Olimpíadas: mais uma camareira é vítima de estupro

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Nos próximos dias a instituição encaminhará uma moção de repúdio ao Comitê Olímpico Internacional (COI)./ Foto: internet

Em 15 dias de Jogos Olímpicos já foram registrados quatro casos de violência física e sexual, envolvendo cinco atletas, contra camareiras que estão trabalhando na Vila Olímpica. A incidência tem gerado um mal estar entre as mulheres brasileiras.

Uma delas é a presidente da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas, Creuza Maria Oliveira, 59 anos. Ela acredita que as agressões decorrem da imagem preconceituosa, construída dentro e fora do país de que “as mulheres brasileiras, em especial as negras, podem ser propriedade de turistas estrangeiros. Lá fora a nossa imagem e muito negativa. É de que somos objeto”, disse ela adiantando que nos próximos dias a instituição encaminhará uma moção de repúdio ao Comitê Olímpico Internacional (COI) dos Jogos Olímpicos.

Creuza, dirigente sindical de uma classe que tem em torno de oito milhões de trabalhadoras, acredita que o COI já deveria ter se pronunciado ou agido junto as delegações a fim de exigir respeito às mulheres brasileiras. “Isso poderia acontecer, através de ações educativas. “Penso que está havendo impunidade. Parece que aqui no Brasil podem assediar, violentar as mulheres. Isso precisa mudar”, afirmou a líder sindical, referindo-se a cultura do estupro.

Até ontem (19), dos quatro casos dois envolveram boxeadores –  um do Marrocos (Hassan Saadielli que recebeu liminar do ministro Rogério Schietti Cruz, do Supremo Tribunal de Justiça) , e outro da Namíbia (Jonas Junius, que recebeu alvará de soltura a tempo de participar de prova) – um atleta da Bulgária (o nome não foi revelado) e , agora, dois de Fiji (Leone Nakarawa e Semi Kunabuki). Os dois boxeadores, inclusive, foram presos e soltos a tempo de participaram das competições. Esse fato, foi considerado como desrespeitoso, por Creuza.  “Foi uma aberração. O Brasil não pode assumir uma postura perniciosa”, afirmou Creuza, indignada. Para ela o Coi deveria punir esses suspeitos de estupro e de violência física. “Eles deveriam ser deportados. Proibidos de participarem das provas, ou serem desclassificados, perder medalhas”, sugeriu a representante sindical.

Texto de Céres Santos

Jornalista, docente e coordenadora do Projeto Chuteiras Fora de Foco do curso de Jornalismo da UneB

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