De acordo com diretor da SIHS, Sobradinho pode chegar ao volume morto em dezembro

(Foto: Internet)

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Caso não haja a medida de redução na vazão defluente, que é liberada para abastecimento, a barragem de Sobradinho, maior do Nordeste, pode atingir o volume morto no mês de dezembro deste ano. O cenário preocupante levou a Secretaria Estadual de Infraestrutura Hídrica e Saneamento (SIHS) a requerer à Agência Nacional de Águas (ANA) a medida.

A vazão da barragem de Sobradinho está em 800 m³ por segundo. O pedido feito pelo titular da pasta, Cássio Peixoto, é de que a atual defluência passe para o volume de 700 m³ por segundo. De acordo com Marcello Abreu, diretor de Segurança Hídrica da SIHS, somente esta medida pode evitar o volume morto.

“Avaliando a situação, chegou-se à conclusão de que 800 m³ estava muito alta. Se a redução não acontecer e as chuvas não vierem, o nível da barragem vai baixar, como está baixando. Logo na primeira quinzena de dezembro, deve chegar no volume morto, em 3%. Lá pelo dia 15, deve chegar ao volume morto. Reduzindo, a gente chega em dezembro com 4,5%”, disse Abreu em entrevista ao Bahia Notícias.

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Sobradinho pode chegar a zero até o final de 2016

Lago sobradinho

A represa é a maior da região Nordeste e tem sofrido com a falta de chuvas dos últimos anos. (Imagem de arquivo)

O ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, afirmou que o reservatório de Sobradinho, no norte da Bahia, deve chegar a zero do volume útil até o final de 2016. Assim, só restaria no reservatório o chamado volume morto. A represa é a maior da região Nordeste e tem sofrido com a falta de chuvas dos últimos anos.

Segundo o ministro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que monitora a situação dos reservatórios que atendem às hidrelétricas brasileiras, apontou que se o volume de chuvas de 2017 for o mesmo de 2016 e a vazão de água de Sobradinho for mantida, a represa pode chegar no final de 2017 com volume negativo em 15%, ou seja, abaixo do volume morto.

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Sobradinho pode chegar no volume morto

Lago sobradinho

Quase 40 anos depois de Sá & Guarabyra cantarem na música “Sobradinho” que “o sertão vai virar mar”, o sertão está voltando a ser sertão.

O lago baiano criado pela represa que inspirou a música está praticamente no volume morto, com cerca de 2% de seu volume útil, nos menores níveis de sua história.

Muitas das cidades cantadas na música que foram alagadas com a formação do lago –que é o maior das hidrelétricas do país (o triplo do tamanho da capital paulista)– estão com ruínas visíveis.

A previsão era que ele chegasse ao volume morto neste mês, mas uma chuva inesperada no norte de Minas Gerais e da Bahia fez o reservatório subir pela primeira vez no ano, saindo de 1% para 1,98% na quarta-feira (23).

José Airton, diretor de operações da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), diz não há segurança de que vá seguir enchendo.

Se Sobradinho chegar ao volume morto, as duas das seis turbinas da usina que ainda estão operando terão de ser desligadas. Serão 170 MWh que deixam de ser gerados para o sistema elétrico que terão de ser compensados com energia mais cara.

SEM REPRESA, O CAOS

Mesmo no volume morto, Sobradinho ainda reserva algo equivalente a quatro sistemas de abastecimento da Grande São Paulo cheios. Segundo Airton, é preciso administrar bem essa quantidade para evitar um colapso.

“O rio São Francisco tem comportamento pouco confiável. E isso só vai aumentar para o futuro”, diz Airton, lembrando que já mediu quantidades de água chegando a Sobradinho que eram equivalentes a 5% do que ele está vertendo atualmente.

“Se não tivesse represa, seria o caos.”

A seca, de fato, foi grave. Nos últimos dois anos chegou ao lago menos de metade da média dos últimos 80 anos, segundo dados da Chesf.

