Oito militares do Exército são condenados por mortes de músico e catador no RJ

Por três votos a dois, oito militares do Exército foram condenados na madrugada desta quinta-feira (14), por matar o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, e o catador de materiais recicláveis, Luciano Macedo, em abril de 2019, em Guadalupe, Zona Norte do Rio de Janeiro. A sentença foi anunciada depois de mais de 15 horas de julgamento.

Segundo a decisão, o tenente Ítalo da Silva Nunes, que chefiava a ação, foi condenado a 31 anos e seis meses de reclusão, e os outros sete militares foram condenados a 28 anos de reclusão, pelos crimes de homicídio e tentativa de homicídio. Outros quatro militares que estavam no local no dia do crime foram absolvidos, já que não teriam atirado contra as vítimas.

A defesa informou que vai recorrer da decisão e que os réus vão responder em liberdade, até que se esgotem os recursos. O julgamento aconteceu na Justiça Militar, na Ilha do Governador, Zona Norte da cidade, e contou com a participação de cinco magistrados, sendo quatro deles militares.

Durante as argumentações finais, a promotoria do Ministério Público Militar, responsável pela denúncia, criticou a versão dos agentes de que os militares teriam agido em legítima defesa, alegando que houve confronto e que estavam em uma região conflagrada.

Relembre o caso

O músico Evaldo dos Santos Rosa estava em um carro com outras quatro pessoas, incluindo a esposa e o filho de sete anos, a caminho de um chá de bebê, quando foram atacados a tiros por militares do Exército, que teriam confundido o carro dele com o de bandidos. O crime aconteceu no dia 7 de abril de 2019. Segundo a perícia, foram disparados pelo menos 257 tiros, dentre os quais, 62 atingiram o veículo, e oito atingiram o músico, que acabou morrendo na hora. O catador de materiais recicláveis, Luciano Macedo, que passava pelo local, também foi baleado, ao tentar ajudar as vítimas. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu dias depois, no hospital.

Em entrevista à CNN, pouco antes do resultado da sentença, a mãe do catador de materiais recicláveis, Aparecida Macedo, relembrou que semanas antes do dia do crime havia aconselhado o filho a deixar a região onde ele foi assassinado. “Ele saiu de casa e foi morar com uma menina. Disse que tinha arrumado um lugar no Muquiço. Eu disse que não gosto daquele lugar. Ele falou que tinha o Exército, que tava seguro. E foi o Exército que matou ele, na covardia”, desabafou.

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