Leite e queijo devem ficar ainda mais caros

As perspectivas para o futuro são de quadras mais secas./ Foto: arquivo

As perspectivas para o futuro são de quadras mais secas./ Foto: arquivo

Passados quatro anos da pior estiagem dos últimos 50 anos, os efeitos nas regiões do Agreste e Sertão pernambucanos permanecem. Faz três meses que as chuvas que caem nas regiões não têm sido suficientes para irrigar as pastagens e produzir a alimentação do gado. Esse entrave, confirmado pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), provoca o encarecimento dos custos para alimentar o animal, o que, em breve, repercutirá no aumento ainda maior no preço do leite e do queijo para o consumidor final. Há relatos de que os dispêndios cresceram, em média, 50%. Sem conseguir sustentar o negócio, criadores se desfazem de rebanhos e migram de atividade produtiva.

Criador de Ibimirim, no Sertão do Moxotó, Francisco Moraes relatou a dificuldade que é manter uma produção de leite e de queijo. “Eu tenho resto de feno e silagem apenas para os próximos sete meses, que preparei no final do período chuvoso de 2015. Não consegui fazer estoque para até o fim deste ano. Precisava de 50 toneladas de milho, mas só fiz dez. Perdi 40 toneladas porque a chuva não veio como esperávamos”, lamentou. Como não há previsão para reverter o cenário, ele já contabiliza custos adicionais: compra de feno e silagem, de ração concentrada e de água. “A produção está no vermelho e não vi outro caminho, a não ser me desfazer de 25% do meu rebanho”, afirmou.

Segundo o também criador Carlos Pereira, cinco hectares de sorgo foram perdidos. “Botei o gado para comer os sabugos e, para complementar, tenho capim irrigado, palma, cevada e ração. Mas quem não tem condições, como faz? A cada 20 dias, gasto R$ 4 mil com alimentação. No mesmo período, o faturamento chega a ser R$ 3,8 mil. A conta não fecha”, analisou.

A situação está longe de ser revertida, conforme projeções da Apac. “As perspectivas para o futuro são de quadras mais secas. Pode haver La Niña (fenômeno que provoca chuvas no Nordeste), mas não é certo”, explicou a meteorologista Aparecida Fernandes. Procurada, a Secretaria da Agricultura não se posicionou.

Com informações de Folha de Pernambuco

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