O Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro emite nota de apoio à Eduardo Rocha, após episódio de transfobia ocorrido em Petrolina

O Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro/BA (COMPIR) vem a público prestar apoio, solidariedade e acolhimento a Eduardo Príncipe Rocha, que teve seu direito de acessar o mercado de trabalho cerceado pelo preconceito e discriminação e denunciar a prática lgbtfóbica e transfóbica com que foi tratado por uma empresa privada de Petrolina/PE, que após confirmar a sua contratação voltou atrás depois de saber que se tratava de um homem transexual.

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Eduardo é ativista das causas LGBTQIA+ de Juazeiro/BA e região; foi fundador da Associação Sertão LGBT; trabalhou no acolhimento de pessoas LGBTs na Casa do Bolsa Família de Juazeiro/BA; foi a primeira pessoa transsexual nomeada no Diário Oficial do município utilizando nome social e foi supervisor de políticas LGBTs da Prefeitura Municipal de Juazeiro e foi um dos fundadores do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa LGBTQIA + de Juazeiro/BA. A violência sofrida por Eduardo, em parte, justifica porque o movimento LGBTQI+ é um dos movimentos sociais populares que mais cresce no mundo. E não é diferente aqui no Brasil. É porque ainda existem pessoas que não aceitam em respeitam a diversidade. As mensagens trocadas por Eduardo com quem seria o seu futuro patrão colocam à mostra o que chamamos de transfobia. Os diálogos deixam à mostra não só a transfobia, mas a naturalização com que o agressor justifica seu comportamento que, com certeza já causou sequelas em Eduardo. Nota-se que ele está à vontade ao expor suas opiniões preconceituosas, machistas, conservadoras e repugnantes. Democracia não é isso. Democracia é aprender a conhecer o nosso entorno e respeitar a diversidade humana. Ela é real.

Felizmente, Eduardo não entrou para as estatísticas que apontam que só neste primeiro semestre já foram assassinadas 80 pessoas transexual. Ano passado, 2020, foram assassinadas 175, só no Brasil. Os dados, divulgados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) informam que a média é de um assassinato de uma pessoa transexual a cada 48 horas no Brasil. São Paulo lidera o ranking, com 29 mortes, seguido pelo Ceará, com 22 assassinatos, e pela Bahia, com 19.

O crime praticado contra Dudu é um caso de justiça. É um caso explicito de intolerância e desrespeito ao direito básico do ser humano: de ser o que é. Não podemos tolerar mais esse caso de transfobia, na porta de nossa casa. Vamos sim denunciar esse crime. Vamos sim acolher Eduardo. Não podemos ficar insensíveis diante desse crime inaceitável.

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