Aumento do volume útil da barragem de Sobradinho deve continuar, segundo Chesf

(Foto: André Schuler/Chesf)

Em um relatório, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) afirma que a barragem de Sobradinho (BA) deve manter o aumento no seu volume útil nos próximos dias.

Com o volume em 72,22% no último domingo (4), a previsão é que o nível chegue a 72,75% no final desta semana. A barragem deve continuar liberando 900 metros cúbicos por segundo.

Segundo a Chesf, os valores informados poderão sofrer alterações não programadas devido à necessidade operacional ou por razões naturais.

Após chuvas, nível da barragem de sobradinho ultrapassa 20% de sua capacidade

(Foto: Internet)

As últimas chuvas que têm caído ao longo do Rio São Francisco ajudaram a aumentar um pouco mais o nível do reservatório de Sobradinho (BA). De acordo com o Operador Nacional de Energia, a barragem chegou aos 20,42% de sua capacidade total. No final do ano passado o reservatório esteve com um volume útil de 2%.

Estão sendo liberados, atualmente, 630m³/s. O máximo que entra na barragem é 1800m³/s. No ano passado, a Agência Nacional de Águas autorizou a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) a diminuir a vazão para 550m³/s devido à estiagem que assolava a região.

Com a previsão de novas chuvas, a expectativa é que o reservatório aumente ainda mais o seu volume.

Maior açude do Ceará, Castanhão chega a menor volume de sua história

O Castanhão contribuía com 70% da água consumida na Grande Fortaleza. (Foto: Arquivo)

Maior açude público de usos múltiplos do Brasil, o Castanhão, no Ceará, chegou esta semana ao volume mais baixo de toda a sua história. Atualmente, o reservatório mantém 4,46% de toda a sua capacidade de 6,7 bilhões de metros cúbicos (m³). Uma marca semelhante a essa só havia sido atingida em 2004, quando era recém-inaugurado e estava pegando os primeiros aportes de água.

Pelos cálculos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do estado (Cogerh), essa quantidade de água deve ser suficiente para manter os usos do açude, que já estão reduzidos, até por volta de janeiro de 2018.

Após essa data a situação será reavaliada considerando os prognósticos do período chuvoso do Ceará, que começa em fevereiro e se estende até maio. O volume total disponível atualmente é de 298,5 milhões de m³. Desses, 75 milhões de m³ correspondem ao chamado volume morto.

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Lago sobradinho

As fortes chuvas que caíram no Vale do São Francisco em janeiro deste ano animaram as/os ribeirinhos. O Lago de Sobradinho, que no mês de novembro de 2015 quase chegou ao seu volume morto, agora já ultrapassa 26% do seu volume útil, segundo Boletim da ANA – Agência Nacional de Águas. Isso se deve à elevada vazão de afluência de 5,5 mil m3/s, 14% superior à média histórica do período 1931-2014 e 295% superior à média dos últimos dois anos para o mês de fevereiro.

Porém, é preciso atentar que este dado não representa segurança no tocante aos diversos usos da água do São Francisco, se considerar que a vazão de defluência do lago é regulada conforme os interesses dos grandes empreendedores, de modo que em meados de 2014 o volume do lago foi reduzido num ritmo de 6% ao mês e em 2015 em 1,5% ao mês, chegando ao final do ano com menos de 2% do volume útil. Isto significa que ao final deste ano o cenário do ano anterior pode se repetir.

Esta preocupação parte da análise de que a recuperação do volume do lago, período em que a afluência supera a defluência, ocorre apenas em cerca de quatro meses por ano e têm sido raros os anos em que se ultrapassou os 60% do volume útil. Desse modo é provável que a recarga esteja reduzida a partir de março, ao passo que a defluência continua significativa, podendo ocorrer nova crise a depender do regime de chuva do próximo ano.

Causas

As secas, fenômenos naturais e previsíveis, não são as maiores responsáveis pela crise hídrica fortemente percebida no ano passado, segundo afirmam diversas organizações que assinaram carta política durante a “Semana da Água” em 2015. A diminuição da disponibilidade hídrica em algumas regiões do país conta com diversas outras causas, dentre elas a elevada supressão vegetal de alguns biomas como a Amazônia brasileira, o Cerrado e a Caatinga que já contam com, respectivamente, 18%, 50% e 48% desmatados. Soma-se a isso o uso descontrolado da água no Brasil, pela indústria (média de 22%) e pelo agronegócio (média de 72%).

A vazão de consumo dos diferentes usos consultivos na Bacia do Rio São Francisco, segundo a ANA, é da ordem 216 m3/s, com uma demanda que cresce mais de 5% ao ano. No Submédio São Francisco a grande irrigação chega a consumir 95,2% de toda água retirada do rio, conforme mostra o quadro abaixo, além de causar graves contaminações por agrotóxicos que se soma aos esgotos sem tratamento lançados na calha do rio nas cidades ribeirinhas, comprometendo a qualidade da água e o equilíbrio dos organismos aquáticos.

Região da Bacia SF

Vazão de consumo (%)

Urbano

Rural

Irrigação

Animal

Industrial

Total

Alto

12,8

0,9

67,1

7,5

11,7

100,0

Médio

1,0

0,7

94,4

3,7

0,2

100,0

Submédio

1,5

1,0

95,2

2,0

0,3

100,0

Baixo

2,2

1,6

92,7

3,1

0,4

100,0

*Média geral

4,4

1,0

87,3

4,1

3,1

100,0

Fonte: ANA (2013, 2015).