Mas há também problemas com o rio São Francisco, que fazem com que a média de água que chega venha caindo nos últimos anos, enquanto o uso da água do rio só cresce –inclusive a decisão da presidente Dilma, em 2012, de baratear o preço da energia, o que inviabilizou a produção das térmicas e pressionou a vazão dos reservatórios do São Francisco, secando rapidamente Sobradinho.

“O modelo de operação dos reservatórios da bacia está esgotado”, diz o presidente do Comitê de Bacia do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda.

REVITALIZAÇÃO

O TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou recentemente um relatório final mostrando que o programa de revitalização do rio São Francisco é um fracasso. Quando começou a fazer o projeto de transposição, o governo prometeu investir R$ 2,7 bilhões na revitalização do rio.

Em 2012 o TCU apontou que o dinheiro era gasto de forma dispersa, sem uma política efetiva para a melhora do rio, o que tornava o gasto ineficiente. Fez várias recomendações para que o governo melhorasse o uso dos recursos, que foram ignoradas.

“O governo junta uma série de ações e chama de revitalização só porque está na bacia. Nada contra construir escola e estrada, mas revitalização é outra coisa”, afirmou Miranda.

Sem revitalização, a situação do rio só se deteriorou ao longo dos anos, antes mesmo de iniciar a captação de água prevista para abastecer a transposição, que está atrasada em mais de cinco anos e agora é alvo de uma operação da Polícia Federal por suspeita de desvio de R$ 200 milhões nas obras.

O governo deverá decidir por uma nova redução da vazão da represa. A vazão mínima deveria ser de 1.300 metros cúbicos por segundo (m³/s) para garantir que até a foz haverá água suficiente para manter os ecossistemas do rio. Ela vem sendo reduzida nos últimos dois anos e está em 900 m³/s. Deve passar para 800 m³/s.

A redução deverá aumentar os conflitos já existentes. A quantidade menor é defendida por quem usa a água do lago, como os irrigadores da região de Petrolina (PE), que dependem disso para a produção agrícola.

Mas é combatida por quem está na parte à frente do rio, sob o argumento de que há risco de a água ficar mais poluída e criar algas que trazem bactérias, tornando-a imprópria para consumo humano

Volume útil de reserva do Sobradinho estabiliza em 1% com aumento de chuvas

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O reservatório de Sobradinho, no norte baiano, que atravessa uma das piores secas dos últimos 80 anos, estabilizou o volume útil em 1%. A previsão era de que neste mês de dezembro o reservatório chegasse ao “volume morto”. De acordo com o diretor de operação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), José Ailton de Lima, ao G1, a notícia ainda não garante estabilidade, mas distancia da reserva técnica.

O nível da água é o pior da história. O menor percentual do reservatório foi registrado em 2001, com 5,3%. O volume morto não foi atingido neste mês de dezembro, por conta das chuvas que caíram na Bacia do Rio São Francisco nos últimos dias. O período de chuva na região do reservatório deve durar até maio de 2016.

O lago de Sobradinho tem 34 bilhões de metros cúbicos de água. Deste total, 28 bilhões integram o volume útil, que é usado na produção de energia, no abastecimento das famílias e na manutenção das atividades de irrigação e pecuária. O restante é o chamado “volume morto”, utilizado apenas em momentos de emergência.

Com o início do período de chuvas, o reservatório começa a receber mais água do que distribui. A última medição foi realizada no domingo (6). Na data, o volume de água que chega ao reservatório era de 1,1 mil metros cúbicos por segundo. Já a saída de água do rio, que é fixa, é de 900 metros cúbicos por segundo.

A secretária do Comitê de Bacia do Lago de Sobradinho, Silvana Leite Nunes, as chuvas foram identificadas em cidades como Pilão Arcado, Barra e Remanso, banhados pelas águas do Rio São Francisco. Entretanto, na cidade de Sobradinho, o clima continua quente e seco. Se o reservatório chegar ao volume morto, a produção de energia fica inviabilizada, mas pode não representar uma crise energética, pois o nordeste ainda tem abastecimento de energia elétrica através de geração térmica, eólica e outras hidrelétricas. Com a liberação da reserva técnica, a captação de água das populações locais é garantido.