Alepe: Audiência pública debate expansão da UPE para Agreste Setentrional

A implantação de uma universidade pública no Agreste Setentrional voltou a ser tema de audiência pública na Alepe. Nesta terça (8), as Comissões de Educação e de Ciência e Tecnologia promoveram um encontro virtual sobre o assunto, proposto pelo deputado Professor Paulo Dutra (PSB) e pela deputada Teresa Leitão (PT). Os parlamentares atenderam à solicitação de um grupo formado por gestores públicos, empresários e educadores com a intenção de lutar pela expansão da Universidade de Pernambuco (UPE) para um município-polo da região.

Em 2019, a Alepe realizou uma primeira discussão sobre a carência de faculdades públicas com ensino presencial na área, que reúne 19 cidades. Cerca de mil universitários deslocam-se diariamente para frequentar aulas em instituições públicas de localidades vizinhas, informou o presidente da Comissão Pró-Universidade do Agreste Setentrional, Antônio Barros. “A universidade é essencial para transformar a sociedade e impulsionar o desenvolvimento regional”, salientou. Ele destacou a importância do apoio dos deputados estaduais e federais ao pleito.

Professora e vice-presidente do grupo, Horasa Andrade relatou que a região possui municípios economicamente relevantes nos setores moveleiro, de confecção e agrícola, como Santa Cruz do Capibaribe, Surubim e Limoeiro. Contudo, os jovens não conseguem se habilitar para ocupar as vagas mais especializadas. “Os cursos superiores públicos mais próximos estão a cem quilômetros de distância, o que, com o tempo, pode levar ao cansaço e ao desestímulo dos alunos”, frisou.

Para o representante da UPE no Diretório Central dos Estudantes (DCE-UPE), Hélio Monteiro, a instituição é uma das melhores de Ensino Superior do País e precisa ser fortalecida. “A expansão do campus é necessária, mas o investimento na melhoria da qualidade do ensino também deve ser prioridade”, pontuou. O universitário reclamou que os alunos estão sem acesso ao orçamento desde 2012, e pediu transparência em relação a esses dados. Também cobrou investimentos em equipamentos e laboratórios, bem como em espaços de convivência e assistência estudantil.

“A UPE nasceu interiorizada”, afirmou o reitor, Pedro Henrique Falcão. Ao se tornar universidade, há 30 anos, um dos objetivos era levar a instituição a todas as cidades-polo do Estado. Atualmente, a UPE está em quase todas as regiões e deverá chegar ao Agreste Setentrional e ao Sertão do Araripe assim que o orçamento permitir, disse o gestor. “Não adianta implantar uma unidade se não tivermos como arcar com os custos de manutenção, que é o mais importante”, salientou. “Vale ressaltar que estamos sempre buscando melhorar a qualidade do ensino. As emendas parlamentares têm contribuído para essa evolução.”

O secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Lucas Ramos, reconheceu a importância de expandir a UPE, mas observou que, além de limitações financeiras, o Governo está com restrições para contratação de pessoal em razão da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Entretanto, ele assinalou que, mesmo com as dificuldades atuais, a instituição foi beneficiada com ações no complexo hospitalar da universidade, como a Casa de Parto no Centro de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), a aquisição de um tomógrafo e a conclusão do anexo do Procape. “Levar a UPE ao Agreste Setentrional e ao Araripe está na pauta do Governo do Estado. Mas isso só será possível quando houver lastro financeiro para custear as unidades”, admitiu.

Os parlamentares presentes à reunião também defenderam a expansão do campus da entidade. “É uma demanda antiga que apoiamos. Precisamos descobrir os caminhos para essa conquista”, expressou Teresa Leitão. “Nos últimos anos, nosso Estado tem colocado a educação em primeiro lugar. Acredito que a implantação dessa nova faculdade vai se tornar realidade em breve”, comentou Paulo Dutra. “A iniciativa é um indicativo de progresso para Pernambuco”, opinou William Brigido (REP). “Estamos sempre à disposição para colaborar com a UPE. É preciso estudar uma forma de a instituição chegar lá o quanto antes”, avaliou Diogo Moraes (PSB).

Representante do Araripe, outra região ainda sem universidade pública, Antonio Fernando (PSC) considera que a reivindicação é justa: “Investir em educação e tecnologia sempre deve ser prioridade”. Para a codeputada Joelma Karla, do mandato coletivo Juntas (PSOL), o Agreste Setentrional é economicamente forte, sendo “mais que necessária” uma instituição do tipo. O presidente da Comissão de Educação, deputado Romário Dias (PSD), que conduziu a audiência, analisou que a dificuldade de manutenção é o grande problema a ser enfrentado. “É nessa hora que os recursos do Governo Federal fazem mais falta.”

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