Estudante que pedia esmola em Pernambuco vai estudar medicina no Canadá

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Denis vive hoje com cinco familiares em uma pequena casa. (Foto: Internet)

Aos 17 anos, Denis José da Silva tem uma história marcada por superar desafios. O primeiro deles foi sobreviver à infância, quando a família vivia nas ruas de Demarcação, zona rural de Amaraji. Denis venceu esse desafio e, no 2º ano do ensino médio, deu um salto largo para o futuro: foi selecionado para estudar medicina na Universidade de Manitoba, no Canadá. Mas para chegar lá ele precisa vencer o desafio que sempre o perseguiu: a falta de dinheiro. Por isso, ele fez uma vaquinha online

Denis vive hoje com cinco familiares em uma pequena casa. Aos 75 anos, o pai é aposentado e recebe salário mínimo (R$ 880 atualmente). A mãe, de 50 anos, recebe Bolsa Família e raras vezes faz bico de faxineira. É com essa renda que a família consegue, hoje, pagar um aluguel. “Mas muitas é preciso pedir para não passar fome”, diz o jovem.

Para chegar ao Canadá, Denis pretende arrecadar R$ 8 mil. O prazo final para dar o “ok” e garantir a vaga é setembro. Na corrida contra o tempo, começou uma campanha na cidade de Ribeirão, e já  conseguiu arrecadar quase R$ 19.000.

“O dinheiro servirá para pagar as passagens, comida durante a viagem, transporte e, se sobrar, alguma roupa de frio. Ainda tenho algumas que comprei quando tava no Canadá e que ganhei de presente das pessoas que ficaram comigo lá. Também recebi doações de roupa aqui”, disse.

Denis tem 11 irmãos, sendo três somente por parte de pai e oito filhos dos pais. Ele mora numa casa de apenas um quarto com três dos irmãos. Sem um quarto para ele, dorme no sofá. Dois de seus irmãos dormem em colchões no chão. O único que tem direito a cama é o irmão mais novo, de 7 anos, que divide a cama com os pais.

“A gente já viveu debaixo de ponte, em quadras abandonadas. Hoje vivemos de aluguel, mas a situação da casa, dos móveis, não é boa, mas é melhor que a rua”, lembra.

O sonho de estudar fora do país começou a ser realizado no ano passado, quando foi selecionado no programa de intercâmbio Ganhe o Mundo, do governo de Pernambuco. Ele foi o único da escola e passou cinco meses (entre setembro de 2015 e início de fevereiro de 2016) na cidade de Killarney, no Canadá, para estudar inglês. As despesas foram custeadas pela Secretaria de Educação do Estado. Foi no país que ele se candidatou a uma vaga na universidade.

“Em janeiro, teve uma feira de universidades na escola. Os estudantes podiam se inscrever em duas, e eu me inscrevi na Brandon University e na Manitoba University. Entrei no site e apliquei o teste online. Daí eles me mandaram um e-mail pedindo boletim, carta de recomendação, etc. Eu passei tudo e, logo depois, eles me mandaram o e-mail de aprovação”, conta o jovem.

Além do curso, ele terá direito a dormitório e alimentação no refeitório da instituição. Para se manter lá, porém, ele pretende trabalhar. “Minha host grandmother [que é a tutora do estudante durante o intercâmbio] é dona de um hotel e um restaurante próximos à universidade. Já falei com ela e posso trabalhar aos fins de semana, basta conseguir um visto de estudo/trabalho”, explicou.

Fonte UOL

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