de adultos e crianças em Petrolina (PE).

Segundo o parlamentar, “a obesidade e o bullying já são considerados epidemia mundial independente de condições econômicas e sociais”. Além disso, ainda de acordo com Ronaldo, “o risco de mortalidade [devido à obesidade e à prática do bullying] vem aumentando consideravelmente”.

O Projeto de Lei prevê a criação da “Rede de Apoio pela Saúde”, que, dentre outras atribuições, disponibilizará informações relacionadas à obesidade, bem como ao combate ao bullying.

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Em Petrolina, jornalista usa relato pessoal para alertar sobre o bullying nas escolas

(Foto: Arquivo Pessoal/Calincka Crateús)

Na última sexta-feira (20) um garoto de 14 anos atirou contra estudantes no Colégio Goyazes, em Goiânia. Uma semana depois do crime, especialistas ainda buscam formas de lidar com o bullying nas escolas. Em Petrolina, o tema chamou atenção da jornalista Calincka Crateús.

Em 2016, durante a conclusão do curso de jornalismo Calincka Crateús escreveu um livro-reportagem autobiográfico sobre bullying. O livro “A menina dos olhos de canoa: relatos sobre bullying e superação”, ilustra a realidade e a superação da jornalista, que foi vítima de perseguição durante o período escolar.

Em sua pesquisa, Calincka percebeu que o processo é mais complexo do que apenas as “chacotas” e “brincadeirinhas” entre colegas. “Diante das pesquisas e entrevistas que colhi, percebi que o bullying em sua maioria acontece dentro da própria família e é alimentado na escola, tornado uma criança ou adolescente uma vítima ou agressor. É importante atentar-se ao fato de que o agressor também pode ser uma vítima: da sociedade, opressão familiar ou do próprio fato de que, o poder da intimidação o torna ‘melhor e mais forte’ que a vítima”, relata Calincka.

Para a jornalista, ficar atento aos sinais e ao comportamento das crianças é crucial para buscar uma solução para os atos de violência e crueldade. “As vítimas são pouco sociáveis, inseguras, possuem baixa autoestima, não possuem muitos amigos, em sua maioria não querem ser percebidos no ambiente escolar e tendem a se silenciar sobre as agressões que sofrem. Essa atitude pode dificultar o pedido de ajuda, fazendo com que o sofrimento e as perseguições se prolonguem”, alerta.

Na rede municipal de ensino de Petrolina, a temática é trabalhada na rede municipal, através de projetos e ações. Os estudantes ainda podem contar com uma equipe multidisciplinar com psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e pedagogos.

“Quando identificado pelo gestor uma situação, profissionais são acionados para auxiliar na questão. As ações de bullying nas escolas fazem parte de uma ação transversal durante todo o ano”, informou a assessoria de comunicação da Secretaria de Educação de Petrolina.

A menina dos olhos de canoa: relatos sobre bullying e superação

Apresentadora Fátima Bernardes e a youtuber Tia Má. (Foto: Arquivo Pessoal/Calincka Crateús)

Com a repercussão de seus relatos de superação, Calincka foi convidada a participar do programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da Rede Globo. Em seguida, foi convidada por diversas escolas para palestrar sobre a temática.

“As escolas estão mais atentas à necessidade de falar sobre o bullying, aqui na região há alguns projetos de prevenção dentro do campo escolar. Fui procurada por 10 escolas de Petrolina e Juazeiro para relatar e ajudar os educadores a entender o que é o bullying e criar ações preventivas.
Vale ressaltar que a escola não pode exercer sozinha o papel de conscientização.  É preciso que a família desenvolva o diálogo dentro de casa, com afeto e construir um elo solidificado de respeito com os filhos”, finaliza Calincka Crateus.

Outras informações sobre o trabalho da jornalista, poderão ser obtidas através do telefone: 87 99650 1581.

Participação da família e dos educadores é crucial no combate ao bullying, segundo especialistas

Para a pesquisadora da Unesp Luciene Tognetta, a falha está na educação na escola e dentro de casa. (Foto: Ilustração)

Na última sexta-feira (20), um adolescente de 14 anos realizou diversos disparos com arma de fogo contra colegas de escola deixando dois mortos e quatro feridos no Colégio Goyases, em Goiânia (GO). Ao que tudo indica, o bullying sofrido pelo jovem o teria motivado a realizar os disparos.

Bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder e que, geralmente deixa sequelas psicológicas na pessoa atingida.

Contudo, para o psicoterapeuta clínico de crianças, Jordan Campos, o bullying não foi a principal causa do atentado em Goiânia. “O motivo pelo qual o jovem assassinou seus colegas é um conjunto de fatores na formação de sua personalidade sob responsabilidade de seus pais. O gatilho que deu o start em seu plano de matar pode ter surgido da provocação de seus colegas, sim”, diz o especialista.

