Gilmar Santos volta a criticar projeto da Escola Sem Partido: “É uma forma hipócrita de achar que as coisas vão acontecer”

Vereador criticou falta de discussão com estudantes e professores ao elaborar projeto (Foto: Blog Waldiney Passos)

A aprovação do Projeto de Lei instituindo a Escola Sem Partido em Petrolina gerou polêmica na Câmara de Vereadores de Petrolina no primeiro semestre desse ano. Na visão da oposição, a matéria impõe censura e não houve discussão ampla sobre o tema.

No programa Super Manhã com Waldiney Passos dessa sexta-feira (20), o vereador Gilmar Santos (PT) voltou a criticar a proposta do vereador Osinaldo Souza. Na visão do edil, a matéria é fruto da agressividade que existe hoje na sociedade brasileira.

Hoje nós temos na Câmara Municipal e em outros setores da sociedade, discursos muito agressivos contra a democracia. As escolas devem ser orientadas pela democracia, ou seja, você tem pessoas com credo, com orientação sexual e ideologias diversas e lamentavelmente, a partir de alguns grupos, as escolas não devem ser esse espaço de pluralidade e expressão de suas diversas formas”, disse.

LEIA MAIS

Câmara pode votar nesta quarta projeto da Escola sem Partido

(Foto: Arquivo)

A Câmara dos Deputados pode votar nesta quarta-feira (4) a proposta que cria o programa Escola sem Partido. O projeto altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para afastar a possibilidade de oferta de disciplinas com conteúdo de “gênero” ou “orientação sexual” em escolas de todo o país.

Pelo texto do relator, deputado Flavinho (PSC-SP), cada sala de aula terá um cartaz com seis deveres do professor, entre os quais está a proibição de usar sua posição para cooptar alunos para qualquer corrente política, ideológica ou partidária. Além disso, o professor não poderá incitar os alunos a participar de manifestações e deverá indicar as principais teorias sobre questões políticas, socioculturais e econômicas.

LEIA MAIS

Ronaldo Cancão rebate acusações de Gilmar e pede respeito aos vereadores

(Foto: Blog Waldiney Passos)

O clima esquentou na Câmara de Vereadores quando o vereador Ronaldo Cancão fez uso da Tribuna Livre na sessão de hoje (21). Ele se disse ofendido pelas críticas de Gilmar Santos (PT) durante a votação da terça-feira (19), quando o Projeto de Lei que cria a Escola Sem Partido foi aprovado.

Cancão impediu a chefe de gabinete de Gilmar de filmá-lo, mesmo fazendo uso da Tribuna Livre. A mesa diretora interviu na discussão foi favorável a Ronaldo. “Sou a favor das crianças, sou contra a imoralidade. Respeite os vereadores”, voltou a afirmar hoje.

Ele voltou a mostrar apoio à matéria de Osinaldo e rebateu qualquer crítica à postura dos edis em aprovarem a matéria. “O projeto entrou nessa casa no dia 14/04, que dia foi terça feira? 19 de junho, 65 dias tramitando na casa e ainda teve vereador que disse que tinha que ter Audiência Pública. Por que não fez antes? Peço respeito aos vereadores, aqui não tem corrupto”, destacou.

Projeto de lei que propõe a implantação do Programa Escola Sem Partido em Petrolina é aprovado pela Câmara de vereadores e causa protesto de professores

(Foto: Blog Waldiney Passos)

O projeto de Lei 067/18, de autoria do vereador governista Osinaldo Souza (PTB), propondo a implantação em Petrolina do Programa ‘Escola Sem Partido’ foi aprovado pela maioria dos vereadores durante a sessão desta terça-feira (19) e causou protesto de professores que estavam na plateia. 14 vereadores votaram a favor, 3 votaram contra (Gilmar Santos, Cristina Costa e Zenildo do Alto do Cocar) e a vereadora Maria Elena se absteve.

Aos gritos, os manifestante diziam que os vereadores não vão calar os professores. Segundo eles o projeto tira a liberdade dos professores de discutir política em sala de aula. “Nós só temos a lamentar. Essa visão estreita, essa visão de que escola não deve ser plural, de que a escola não deve trabalhar com o que já prevê a constituição, que é a pluralidade de ideia é lamentável que um vereador de Petrolina apresente e aprove um projeto desse”, disse a professora Socorro Lacerda.

Os vereadores Cristina Costa e Gilmar Santos, ambos do PT, que votaram contra o projeto também lamentaram a aprovação. “É um projeto de negação da educação, de negação da democracia. O projeto usa um argumento muito frágil de neutralidade, de que a escola tem que ser neutra, de que na escola o professor tem que ser imparcial, quando na verdade nós sabemos que a escola é plural, a escola é diversa, a escola é democrática. Não existe sociedade sem partidos”, argumentou o vereador e também professor Gilmar Santos.

Para o vereador Osinaldo Souza, o objetivo do projeto é evitar que o educador não sobreponha aos estudantes suas próprias concepções de cunho político-partidário, ideológico ou até religioso.

Diretor da UPE de Petrolina envia carta aberta que repudia o movimento ‘Escola sem Partido’

(Foto: Internet)

(Foto: Internet)

O Diretor da UPE Campus Petrolina, Moisés Almeida, enviou uma carta aberta repudiando as ações do movimento “Escola sem Partido”, que busca a inclusão de um cartaz na parede das salas de aula de todas as escolas do país, no qual estará os deveres dos professores, como, por exemplo: o professor não favorecerá, não prejudicará e não constrangerá os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas e o professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas, dentre outros.

Confira a íntegra da carta:

As professoras e os professores do PPGFPPI – Programa de Pós-graduação Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares e o CGA – Conselho de Gestão Acadêmica do Campus Petrolina, vimos por meio desta carta manifestar o nosso veemente repúdio ao movimento autointitulado Escola sem Partido e aos Projetos de Lei por ele patrocinados na Câmara de Deputados Federais (PL nº. 867/2015, 7180/2014, 7181/2014, 1411/2015, 1859/2015 e 2731/2015) e em várias Câmaras de Deputados Estaduais e Câmaras de Vereadores no Brasil. Ainda que o Ministério Público Federal brasileiro tenha declarado a Pl. 867/2015 inconstitucional (propunha-se a inclusão do programa Escola sem Partido entre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional) é nossa obrigação cidadã, enquanto educadoras e educadores, estarmos atentos a essas investidas de retrocesso nas políticas de educação do país.

LEIA MAIS