Postura de policiais do 2º BIEsp é criticada por jornalista de Petrolina: “fui surpreendido pela abordagem truculenta”

(Foto: SDS/Divulgação)

A ação dos policiais do 2º Batalhão Integrado Especializado (BIEsp) em Petrolina foi alvo de críticas do jornalista Jacó Viana, graduado na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Jacó foi abordado pelo BIEsp na noite de terça-feira (18), na Rua da Caatinguinha, no bairro Jardim Maravilha e através de um desabafo, criticou a postura autoritária dos agentes.

De acordo com o jornalista, quatro policiais estavam na ação e um deles chegou a apontar uma arma para sua cabeça, o chamou de vagabundo e impediu Jacó de registrar a ação dos policiais. Ao fim da noite, ele foi encaminhado à Delegacia de Polícia Civil, onde foi autuado por desobediência.

Outro lado

O Blog entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Polícia Militar, mas até o momento não tivemos retorno em relação aos questionamentos feitos pela nossa equipe. Por outro lado, Jacó disse que acionará um advogado para buscar seus direitos.

Confira a seguir o relato do jornalista:

Ocupado com intimidações aos cidadãos, 2º BIEsp esquece de combater a criminalidade em Petrolina

*Jacó Viana

Jornalista – DRT/PE 6513

Faltavam 30 minutos para meia noite de ontem (18) quando recebi um pedido de ajuda de um amigo. Ele se encontra doente e não tem transporte para buscar remédios nas pouquíssimas farmácias abertas 24h em Petrolina. Saí às pressas, de modo que minha carteira, com documentos e habilitação, ficou em casa. Está aí um erro.

Parei em frente à casa dele ao mesmo tempo em que mandei uma mensagem avisando que já tinha chegado. Eram 23h47. Neste momento fui surpreendido pela abordagem truculenta e totalmente autoritária de um grupamento do 2º Batalhão Integrado Especializado – (BIEsp) no município. “Bota a mão na cabeça, vagabundo”, gritou-me um dos quatro policiais, enquanto apontava um revolver direto para minha cabeça. Mas, como sabe ele que sou vagabundo? No dicionário, seu significado evoca a pessoa que não trabalha, não gosta de trabalhar , um “vadio”. Só para constar, normalmente pego no batente às 8h e termino lá para 21h, de segunda a sábado.

A situação foi desorientadora, não sabia se colocava a mão no capacete (uso moto), se guardava o celular ou se estendia o pé de apoio da motocicleta para me dar equilíbrio. Eu estava parado num local íngreme. Para os MPs, aquilo era um descaso a sua autoridade. Quem já se viu não colocar a mão na cabeça imediatamente após um comando deles? Só pode ser um crime.

A partir daí permaneci com os braços levantados, em silêncio, mesmo quando não mais obrigado, vendo onde tudo aquilo terminaria. Pediram-me minha habilitação e, como não a tinha ali, disseram-me que iriam apreender meu transporte. Certo. Eles conhecem a lei e eu também, um pouco. Liguei a câmera do celular e comecei a filmar o que pude… E não foi muito. Tomaram de mim o aparelho e me fotografaram dizendo apenas que não me era permitido gravá-los. Talvez só eles podiam.

Busquei respeitar a autoridade dos policiais da BIEsp, mas não me detive em lembrá-los, firmemente, que eles não tinham o poder de me apear da moto (em dias) e de meu aparelho, menos ainda me censurar. São eles o carrasco e o juiz? Se todo o procedimento estava correto, não havia o que temer da parte deles, óbvio. Por eu ser graduado, me desdenharam apenas afirmando que “esses estudantes saem da faculdade pensando serem os donos do mundo”. Porque cobrar um tratamento digno dos policiais é um ato soberbo, acham.

Gravei a abordagem por 1 minuto e 28 segundos, e, por isso, fui autuado por “desobediência”. Ordenaram-me sentar no chão, enquanto chamavam o reforço: 4 viaturas, 4 motos e 14 policiais para conter minha desordem. Já eu continuava sentado no asfalto, cercado por eles e observado pelos vizinhos. Senti-me intimidado.

Levaram-me à delegacia do bairro Jardim Maravilha, esperei até às 3h para ser liberado, enquanto ouvia os policiais me explicarem os motivos de eu estar totalmente errado. “Porque me trataram educadamente”, “Porque minto quando digo que fui xingado”, “Porque eles são trabalhadores”, “Porque recebi um tratamento padrão no Brasil todo”, “Porque eu estava exaltado” e “Porque tenho tendência hostil à Polícia”. Ou seja, causei tudo isso. Eu, por outro lado, já tinha conhecimento da fama de truculência do 2º BIEsp, só não sabia ainda que eles, também, são formados em Psicologia.

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