Ribeirinhos vão à Câmara de Vereadores de Sento Sé cobrar informações sobre mineração

(Foto: CPT Juazeiro)

“SOS rio São Francisco”, “Vida sim, morte não”, “Merecemos respeito”, “A Serra da Bicuda não pode ser destruída”. Essas são algumas das frases estampadas em muitos cartazes e faixas que estavam na Câmara de Vereadores de Sento Sé (BA), na manhã da última quinta-feira (25), durante a reunião dos edis. Cerca de 50 pessoas de comunidades tradicionais ribeirinhas e de fundo de pasto do município foram até o poder legislativo manifestar preocupação com a instalação da Colomi Iron Mineração LTDA e exigir que a população local tenha seus direitos respeitados.

A empresa, que pretende extrair minério de ferro na Serra da Bicuda, possui licenças para instalação e captação subterrânea de água, concedidas pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), no mês de agosto. Mas, comunidades tradicionais, próximas à Serra, e que serão atingidas caso a mineração seja implantada, afirmam que nunca foram comunicadas oficialmente pela empresa e desconhecem informações sobre o projeto, o que contraria a legislação nesses casos.

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Após 3 Km de cachoeira, Rio Salitre secou.

Quando se fala em resistência, pensa-se em luta e é assim que as comunidades no entorno do Rio Salitre, afluente do São Francisco, sobrevivem. O rio que nasce na localidade de Boca da Madeira, no município de Morro do Chapéu (BA), percorre cerca de 333 quilômetros até desaguar em Juazeiro, onde se torna perene por causa da instalação de adutoras, auxiliando quem tira dele a sua subsistência.

Na região de Juazeiro, o rio percorre o Projeto Salitre, que conta atualmente com 255 lotes agrícolas destinados a pequenos produtores rurais e 68 empresariais em uma área de 5.098 hectares onde 1,5 mil hectares correspondem a área irrigada cultivada.

Segundo os produtores, enquanto se espera por soluções permanentes para a gestão adequada na região há mais de 40 anos, já se registrou episódios de violência e prejuízos pela disputa da água.

De acordo com a agente de saúde Maria Angélica Lemos Soares, moradora da comunidade, a situação de quem vive na região é de preocupação.

“O Salitre já deixou de ser perene há alguns anos, e hoje vemos com grande preocupação a falta de conscientização de muitos que insistem em utilizar esse recurso sem os cuidados necessários. A região da cachoeira é um dos exemplos mais evidentes dos abusos. Aproximadamente 3 Km depois da queda d’água, o rio já não existe mais”, relata.

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