Na contramão: comércio de Petrolina cresce, apesar de recessão econômica

Petrolina

Petrolina se destaca em meio à retração, com um crescimento real de 2%

As vendas no varejo brasileiro registraram em 2015 a maior queda em 12 anos em meio ao cenário de recessão econômica, puxado por perdas em segmentos importantes como móveis e combustíveis. No ano passado, as vendas caíram 4,3% sobre 2014, informou o IBGE. Em Pernambuco, o resultado foi ainda pior que o nacional, com perdas de 7,7%. Enquanto isso, Petrolina, no Sertão de Pernambuco, se destaca em meio à retração, com um crescimento real  (descontada a inflação) de 2%. O percentual também está sendo esperado para 2016, mesmo sendo este um ano sombrio para o comércio no Brasil.

Além desse “bem-estar econômico”, o município é o 6º maior PIB de Pernambuco e tem o 6º maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o 10º maior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do estado. Como explicar? Basicamente, o diferencial de Petrolina está na fruticultura irrigada e na exportação. Com o processo irrigado, há safras o ano todo. Com a exportação, vendas são em dólar, moeda em alta. Em Petrolina, a maior ameaça é hídrica.

“Temos uma economia baseada na atividade primária e que emprega grande parte da população local. E, por sermos um polo regional, pois estamos distantes do Recife e de Salvador (700 km e 500 km respectivamente), o dinheiro da fruticultura fica aqui e nosso objetivo é sempre fazer esse dinheiro circular”, afirma o prefeito Júlio Lóssio. Dinheiro este que não é pequeno, uma vez que Petrolina exporta hoje 92% da manga e 95% da uva produzida em todo país, o que totaliza um volume de cerca US$ 100 milhões por ano.

A explicação é compartilhada por Valdivo Carvalho, diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Petrolina, que estima um crescimento de vendas de 2% no comércio da cidade para 2016. “Acredito que temos uma posição geográfica privilegiada. Quem recebe aqui e nas cidades próximas gasta aqui porque somos o município mais desenvolvido num raio de 200 quilômetros. Além disso, nossos empreendedores trabalham com planejamento. A cultura de negócios local é pensada sempre a médio e longo prazos. É como se sempre estivéssemos nos preparando para uma crise.” Ele reforça também que a baixa inadimplência dos moradores faz com que o crédito e o consumo permaneçam ativos em Petrolina.

Joaquim Castro, presidente do Sindicato dos Lojistas (Sindlojas) da cidade, não é tão otimista. Para ele, em relação ao faturamento pode haver queda de 3% no comércio da cidade neste ano. Ainda assim, diante da previsão de perdas de até 10% para Pernambuco, a redução em Petrolina pode ser vista mais como uma desaceleração do que retração. “Não estamos blindados contra a crise. O que acontece é que temos uma economia com foco na fruticultura irrigada e isso é único. Os índices de desemprego e queda de renda do resto do Brasil não estão no mesmo ritmo que os nossos.” O varejo agradece.

Com informações de Diário de Pernambuco

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