Rio São Francisco: escassez de peixes em Pernambuco chama atenção

(Foto: Acervo cbhsf)

Das 360 espécies de peixes nativos que existiam na bacia do rio São Francisco, apenas 152 ainda são encontradas. E escassamente. O cenário alarmante é revelado por meio de um levantamento inédito divulgado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF). O estudo, que durou cerca de dois anos, aponta as áreas baixa e submédia da bacia do Velho Chico como as mais críticas.

A parte que corta Pernambuco está inserida justamente na submédia, num trecho que abrange os municípios de Petrolina, Belém do São Francisco, Cabrobó e Jatobá. Antes encontrados em abundância, lá não existem mais exemplares de mandi-bagre (Pimelodus spp), piaba (Astyanax bimaculatus), pacamão (Lophiosilurus alexandri), cascudo (Hypostomus affinis), cambeva (Trychomicterus brasiliensis), barrigudinho (Peocilia reticulata).

A lista é extensa. Até espécies endêmicas, como o pirá (Conorhynchos conirostris), conhecido como peixe símbolo do São Francisco, já não é mais visto nas redes dos pescadores artesanais. “É lamentável ver no que o Velho Chico se transformou ao longo dos últimos 50 anos.

De todo os 637 mil quilômetros quadrados de extensão que a bacia abrange, as 152 espécies apenas podem ser vistas, e com dificuldade, no médio e alto do São Francisco. Falo de parte da Bahia e Minas Gerais. Porque, nas demais áreas (baixo e submédio), o rio está morto”, lamenta o vice-presidente do Comitê, Maciel Oliveira.

Embora não possa bater o martelo sobre os motivos do sumiço, aponta como possíveis fatores a interferência das hidrelétricas controlando a vazão da água, o despejo do esgoto in natura, a pesca predatória e o assoreamento. “O problema não é só ambiental. Estamos falando de mais de 50 mil pescadores que dependem desse rio para tirar o seu sustento.”

Solução

Uma solução para reverter esse cenário, aponta o Comitê, seria se o projeto “Novo Chico”, do Ministério da Integração, saísse do papel. A proposta, apresentada em dezembro passado, prevê investimentos da ordem de R$ 900 milhões até 2019 em iniciativas prioritárias de conclusão das obras de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Seriam executados ainda serviços de requalificação de áreas degradadas e proteção de nascentes.

Fonte FolhaPE

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