Covid: o trabalho dos profissionais da saúde no interior em mais de um ano de pandemia

Foto: Go Nakamura/Getty Images/AFP

No dia 26 de fevereiro de 2020 o Brasil registrava o primeiro caso de covid-19. Um ano depois, o cenário se agravou e hoje, diversos estados veem a saúde pública e particular entrando em colapso. São mais de 365 dias de uma guerra contra o inimigo, que é invisível. Na linha de frente estão eles, os profissionais da saúde.

O cansaço é inevitável, afinal, completa-se um ano da guerra sem uma perspectiva positiva no horizonte. A vacina, que trouxe um alento, está longe de alcançar a grande massa. Em meio ao cansaço por conta das medidas restritivas está também a exaustão de quem luta diariamente contra a doença.

Agora, imagine travar essa luta em uma cidade pequena. Essa é a rotina de Mateus Pontes, fisioterapeuta de Bodocó, no Sertão de Pernambuco. Atualmente ele está na coordenação de Vigilância em Saúde do município. “Todo plano de contingenciamento e ações de enfrentamento e controle da pandemia passa por nossa equipe e também atuou na rede particular como fisioterapeuta. Tenho pacientes que sofrearam muito nesse período“, conta ao Blog.

Desrespeito as medidas impostas

Como coordenador da Vigilância em Saúde a responsabilidade triplica, afinal todas as ações da cidade são pensadas pelo grupo. “As maiores dificuldades realmente estão no suporte para os pacientes positivados, pois nossas cidades do interior não tem suporte necessário, ficamos sempre na expectativa de leitos em outros hospitais“, destaca.

Matheus também presta serviço na rede particular como fisioterapeuta. E desde o ano passado têm percebido mudanças no comportamento dos pacientes. “Trabalho com tratamento da dor e o índice nesse último ano foi alto, pois o isolamento afeta diretamente a parte psicológica dos pacientes, aumentando os níveis de ansiedade e estresse, que leva ao aparecimento da dor osteomuscular”, explica.

Leitos de covid em Bodocó

100% de ocupação e novas restrições

Para entender o tamanho do obstáculo, no final de semana passado Bodocó atingiu 100% de ocupação na Ala Covid e um paciente precisou permanecer na fila de espera, já que a Região do Araripe também está sobrecarregada.

Vendo a situação se agravar, o trabalho da Coordenação tem se intensificado. “A gente está focando muito no plano de contingenciamento devido à não educação do povo. Aqui no interior é complicado, têm muitas festinhas em chácaras e isso acaba proliferando um pouco mais o vírus“, comenta. Entre janeiro e fevereiro um decreto impôs limitações no consumo de bebida, trazendo resultados positivos ao município.

Boas ações no tratamento

Diante da ocupação máxima na rede pública, a Prefeitura novamente limitou a comercialização de bebidas de 15 a 21 de março. Além da prevenção, o trabalho também tem se diferenciado no tratamento dos doentes. “A gente fez ações no hospital municipal, temos ventiladores mecânicos e a gente contratou um fisioterapeuta para a Ala Covid para dar suporte aos pacientes internados. Poucas cidades têm um profissional desse“, afirmou.

O resultado está nos números da cidade. Desde março de 2020 são 1.420 infectados, dos quais 1.368 estão recuperados. 20 óbitos foram confirmados e atualmente 32 pessoas estão em recuperação.

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