Pernambuco completa seis meses de enfrentamento à Covid-19 e números continuam em queda

Reginaldo Alves, Paulo Câmara e Dilson Peixoto. (Foto: Heudes Regis/SEI)

O Estado de Pernambuco completa, neste sábado (12.09), seis meses da confirmação dos dois primeiros casos da Covid-19. Em entrevista coletiva online, o secretário estadual de Saúde, André Longo, fez um balanço das ações da gestão estadual no período e recebeu o epidemiologista e ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, referência nacional na área, que apresentou estudo sobre a evolução da doença no Estado. Após o período de aceleração da pandemia, em abril, e o pico da doença em maio, os principais indicadores vêm registrando uma queda que tem, inclusive, se acentuado ao longo das últimas duas semanas.

“Mesmo com a retomada de diversos setores dentro do Plano de Convivência com a Covid-19, os indicadores da pandemia vêm registrando uma queda progressiva, que é claramente sentida na rede hospitalar. Os leitos dedicados à doença, que viveram em maio e junho momentos de muita tensão e constante ocupação, observam uma tendência de diminuição permanente das solicitações, alcançando patamares de ocupação de antes da aceleração da doença”, destacou André Longo.

De acordo com os dados apresentados por Wanderson Oliveira, o número de casos da Covid-19 está em queda desde meados de maio, o que vem sendo sentido na rede hospitalar, com menos pedidos por leitos na Central de Regulação. Também foi neste mês que ocorreu o pico de confirmação de óbitos pela doença, seguido de uma constante diminuição nas mortes – comparativamente, no Brasil, essa queda começou a ser sentida apenas a partir de julho. O epidemiologista ainda ressaltou que, em média, a morte ocorreu em 15 dias após o início dos sintomas.

Oliveira também frisou que a positividade dos testes realizados na população pernambucana também vem caindo, saindo de mais de 60% em maio para os atuais 15%, ou seja, de cada 100 testes, 15 detectam o vírus. Essa análise leva em conta a biologia molecular (RT-PCR), que detecta o vírus em sua fase mais aguda, ou seja, no momento em que a pessoa está com maior capacidade de transmitir a doença.

“Não quer dizer que a gente está reduzindo casos e óbitos que a gente vai relaxar as medidas. Então, se preciso for, diante de alteração do cenário epidemiológico, eu vou recomendar uma medida de quarentena mais rigorosa. É importante não deixar acontecer o que vi, lamentavelmente, como aglomerações nas praias e em locais públicos. Porque a gente ainda não tem uma vacina, não tem um tratamento específico. A proteção que nós temos é a máscara, o álcool em gel, é lavar as mãos com água e sabão e evitar ter contato com pessoas que não fazem parte do meu ciclo domiciliar”, afirmou Wanderson Oliveira.

Em relação aos principais sintomas apresentados pelos pacientes, 89% tiveram dispneia e 68%, tosse, em relação aos que vieram a óbito. Nos casos em que não houve morte, 59% tiveram tosse e 6%, febre. Nos pacientes com fatores de risco para o adoecimento, os problemas cardíacos (48%) e diabetes (28%) foram os principais registrados entre os que foram a óbito. No geral, 64% dos pacientes que faleceram e 13% dos casos tinham algum fator de risco. No quesito raça e cor, o epidemiologista notou que 36% dos óbitos não tinham esse campo preenchido. “Conclamo aos profissionais que atentem para o preenchimento mais correto da ficha de notificação, para que tenhamos uma informação mais precisa”, disse.

AÇÕES EM PERNAMBUCO – O secretário André Longo elencou, no balanço, as ações de saúde realizadas pelo Governo de Pernambuco dentro do maior esforço sanitário e de mobilização de insumos, equipamentos e recursos humanos da história da Saúde Pública no Estado. Foram abertos mais de dois mil leitos para o atendimento dos pacientes, sendo mais de 900 deles leitos de UTI.  Para a rede funcionar, foram mobilizados cerca de 10 mil profissionais, entre concursados, aprovados em seleções e servidores que foram recrutados para a linha de frente ou para atuar no Programa Atende em Casa.

“Para garantir a segurança desses trabalhadores, o Governo de Pernambuco tem feito um esforço permanente para manter o abastecimento e os estoques de equipamentos de proteção individual (EPIs) de todas as unidades estaduais”, afirmou André Longo, ressaltando também a ampliação permanente da capacidade de testagem do Estado. Até agora, já foram realizados quase 385 mil exames para detecção da Covid-19 em Pernambuco. Destes, quase a metade foi do tipo RT-PCR, considerado pelos especialistas como padrão ouro, por detectar a atividade viral em sua fase aguda e maior capacidade de transmissibilidade. Dentre estes exames moleculares, mais de 80% foram processados na rede pública de Saúde.

A partir de hoje, o público prioritário para realização dos testes passa a ser ampliado para todos os contatos domiciliares de casos positivos da doença, independente de apresentar sintomas. Essa medida, segundo o secretário só foi possível por conta dos vários investimentos do Governo do Estado. “No final de agosto, inauguramos o novo parque tecnológico do Lacen-PE, que vai propiciar uma revolução na virologia do nosso Estado, e conseguimos implantar, em parceria com a Univasf, em Petrolina, o primeiro laboratório no interior do Estado. Com isso, vamos ampliar a testagem, que será fundamental para trazer ainda mais segurança na retomada dos serviços e atividades”, disse o secretário.

PLANO DE CONVIVÊNCIA – A partir da queda dos indicadores da Covid-19 em Pernambuco, o Governo implantou o Plano de Convivência com a Covid-19, que nesta quinta-feira (10.09) completou 100 dias. O Plano é baseado em um conjunto de indicadores e estruturado a partir de 11 etapas, com uma matriz de risco de cinco níveis, considerando o estágio da pandemia em cada região do Estado, o risco sanitário do retorno de cada setor e a vulnerabilidade econômica de cada área.

“Até termos uma vacina que possa ser aplicada em massa na população, teremos que aprender a conviver com a doença, com cuidados e novos protocolos incorporados ao cotidiano. Continuar com a queda dos indicadores e, consequentemente, ter mais vidas salvas e novas medidas de abertura, depende apenas das nossas atitudes. Todos nós gostaríamos de voltar a uma vida normal, mas não existem condições quando se tem a circulação de um vírus que causa dor, morte e sofrimento”, explicou André Longo.

O secretário concluiu aconselhando o reforço dos hábitos de higiene e protocolos sanitários. “Lavar as mãos com frequência; usar a máscara corretamente cobrindo a boca e o nariz; e cumprir o distanciamento social, evitando aglomerações, é uma questão de compromisso e uma demonstração de cuidado com todos que estão a nossa volta”, ressaltou.

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