Após derrocada nas eleições, PT avalia desistir de candidatura em 2018

A derrocada nas eleições municipais e a pressão da Operação Lava-Jato sobre Luiz Inácio Lula da Silva, a principal estrela do partido, pode levar o PT a uma escolha considerada inimaginável: abrir mão de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2018 e apoiar o nome de Ciro Gomes, hoje filiado ao PDT.

Se isso ocorrer, será a primeira vez, desde 1989, que o principal partido de esquerda do país não terá a cabeça de chapa na disputa presidencial. As conversas ainda não chegaram à cúpula partidária, mas começam a correr nas instâncias mais básicas do partido e em outras legendas que disputarão a Presidência com o PT.

Um grande empecilho para o início oficial do debate é que o próprio Lula ainda não autorizou esse caminho. Réu em dois processos da Lava-Jato, os petistas acreditam que o ex-presidente não será preso. Mas isso não significa que ele poderá ser candidato. A avaliação interna é de que ele será condenado pela Justiça Federal, o que o enquadraria na Lei da Ficha Limpa, tornando-o inelegível.

O medo do PT é tomar uma decisão de maneira tão antecipada. “Ciro vai se viabilizar realmente como candidato? Ele já demonstrou em outros momentos disposição para a tarefa, mas acabou sucumbindo às próprias palavras”, afirmou, temeroso, um interlocutor petista.

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, está de braços abertos à espera dos petistas. “Não houve uma conversa formal neste sentido, apenas expectativas. Mas posso dizer que seria um caminho natural”, destacou Lupi. “Ciro tem bom trânsito na esquerda, um recall interessante perante o eleitorado e, o mais importante, não tem máculas em sua trajetória”, completou o pedetista.

O grande dilema é saber se, de fato, o PT está maduro para uma decisão como essa. A legenda tem uma tradição hegemônica, embora enfrente o pior momento de sua história recente. Lula tem o Ministério Público e a Polícia Federal em seu encalço, a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada por acusação de crime de responsabilidade. O discurso sindical do partido, diante dos tempos modernos, tornou-se obsoleto. E o eleitorado parece pouco disposto a ouvir o que a legenda tem a dizer.

Fonte Diário de Pernambuco

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