Ainda segundo Jordan Campos, a ação do atirador está ligada à sua formação de personalidade, filosofia de vida, exemplos e criação. A atitude do garoto poderia acontecer a qualquer momento.

“O garoto matou porque tinha na sua formação de personalidade uma espécie de autorização para fazer. A identidade deste jovem de 14 anos estava formada em um alicerce que permitia isso. Ele provavelmente iria fazer isso logo, logo…. Na escola, com o vizinho, na briga de trânsito ou com a namorada que terminasse com ele, e isso nada tem a ver com Bullying. A provocação foi apenas o motivo para ‘fazer o que já se era’”.

Em abril de 1999, Eric Harris e Dylan Klebold de 18 e 17 anos, foram responsáveis pela morte de 13 pessoas no Massacre de Columbine, que deixou outras 24 pessoas feridas, no Colorado, Estados Unidos. Em abril de 2011, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, atirou e matou 12 estudantes, deixando outros 13 feridos.

Os dois casos foram usados como inspiração para o adolescente de Goiânia, segundo a grande mídia. Para a pesquisadora da Unesp Luciene Tognetta, a falha está na educação na escola e dentro de casa.

“Nessa situação falharam os pais e falhou a escola. E quem vai pagar são as vítimas e o menino que fez os disparos, que também vai ter sua vida destruída. Alguém falhou com ele. Enquanto estivermos fazendo apenas campanhas de “Diga não ao bullying” e as políticas públicas não estiverem voltadas de fato para projetos sistematizados a partir de investigações e não de senso comum, continuaremos vendo casos assim”, alertou a especialista.

o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), foi instituido em novembro de 2015, por Dilma Rousseff, através da LEI Nº 13.185, que assegura praticas de prevenção e combate, através de campanhas de educação, conscientização e informação.

Entretanto para a especialista, Luciene Tognetta não há incentivo para pesquisar e nem para o combate, de forma incisiva no Brasil. “Não temos incentivos a políticas públicas sobre o tema, porque também não temos incentivo a pesquisas na área de ciências humanas no Brasil. É necessário deixar claro que, infelizmente, neste país, temos um atraso terrível em pensar questões de convivência na escola”, desabafa a pesquisadora.

A formação dos educadores e a atenção dos pais, são a curto prazo a solução para o combate ao bullying, tanto para quem prática, quanto para quem é vítima. “Os meninos que fazem bullying são crianças que têm comportamento agressivo, podem até ser ex-vítimas e, geralmente, têm pais que reforçam esse comportamento, porque acham legal que o filho comande a turma. Se a criança tem um temperamento forte, se quer fazer as brincadeiras somente do jeito dela, isso pode ser um indício”, alerta o psiquiatra infantil Fabio Barbirato.

“Ele atirava aleatoriamente”, diz testemunha de tiroteio em escola

(Foto: Internet)

Uma aluna do 7º ano que estava no Colégio Goyases, em Goiânia (GO), falou sobre o momento em que menino começou a atirar nos outros alunos. A garota, que estuda na sala ao lado de onde houve o tiroteio, contou que o atirador era muito reservado, embora tivesse um grupo pequeno de amigos.

Além disso, ele também seria vítima constante de bullying. “Ele era chamado de fedido; inclusive hoje um dos colegas dele trouxe um desodorante pra ele. Acredito que seja o menino que foi morto.”

A adolescente contou que era hora do intervalo quando o estudante do 9º ano começou a atirar. “Eu estava enchendo minha garranha de água quando ouvi os tiros. Corremos para a nossa sala onde caímos amontoados lá no fundo”.

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Curso de capacitação ajuda professores a enfrentar o bullying entre alunos

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Na segunda parte da capacitação, os professores compartilharam experiências e jogaram um game que simula as práticas do bullying./ Foto: assessoria

Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia), 60,2% dos estudantes no país afirmam ver ou sofrer ofensas em sala de aula. visando o combate de agressões dessa natureza, até esta sexta-feira (17), o Plenus Colégio e Curso, em Petrolina, realiza curso de capacitação para professores visando ao enfrentamento de um dos problemas que mais preocupam alunos, pais e educadores: o bullying.

O curso começou com uma palestra do professor do colegiado de Psicologia da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), Marcelo Ribeiro. O docente falou sobre os tipos de vítimas e agressores, os sintomas que surgem com as agressões e as consequências para a vida social, profissional e moral de quem sofre bullying.“Há uma comunicação entre o bullying e a violência praticada por uma pessoa adulta, mas isso não vem de episódios isolados”, salienta o acadêmico.

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