Professora adjunta da UPE sai em defesa da vereadora Cristina Costa

A professora adjunta da Universidade de Pernambuco Janaína Guimarães, nos enviou um texto no qual externa sua indignação com o episódio ocorrido na última sexta-feira (6), envolvendo os vereadores Cristina Costa (PT) e Manoel da Acosap (PTB), que discutiram fortemente nos estúdios da Rádio Jornal.

Confira a íntegra do texto:

As definições de violência são muitas, temos violência física, psicológica, institucional e patrimonial, entre outras. Uma mulher é agredida no Brasil a cada 4 minutos, segundo o Mapa da violência de 2015.  Hoje uma dessas mulheres fisicamente agredidas foi a vereadora de Petrolina, Cristina Costa, por um homem violento, ele também vereador em Petrolina, Manoel Acosap.

A notícia que nos indignou causou mais revolta do que surpresa. E por que isso? Porque nossa sociedade misógina (avessa a tudo que é ligado ao feminino ou as mulheres) não esta acostumada a que tenhamos mulheres fortes na política, com voz e atitude para contestar desmandos e posturas autoritárias de homens brancos que em sua maioria dominam o legislativo em Petrolina. Cristina vem desenvolvendo um trabalho sério de contestação sistemática desses poderes, sendo oposição numa câmara legislativa machista e conservadora. A única mulher atualmente na vereança petrolinense.  Importante lembrarmos que essa ausência de mulheres se faz sentir também nacionalmente, pois temos apenas 9% de mulheres no legislativo e 13% no senado Federal.

A violência contra a mulher, no entanto, é uma constante, tão, mais tão cotidiana, que nos acostumamos a escutar falas como a de Manoel para Cristina, “Você é sem moral”, gritou o vereador. E o que é ter moral? Ser de partido golpista e apoiar cortes básicos na educação e saúde? Ou ter moral é agredir uma companheira de legislativo, simplesmente porque ela se coloca criticamente contra as pautas conservadoras que dominam a vereança Petrolinense?

A “falta de moral de Cristina” é fruto das relações de gênero que são eminentemente relações de poder.  Essas relações, construídas historicamente, estão em constante mudança, mas as reações a essas mudanças, quase sempre violentas, se fazem sentir em diversas situações, como a de hoje. Cristina cresce no espaço público, como crescem as mulheres, e foi violentada, como são as mulheres, objetos de repulsa por parte de homens que não compreendem a igualdade de direitos e poderes. A misoginia foi responsável pela agressão a Cristina, pois ela subverte o lugar comum na câmara de Petrolina ao se colocar publicamente, ao se fazer ouvir enquanto oposição num espaço onde as mulheres só são lembradas no dia 8 de março, para receberem flores e medalhas, mas não estão de forma ativa na construção das leis do município. O momento politico do país é de retrocesso, exemplificado pela configuração do ministério do governo golpista de Michel Temer, composto exclusivamente por homens. O papel no qual se quer mulher, nesse governo, é meramente decorativo. E em tempos de Marcela Temer, ser Cristina Costa causa muito incômodo.

Janaína Guimarães
Professora adjunta da Universidade de Pernambuco

2 Comentários

  • MARCIEL

    9 de janeiro de 2017 at 14:13

    Excelente professora. Mulheres como você que deveriam estar ocupando os espaços que devem e tem que ser das mulheres. Depois de lermos seu artigo não precisamos de mais argumento nenhum. O que está aí basta.

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  • Osvaldo Junior

    11 de janeiro de 2017 at 18:40

    “Professora” hahahaha
    Poderíamos trocar essa nomenclatura a referida por DOUTRINADORA!
    E que discurso mais batido! Quantos rótulos!

    Primeiro que o rótulo “misógino” não serve para o referido vereador, Manoel Acosap!
    Manoel faz parte de uma categoria(ACS) que é constituído em sua maioria por mulheres! São mais de 400, mais de 90%! Preside a associação da categoria, onde mais de 90% da diretoria é constituída por mulheres, inclusive a vice presidente, e é inexistente no meio esse teu rótulo de”homem violento”!

    Depois não adianta criminalizar os homens “brancos” que estão no legislativo, por que foram escolhidos pelo voto, onde a grande maioria dos candidatos eram negro, pardo e amarelo, advindo de uma sociedade miscigenada!!
    A cor de pele não deve ser parâmetro para nada! Quando a gente criminaliza uma cor, como é de costume a sociedade fazer com os negros e como vc faz com os brancos, a gente acentua e potencializa ainda mais o preconceito racial!

    Manoel nunca foi um favorecido e/ou abastado, socialmente! Ele veio das camadas mais pobres e chegou aonde está com muita luta e força de vontade e isso muitas vezes não é digerido por muitos, como é o caso da professora Cristina Costa!! Pra ela não deve tá sendo fácil ver um agente de saúde ocupar a cadeira que era dela de primeiro secretário da câmara, em vez dela, uma professora! Quem já se viu uma professora perder território para um “simples agente de saúde”?! Quem já se viu um agente de saúde ter uma ótima oratória, conhecimento jurídico e conhecer bem a legislação do Estado? Isso deve ser difícil de engolir!

    Do meio pro final de seu texto percebi que não passa de uma militante partidarista, com discursinho pronto!
    “Professora”, onde estava quando Dilma cortou a verba das pastas da educação e saúde, as pastas que mais sofreram cortes em seu governo? hahahaha
    Deixo essa discussão para outra hora!

    Enfim, todos estão cansados de saber quem é a vereadora Cristina Costa e de seu comportamento com os colegas!
    Se acha melhor que todo mundo, os outros nunca estão certos e já teve problemas com a maioria dos colegas!

    Manoel e Cristina se excederam! Apesar de Manoel ter sido o único a ter saído da discussão acalorada com lesão corporal, os dois foram errados! O papel deles não é esse! Que esse episódio possa fazer os dois refletirem para ficarem mais fortes, o que acho difícil por parte da Cristina, pois a mesma usou de todos os movimentos sociais, aparelhados ao partido dela, para denegrir a imagem de Manoel, mas isso só o fortalecerá e continuará causando mais incomodo as Cristinas da vida!!

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