Médicos esclarecem dúvidas sobre microcefalia em Petrolina

Hospital Dom Malan 1

Nos últimos meses o estado de Pernambuco se destaca no número de casos de microcefalia. Só no Hospital Dom Malan/IMIP, situado em Petrolina (PE), já foram constatados seis casos: três em Petrolina (PE), um em Mirandiba (PE), um em Trindade (PE) e um em Campo Formoso (BA).

Microcefalia significa crânio pequeno e pode repercutir no desenvolvimento cerebral da criança. O diagnóstico pode ser ultrassonográfico, já na fase intrauterina, e também pode ocorrer no primeiro exame físico, seja na sala de parto ou na primeira consulta. O perímetro cefálico, ou seja, a circunferência da cabeça do bebê é medida, valores menores ou iguais a 32 centímetros, em recém-nascidos a termo, sugerem microcefalia.

A doença tem inúmeras causas. Desde causas genéticas, uso de substâncias nocivas durante a gravidez, alimentação materna inadequada, desnutrição materna, traumas e infecções congênitas. É necessário investigar a causa da anormalidade para traçar o plano terapêutico e evitar complicações passíveis de prevenção.

O ginecologista e obstetra do HDM, Marcelo Marques, explica que no pré-natal são realizadas ações de prevenção e diagnóstico da microcefalia. Na análise, os exames de ultrassonografia podem identificar a redução do perímetro cefálico fetal. “Então o tamanho da cabeça do bebê varia de acordo com a idade e crescimento, existem curvas que estabelecem o tamanho padrão para cada idade, quando está baixo desse padrão temos o diagnóstico da microcefalia”, afirma Marcelo Marques.

Os exames de rotina pré-natal devem ser realizados, especialmente as chamadas sorologias maternas (exames de sangue) na gestante que fazem parte da investigação das causas de microcefalia. Na ocorrência de exantema (manchas vermelhas pelo corpo), as sorologias de Dengue, Zika e Chikungunya devem ser colhidas de acordo com as orientações do protocolo publicado pela Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE). Além desses exames, que identificam as possíveis causas, os exames de ultrassonografia (USG) são fundamentais para se chegar ao diagnóstico.

Segundo o ginecologista, “idealmente, a gestante deve realizar pelo menos quatro exames de ultrassonografia durante a gravidez. Caso apresente exantema, o protocolo estabelecido pela SES-PE orienta que deve fazer exame de USG em torno de 32-35 semanas de gestação para avaliação dos parâmetros que identificam a microcefalia. Diante da evidência da microcefalia, esta deve ser notificada de acordo com formulário especifico disponível no site da SES-PE”, ressalta.

As causas da epidemia da microcefalia, ainda estão sendo investigadas. Como a principal hipótese e o Zika Vírus, recomenda-se tomar as mesmas ações de prevenção ao vetor da dengue, que é o mesmo. Então usar roupas que cubram membros, usar repelentes, não deixar água acumulada em casa são algumas medidas. A gestante assim que tiver o diagnóstico de gravidez deve procurar a unidade primária de saúde para início do pré-natal.

Por tudo isso, o papel do médico e da equipe que faz a assistência pré-natal é essencial. Fazendo os exames de rotina e USG, notificando os casos onde foi feito o diagnóstico e fazer o devido acompanhamento e referencialmente. “É importante que as gestantes tenham seu parto em unidades de saúde que permitam o prosseguimento da investigação ao nascimento, bem como seu acompanhamento por equipe interdisciplinar”, enfatiza Marcelo Marques.

A pediatra do HDM, Fernanda Patrícia Novaes, informa que a prevenção das causas infecciosas congênitas pode ser realizada mantendo o cartão de vacinas atualizado. “Evitar contato com portadores da Rubéola, Catapora e Herpes em atividade, assim como outras doenças infecciosas. O primeiro trimestre da gravidez é o que exige mais cuidado, devido à imaturidade do desenvolvimento do filho, na fase de embrião” disse a pediatra.

As sequelas da microcefalia estão relacionadas ao desenvolvimento neurológico, mental, psicológico e locomotor da criança. Esse comprometimento pode alterar a aprendizagem, a fala, a audição, a caminhada, a coordenação motora, entre outras sequelas relacionadas ao desenvolvimento do sistema nervoso central.

O Pediatra tem uma importante função no diagnóstico, prevenção das complicações e acompanhamento da criança o longo do seu crescimento e desenvolvimento, em parceria com a família e toda equipe multiprofissional, composta por Neurologia infantil, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Terapia ocupacional, Psicologia, entre outros profissionais, a depender das necessidades e desafios que forem surgindo ao longo da caminhada, finalizou Fernanda Novaes. (Asscom)