Moeda única para o Mercosul afetaria combate à inflação

Proposta discutida durante encontro de Fernando Haddad com embaixador da Argentina esbarra na criação de um banco central para definir uma política monetária para todos os países do bloco

criação de uma moeda única para os países que integram o Mercosul (Mercado Comum do Sul) voltou a ser debatida em Brasília depois que Fernando Haddad assumiu o Ministério da Fazenda. Vista com bons olhos por alguns países do bloco, a ideia é rechaçada por economistas.

Em reunião com o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, Haddad conversou sobre a adoção de uma moeda para facilitar as transações comerciais no bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. “Significa uma unidade para a integração e as trocas comerciais dentro do bloco”, disse Scioli após o encontro.

Ainda que a adoção da moeda única represente um fortalecimento das relações comerciais entre os países que fazem parte do Mercosul, a discussão traz muitos entraves e afigura-se distante da realidade. “O Mercosul tem muito mais desafios para se preocupar do que a criação de uma moeda única”, afirma Guilherme Gomes, consultor de comércio internacional da BMJ Associados.

Segundo os especialistas, o projeto implica a instalação de um banco central único para todos países do Mercosul, o que afetaria a política de combate à inflação e, consequentemente, resultaria em uma perda de atividade econômica no Brasil.

As avaliações levam em conta que os países que integram o bloco têm necessidades econômicas diferentes, que dificilmente seriam tratadas de maneira eficaz com uma única política monetária, principal ferramenta de controle dos preços.

“Além de você considerar as taxas de inflação muito diferentes, é necessário pensar como a definição de uma taxa de juros única controlada pelo banco central do Mercosul poderia afetar as defesas de inflações tão discrepantes entre os países do bloco”, avalia Gomes.

Em 2019, em visita à Argentina, o então presidente Jair Bolsonaro afirmou que a ideia idealizada por Paulo Guedes para a criação do “peso-real” seria o “primeiro passo para o sonho de uma moeda única no Mercosul”.

Para Angela Menezes, professora na área de finanças e métodos quantitativos da Universidade Mackenzie, o momento para a adoção da moeda única não é o ideal. Ela afirma que qualquer discussão a respeito teria o Brasil como a nação mais impactada, positiva ou negativamente. “O Brasil não tem ainda maturidade para ter um modelo de moeda única, como o euro”, avalia.

“O principal problema da criação de uma moeda única envolve a perda de soberania monetária e da agilidade para a tomada de decisões, o que atrasa o processo econômico individual dos países”, completa Angela.

Entre as distorções econômicas mais evidentes aparecem a atual inflação da Argentina, que beira os 100% em 12 meses e resultam em uma taxa básica de juros em 75% ao ano. No Brasil, o índice oficial de preços é de 5,9% no acumulado até novembro, enquanto a taxa Selic figura em 13,75% ao ano.

Gomes recorda que a Europa já apresenta vulnerabilidade após a instalação de uma moeda única na zona do euro e sofre com variações de preços. “Se você aumenta muito a taxa de juros, afeta as economias que têm a inflação baixa. Por outro lado, se você não elevar o suficiente, vai impedir o controle dos preços nos países com a inflação mais alta”, explica.

Apesar de criticar a adoção da moeda única nos moldes do euro, Angela diz ver com bons olhos o desenvolvimento de uma unidade monetária para a integração comercial. “Pode ser um modelo de amadurecimento das nossas relações comerciais. […] Se houver a manutenção das moedas, pode ser uma opção inicial interessante e vantajosa para todos os países”, avalia a professora.

A proposta abordada no encontro entre Haddad e Scioli, no entanto, não é novidade e aparece nas discussões entre os países desde a formação do bloco. Há alguns anos já foi, inclusive, abordado um projeto embrionário da criação de uma moeda única entre o Brasil e a Argentina.

Em 2019, em visita à Argentina, o então presidente Jair Bolsonaro afirmou que a ideia idealizada por Paulo Guedes para a criação do “peso-real” seria o “primeiro passo para o sonho de uma moeda única no Mercosul”.

Banco Central lança moedas comemorativas de 200 anos da independência

Desde que o Banco Central (BC) anunciou que lançaria moedas comemorativas dos 200 anos de Independência do Brasil, os colecionadores já estavam ansiosos para saber mais detalhes sobre a novidade, que foram mantidos em segredo até a divulgação das duas moedas nesta terça-feira (26).

A moeda de cuproníquel é a primeira com aplicação de cor do Brasil e conta com uma ilustração do quadro “Independência ou Morte” de Pedro Américo em uma das faces e na outra uma faixa colorida em verde e amarelo com a primeira estrofe do hino da Independência.

A moeda tem 30 mm de diâmetro e valor de face de R$ 2. A tiragem inicial é de 10 mil unidades, podendo chegar a 40 mil unidades. O valor de venda é de R$ 34. A moeda será vendida em uma cartela com elementos coloridos e detalhes técnicos.

Já a moeda de prata tem uma composição de imagens do quadro “Sessão do Conselho de Estado”, de Georgina de Albuquerque com uma litografia de Sebastien Sisson “D.Pedro I: Imperador”. A face de D. Pedro I aparece em primeiro plano e com o quadro de Georgina de Albuquerque ao fundo.

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(Foto: Arquivo)

No último sábado (26), os profissionais do Hospital Dom Malan/IMIP passaram por mais uma prova de ‘fogo’. A pequena Letícia Rodrigues de Lima, de 2 anos e 9 meses, chegou ao hospital precisando de ajuda. Ao brincar com objetos pequenos acabou engolindo uma moeda de 5 centavos.

A mãe de Letícia, Fernanda Lima Rodrigues de Souza  estava no trabalho, quando recebeu uma ligação da avó da menina dizendo que ela precisava de um documento para levar Letícia com urgência ao médico.

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