Jovem é morto pela Polícia Civil do Maranhão por postar foto exaltando Lázaro Barbosa; Ele tinha deficiência intelectual 

Hamilton Bandeira tinha 23 anos foi morto pela Polícia Civil em Presidente Dutra, interior do Maranhão, por postar imagem no Instagram supostamente exaltando Lázaro Barbosa, criminoso procurado há 12 dias em Goiás por cinco homicídios.  Segundo informações da página Ponte Jornalismo, o jovem foi assassinado, no início da tarde da última quinta-feira (17), com três tiros disparados por policiais civis no povoado de Calumbi, perto de Presidente Dutra, no interior do Maranhão, distante cerca de 350 km da capital São Luís.

Hamilton tinha deficiência intelectual

Hamilton tinha deficiência intelectual e tomava remédios controlados. Ele passou a ser alvo da polícia de Presidente Dutra depois de postar uma imagem na rede social Instagram na qual estava escrito: “Eu sou teu ídolo, Lázaro. Boa sorte, Lázaro (sic)”. Lázaro Barbosa, 32 anos, é procurado pela polícia em Goiás há 12 dias sob suspeita ter matador ao menos cinco pessoas _um caseiro, em 5 de junho; um casal e os dois filhos, no dia 12. Os crimes foram em Cocalzinho de Goiás.

“Ele tinha 23 anos, mas tinha mentalidade de um rapaz de 12 anos porque tinha um distúrbio mental. Ele nunca matou, nunca roubou, nunca estuprou, apenas postava essas coisas porque ele tinha problemas mentais, tenho laudos que provam isso”, disse Ana Maria, atendente em uma loja de conveniência em um posto de combustíveis.

Hamilton vivia com o avô de 99 anos 

Ana Maria conta que, na manhã da morte do filho, ela estava trabalhando e Hamilton, que vivia com o avô, estava arrumando a casa e fazendo o almoço para o idoso. “Eu não estava no local, fiquei sabendo por uma ligação da minha vizinha. Por volta das 10h, ele [Hamilton] ficou jogando bola com crianças na casa de um vizinho. Às 11h, ele foi para casa tomar banho, limpou a casa, lavou a louça, almoçou e deu almoço para o avô, para quem disse iria descansar”.

Instantes depois, o avô de Hamilton foi surpreendido com a chegada de três policiais, contou Ana Maria. “Meu filho entrou no quarto e deitou na cama. Quando o avô dele sentou para comer, os policiais chegaram e perguntaram se tinha mais alguém na casa. Foi quando o avô levantou da cadeira e falou: ‘estou só eu e o meu neto’. Nesse momento, Hamilton se levantou da cama, abriu a cortina [o quarto não tem porta] e, sem poder dizer nada, tomou três tiros seguidos, sem ele poder nem se defender”.

“Jogaram na viatura como se fosse um animal”

No segundo tiro, Hamilton caiu e falou para o avô [a quem chamava de pai]: “Pai, está doendo demais!”. “Os policiais pegaram ele pelas pernas e pelos braços e o jogaram na viatura como se fosse um animal. Ele até machucou o rosto porque bateu nos ferros da viatura. Levaram imediatamente para o Socorrão [Hospital Regional de Urgência e Emergência de Presidente Dutra], mas ele já chegou lá sem vida”, contou Ana Maria.

Assim que soube da morte do filho, Ana foi ao hospital e, depois foi à delegacia da Polícia Civil do Maranhão em Presidente Dutra, onde tentou registrar um boletim de ocorrência com a versão dos familiares sobre o que se passou dentro de sua casa, mas o delegado César Ferro, segundo a mãe, se negou a registrar o documento.

O delegado se recusou a fazer o Boletim de ocorrência da Mãe de Hamilton

O delegado disse apenas que Hamilton havia sido “pego em flagrante”. “O delegado se recusou a fazer o BO. Disse que o Hamilton foi para cima dos policiais com uma faca. Só que como é que uma pessoa vai para cima de três policiais com uma faca? Quando eu perguntei se ele sabia que o meu filho tomava remédios para os problemas mentais, o delegado ficou quieto”.

Segundo Ana Maria, o delegado não mostrou a suposta arma branca à família e nem disponibilizou nenhum mandado de prisão ou de busca e apreensão que justificasse a ida dos policiais civis até a casa da família. Além disso, o corpo de Hamilton logo foi retirado da casa e nenhuma perícia foi feita, de acordo com a mãe do rapaz. “Não mandaram ninguém fazer a perícia, mandaram outros policiais retirarem as cápsulas das armas. Eles não me deram a declaração de óbito”.

Outro lado

A Ponte Jornalismo procurou a Polícia Civil, por meio da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, mas não recebeu respostas sobre a morte de Hamilton.

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