Reportagem de revista expõe detalhes do caso de assédio envolvendo os atores Dani Calabresa e Marcius Melhem

Dani Calabresa e Marcius Melhem

A revista Piauí publicou, nesta sexta-feira (4), uma reportagem na qual revela detalhes dos casos de assédio sexual e moral envolvendo o ator e ex-humorista da Globo Marcius Melhem. O comediante foi desligado da rede de televisão após ter sido denunciado pela atriz Dani Calabresa, que protagoniza grande parte dos relatos da publicação.

A matéria tem início com a descrição de uma festa de confraternização pelo centésimo episódio do Zorra, após a reformulação do programa em 2015. Em um dos momentos, Marcius teria encurralado Dani Calabresa no banheiro, tentado beijá-la à força, imobilizando-a e, em seguida, teria colocado o pênis para fora da calça. Após se desvencilhar do humorista, a atriz passou por uma crise de choro e precisou ser amparada por Luís Miranda e George Sauma, que na época também faziam parte do elenco do programa.

O relato continua três dias depois, em meio a uma gravação de Calabresa e Maria Clara Gueiros no Projac – onde Melhem pouco ia na época. De acordo com a publicação, o ator teria tratado do assédio em tom de brincadeira e afirmado: “Para, para, para”, começou. “Eu não tenho culpa do que aconteceu! Quem mandou você estar muito gostosa?.”

Com isso, Calabresa teria se levantado para evitar qualquer contato físico com o então chefe, pedindo que se afastasse e recusando suas desculpas: “Não quero seu abraço nem suas desculpas, você já me agarrou, lambeu minha cara e encostou o pau em mim”. Ainda assim, Melhem teria continuado a falar que ela era culpada pelo comportamento dele. Segundo a revista, várias pessoas testemunharam ambas as cenas, que aconteceram em 2017.

Ainda de acordo com a Piauí, outra situação teria acontecido naquele mesmo ano. Na ocasião, Dani Calabresa se preparava para gravar uma sátira do seriado Baywatch, em que usaria um maiô vermelho, e Melhem teria entrado no camarim da atriz afirmando que “foi dar uma conferida no figurino”, deixando ela constrangida. Ele, inclusive, teria impedido o crescimento de Calabresa na Globo, vetando a entrada dela em um programa de Miguel Falabella e colocando empecilhos numa atração proposta pela atriz, uma versão do Furo MTV.

Apenas em 2019, quando decidiu deixar o Zorra e passar uma temporada nos Estados Unidos, Dani Calabresa teve coragem de denunciar os fatos, que foram levados para a chefe de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), Monica Albuquerque. A revista revela que a primeira decisão em relação ao fato foi recomendar uma terapia ao acusado, sem nenhuma advertência.

As acusações ganharam força quando passaram por Carlos Henrique Schroder, diretor da área de Entretenimento, Esporte e Jornalismo da emissora, que determinou a realização de uma investigação. Durante a apuração, novos casos contra o então diretor de humor da emissora apareceram: três atrizes falaram do incômodo de contracenar com ele e citaram situações em que Melhem passava o pênis ereto nelas.

A reportagem ressalta que Marcius Melhem decidiu não dar entrevista, alegando que “a sentença” do caso “já estava dada”. Além disso, o ator também disse que pediria desculpas a quem magoou, mas que teria o direito de saber quem são essas pessoas. “Estou disposto a assumir qualquer erro ou dano que tenha causado. Mas é preciso que a conversa seja transparente, sem omissões, mentiras ou distorções sobre as relações”, escreveu na declaração à Piauí, afirmando, ainda, que iria buscar “justiça”.

Em nota, o humorista se defendeu:

“Quando recebi as perguntas da revista Piauí, percebi que a sentença já estava dada. Então, nada que eu diga sobre fatos distorcidos ou cenas que jamais ocorreram vai mudar esse perfil construído de abusador, quase psicopata.

Qualquer pessoa que tenha convivido comigo sabe que eu jamais cometeria algum ato de violência e que nunca forcei ninguém a nada. Mas parece que o único objetivo está sendo bem-sucedido: a minha condenação na opinião pública.

Quero pedir desculpas a pessoas que eu magoei, mas sequer tive o direito de saber quem são elas. O mundo mudou, comportamentos antes naturais estão sendo revistos, e todos precisamos aceitar as consequências de nossos excessos.

Venho há um ano trabalhando esse entendimento e estou disposto a assumir qualquer erro ou dano que tenha causado. Mas é preciso que a conversa seja transparente, sem omissões, mentiras ou distorções sobre as relações. É o que eu vou buscar: justiça.”

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