Diretora da Vigilância Epidemiológica da Bahia diz que comércio não é grande vilão de alta da Covid-19 

Aglomeração durante a campanha eleitoral na Bahia.

Em entrevista a uma rádio de Salvador, a diretora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, Márcia São Pedro, disse que o comércio não é o grande vilão da nova alta na quantidade de casos de Covid-19 na Bahia, e, sim, o comportamento da população.

“O comércio hoje é o nosso grande problema? Não, pois o comércio tem respeitado as regras [de prevenção ao vírus]. O grande problema é o comportamento. Quando as pessoas saem em grupo, quando não respeitam a etiqueta de higiene, quando está aglomerando, fazendo festas que não podem ser feitas”, afirmou Márcia.

De acordo com ela, a Bahia não estaria necessariamente numa segunda onda da pandemia, pois nunca saiu da primeira. “Para que haja uma segunda onda, é necessário haver queda de acima de 60% na quantidade de casos, que a gente mantenha esse número de casos reduzido em mais de 60% por mais de oito semanas e que volte a ter um novo pico, um pico superior ao valor da primeira semana epidemiológica da onda de quando a gente começou [a pandemia]”, explica.

Para a diretora da Vigilância Epidemiológica, o período de campanha eleitoral é considerado como principal fator para o recrudescimento da pandemia. A alta de casos coincide com as cenas de aglomerações promovidas por eventos de candidatos ao primeiro turno das eleições municipais.

“Quando a gente para para observar a semana epidemiológica 44, que vai dos dias 25/10 a 31/10, e a gente compara com a semana epidemiológica 47, que vai de 15/11 a 21/11, é um período em que a gente pegou as campanhas pré-eleitorais e as eleições. Nesse período, houve aglomerações, os comícios, as festas. Isso hoje está se refletindo”, destaca. Neste período, informa Márcia, houve aumento de 118% na quantidade de casos confirmados, ou seja, 8.616 pessoas testaram positivo para coronavírus.

Ela alertou que este novo momento pode ser mais grave que o primeiro e chamou atenção para a mudança no perfil de infectados. No início da pandemia, os mais afetados eram os idosos. Agora, há aumento na quantidade de jovens contaminados, aumentando o risco de que essas pessoas levem o vírus para dentro de casa.

“A gente tem uma população mais jovem, na faixa etária abaixo dos 20 anos, sendo afetada. Ao contrário dos idosos, que ficam mais em casa, esses jovens transitam por todas as áreas, vivem em grupos e, consequentemente, vão gerar mais transmissões para outras pessoas.”

Márcia São Pedro pediu que as pessoas mudem de comportamento e nas festas de natal e réveillon evitem até mesmo as festas em família para que não aconteçam aglomerações. A diretora da Vigilância Epidemiológica lembrou que o vírus pode circular até mesmo entre uma pequena quantidade de pessoas.

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