Mulheres, cuidado: universitária descobre trombose após uso contínuo de anticoncepcional

"Cinco anos de YAZ (tipo de anticoncepcional), três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose", disse a jovem. (Foto: Reprodução/Facebook)

“Cinco anos de YAZ, três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose”, disse a jovem. (Foto: Reprodução/Facebook)

Uma mensagem de alerta foi dada às jovens brasileiras que usam anticoncepcionais de forma contínua, mesmo com prescrição médica. Juliana Pinatti Bardella, da cidade Jundiaí, São Paulo, publicou em sua página do Facebook um alerta sobre o uso dos anticoncepcionais. A jovem relatou a descoberta de uma trombose venosa cerebral após o uso do medicamento. Ela fazia o uso do anticoncepcional por recomendação médica. O post da jovem já conta com mais de 40.000 compartilhamentos e 137 mil curtidas.

“Cinco anos de YAZ (tipo de anticoncepcional), três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose, mesmo perguntando a respeito, nenhum falou que seria um risco”, contou a jovem no seu depoimento.

Juliana relata que começou a sentir fortes dores de cabeça e que ao procurar uma médica no hospital da sua cidade foi diagnosticada com enxaqueca, mas nenhum exame específico foi pedido, mesmo a jovem insistindo em fazer.

“Era sexta-feira, dois dias após ter ido ao hospital. Acordei pela manhã para ir à aula, quando fui levantar da cama minha perna direita não respondeu ao meu comando, mas com algum esforço levantei. Escovando os dentes percebi que minha mão direita também não estava normal. Tentei me vestir, sem sucesso. Aquilo estava muito estranho, então não fui a aula e resolvi esperar passar. Não passou”, relatou a jovem.

No final do seu relato, Juliana diz não ser contra os anticoncepcionais, porém recrimina as receitas indiscriminadas sem informações sobre os seus riscos.

Confira a íntegra do relato:

Última cartela. Último comprimido.

Começou com uma pequena dor de cabeça. A dor foi aumentando gradativamente durante três semanas, até ficar insuportável.

Fui ao hospital em Botucatu, onde a médica me receitou remédios para enxaqueca, não pediu nenhum exame e não quis me encaminhar para um neurologista (mesmo com minha insistência), pois disse que não era o caso.

Era sexta-feira, dois dias após ter ido ao hospital. Acordei pela manhã para ir à aula, quando fui levantar da cama minha perna direita não respondeu ao meu comando, mas com algum esforço levantei. Escovando os dentes percebi que minha mão direita também não estava normal. Tentei me vestir, sem sucesso. Aquilo estava muito estranho, então não fui a aula e resolvi esperar passar. Não passou.

Alguns minutos depois peguei o celular para fazer uma ligação, mas foi muito difícil, fiquei muito tempo olhando para a tela sem saber o que fazer, como se tivesse esquecido como manusear um telefone. Deixei o celular de lado e fui ao banheiro, e para o meu maior desespero não sabia mais usar o banheiro, fiquei olhando pela porta e não sabia mais por onde começar, como isso era possível?

Minha visão começou a ficar turva depois de algum tempo. Já não conseguia fazer nada sozinha, não realizava nenhum raciocínio básico.

Minhas amigas que moram comigo me socorreram, me ajudaram a usar o banheiro, fizeram as ligações que eu precisava, me ajudaram a comer, e principalmente, me mantiveram calma para esperar até que minha mãe ,vindo de outra cidade, chegasse.

Meus pais resolveram me levar com urgência para um hospital em São Paulo, na viagem o efeito do remédio para enxaqueca havia passado, a dor voltou muito mais forte.

No hospital realizei alguns exames, administraram três medicamentos para a dor, sem sucesso, a dor continuou forte. Em poucas horas fui chamada para saber o resultado dos exames e na ressonância magnética foi diagnosticada trombose venosa cerebral.

Foi um choque, não consegui entender bem o que estava acontecendo, o médico me perguntou se eu tomava anticoncepcional, eu disse que sim, há cinco anos, e então ele disse que essa poderia ser a causa do problema.

Cinco anos de YAZ, três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose, mesmo perguntando a respeito, nenhum falou que seria um risco. Não tenho histórico familiar, não sou fumante, e os exames de sangue estavam normais, não tinha predisposição a ter trombose.

Foram três dias dentro da UTI, e um total de quinze dias de internação. A causa era mesmo o anticoncepcional, um remédio que era pra estar me ajudando, mas que ali poderia ter me causado uma seqüela irreparável ou até mesmo algo pior.

De certa forma me culpei por ter ignorado as notícias sobre a trombose que via na internet ou que ouvia falar. Confiava demais no YAZ, confiava demais em mim mesma, pensava que aquilo não iria acontecer comigo.

Após o diagnostico parece que virei um imã de histórias de trombose, ouvi incontáveis casos como: a amiga que teve trombose na perna ou no braço, a outra amiga também com trombose venosa cerebral que teve que realizar cirurgia, a menina que tem que tomar anticoagulante pro resto da vida por causa da trombose, e o pior, como a amiga que morreu de tromboembolismo pulmonar.
Todos os casos eram mulheres jovens e que tomavam anticoncepcional.

Não sou contra o anticoncepcional, acredito que ele traga benefícios sim, mas sou contra a negligência de se receitar anticoncepcional indiscriminadamente sem informar adequadamente seus riscos, e da própria negligência de tomar um medicamento durante tantos anos sem desconfiar que poderia ser prejudicial e poder levar até mesmo a morte.

Mulheres, preocupem-se, pesquisem e perguntem!“.

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