Cerveró revelou propina para eleição de Jaques Wagner em 2006

JaquesWagner-MarceloCamargo-AgenciaBrasil-21mai2015-1024x682

Documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT/MS), ex-líder do governo no Senado, atribui ao ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró a revelação de que o ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma, Jaques Wagner (PT), recebeu “um grande aporte de recursos” para sua campanha ao governo da Bahia em 2006.

De acordo com Cerveró, o dinheiro teria sido desviado da Petrobras e “dirigido” pelo então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. Wagner foi eleito governador baiano naquele ano e reeleito em 2010. Em outubro de 2015, assumiu a chefia da Casa Civil de Dilma, deixando o Ministério da Defesa.

O documento é um resumo das informações que Cerveró prestou à Procuradoria-Geral da República antes de fechar seu acordo de delação premiada. Segundo o jornal Valor Econômico, os papéis foram apreendidos no dia 25 de novembro, quando Delcídio foi preso sob acusação de tramar contra a Operação Lava Jato. O senador, que continua detido em Brasília, temia a delação de Cerveró.

Os investigadores querem saber como o petista teve acesso ao conteúdo da colaboração do ex-diretor da Petrobras. Em sua delação, Cerveró falou de Delcídio e também do ministro da Casa Civil.

“Na campanha para o governo do Estado da Bahia, em 2006, houve um grande aporte de recursos para o candidato do PT, Jaques Wagner, dirigida por Gabrielli. Nessa época, o presidente Gabrielli decidiu realocar a parte operacional da parte financeira para Salvador, sem haver nenhuma justificativa, pois havia espaço para referida área no Rio de Janeiro”, informou o ex-diretor. “Para tanto, foi construído um grande prédio em Salvador, onde atualmente é o setor financeiro da Petrobras.”

Ouvido pela reportagem, o ex-presidente da Petrobras afirmou categoricamente. “Nunca soube de utilização de recursos ilegais dos fornecedores da Petrobras para a campanha do governador Jaques Wagner em 2006 ou em 2010.”

Cerveró relatou como teve conhecimento da questão. Segundo ele, “tal fato era de conhecimento notório de todos os diretores da Petrobras”. O ex-diretor disse que não sabe qual foi a empreiteira que construiu o prédio da estatal, “sendo que muito provavelmente foi essa construtora que fez a doação para a campanha de Jaques Wagner”.

“As informações sobre o dinheiro enviado para a campanha de Jaques Wagner em 2006 foram da Ouvidoria Geral Maria Augusta (falecida) e de Armando Tripodi, que foi chefe de gabinete de Gabrielli e do qual me tornei amigo”. Maria Augusta Carneiro Ribeiro morreu em 2009 após um acidente de carro no Rio.

As assessorias de Jaques Wagner e da Petrobras ainda não retornaram ao contato da reportagem para comentar o caso.

Em nota, Gabrielli se defendeu. “Repudio, mais uma vez, o método utilizado para obtenção e o conteúdo das acusações levantadas através de vazamentos seletivos de delações premiadas. Em primeiro lugar, o trecho citado no vazamento da delação, de posse do jornal e sem que eu tenha tido acesso a ela, fala de pessoas já falecidas”, afirmou.

Gabrielli diz, ainda, que “não há uma acusação explícita, até pelo próprio delator, segundo a parte do material a que o jornal se refere, sobre minha participação direta nos pretensos fatos delatados”. Ela afirma que “nunca soube de utilização de recursos ilegais dos fornecedores da Petrobras para a campanha do governador Jaques Wagner em 2006 ou em 2010″. (Do Estadão Conteúdo)

‘Cadê o resto?’ cobravam os deputados por mais propinas, diz delator

Chage petrolão

O entregador de propinas Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, disse que era cobrado pelos deputados destinatários de valores ilícitos do esquema Lava Jato. “Cadê o resto?”, perguntavam os parlamentares ao receberem sacolas de dinheiro vivo, segundo o Termo de Colaboração número 5 de Ceará perante a Procuradoria-Geral da República.

Ele afirmou que em 2010 fez entregas de dinheiro vivo em um apartamento funcional na Quadra 311 Sul, em Brasília, onde se encontravam os deputados Mário Negromonte (PP/BA), João Pizzolatti (PP/SC), Pedro Corrêa (PP/PE) e outros dos quais disse não lembrar o nome.

“Não sabia exatamente quem morava nesse apartamento, sabendo apenas que, nas oportunidades em que compareceu ao local para entregar dinheiro, estavam presentes os deputados federais João Pizzolatti (PP/SC), Mário Negromonte (PP/BA), Pedro Corrêa (PP/PE), além de outros deputados dos quais o depoente não se recorda”, relatou Ceará em delação premiada. Numa dessas entregas estava no apartamento do deputado Nelson Meurer (PP/PR).

O delator fez 19 depoimentos entre os dias 29 de junho e 2 de julho de 2015. Tudo o que ele disse faz parte dos autos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, instância competente para investigar políticos com foro privilegiado, deputados e senadores.

Os políticos citados na delação de Carlos Alexandre de Souza, o Ceará, negam recebimento de propinas no esquema desmontado na Operação Lava Jato. (Fonte: Diário do Nordeste)

121314