CCJ pode votar na quarta-feira legalização de jogos de azar

A legalização dos jogos de azar e a reabertura dos cassinos no Brasil estão em análise na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que tem reunião marcada para a quarta-feira (22), a partir das 10h. O PLS 186/2014, do senador Ciro Nogueira (PP-PI), autoriza a exploração de jogos on-line ou presenciais em todo o território nacional.

A proposta original foi alterada pelo relator, senador Benedito de Lira (PP-AL), transformando-se em um texto substitutivo, que foi apresentado aos integrantes da comissão na reunião do dia 8 deste mês. O processo de discussão e votação foi adiado para atender a um pedido de vista coletiva.

Pelo texto do relator, a regulamentação das apostas deverá contemplar jogo do bicho, bingo, videobingo e videojogo, cassinos em complexos integrados de lazer, apostas esportivas e não esportivas e cassinos on-line.

O substitutivo determina a inclusão das empresas autorizadas a explorar jogos de azar na Lei de Lavagem de Dinheiro, obrigando-as a cadastrar os clientes e a informar operações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Torna necessária ainda a adoção de providências, pelo Banco Central (BC), a fim de proibir o uso de instrumentos de pagamento, como cartões de crédito, em jogos de azar on-line administrados por empresa não-credenciada.

O relator na CCJ está convencido de que é desejável uma regulamentação dos jogos de azar. Em seu voto, Benedito de Lira usa o termo “jogos de fortuna”.

“É necessário relembrar que os jogos sempre fizeram parte do imaginário da civilização. Encontram-se na origem da cultura. Ademais, o longo período de proibição do jogo no Brasil, cerca de 75 anos, acabou por rotular equivocadamente esta atividade como uma questão de moral, inclusive, contaminando o debate sobre a legislação dos jogos”, avaliou.

Benedito de Lira também considerou a “situação orçamentária gravíssima” enfrentada pelos entes da Federação para reforçar a defesa do PLS 186/2014.

Ao justificar a apresentação do projeto, o autor, senador Ciro Nogueira, argumentou que o jogo é legal em 75% dos 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). O Brasil faz parte, portanto, como ressaltou o parlamentar, dos 25% que não legalizaram a atividade. Caso a exploração voltasse a ser reconhecida pela lei, segundos os cálculos apresentados, o país poderia passar a arrecadar cerca de R$ 15 bilhões a mais em impostos por ano.

Governadores querem legalizar jogos de azar para financiar segurança

Para governadores, regulamentação das apostas, sobretudo as que são feitas pela internet, poderia gerar até R$ 18 bilhões anuais, a serem destinados para a segurança pública

O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, foi anfitrião ontem de uma reunião com 14 governadores de estado e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), na residência oficial de Águas Claras. Mais tarde, Rollemberg e uma parte do grupo se encontrou na Câmara com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os chefes de Executivo estaduais defenderam a criação de um fundo de segurança pública, a ser financiado com impostos sobre jogos de azar, sobretudo na internet.

“Nós pedimos apoio do presidente do Senado para uma pauta federativa. É interesse dos estados, que estão numa situação difícil”, disse Rollemberg. Segundo eles, os temas são “extremamente” importantes para garantir o fluxo de caixa em 2018.

O Projeto de Lei nº 186, de 2014, permite os jogos de azar e define como serão tributados. O texto está na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. Eunício declarou que apoia a medida, com a condição de que os recursos arrecadados com os impostos sejam destinados a um fundo constitucional de segurança pública. “Isso preocupa toda a população brasileira”, alegou.

O presidente do Senado declarou, porém, que “não adianta” esconder o tema da sociedade brasileira. “A questão é que os jogos também estão acessíveis hoje pelos aplicativos”, afirmou.

Para os governadores, isso poderia virar dinheiro em caixa. “No Brasil inteiro se joga na internet. Queremos a regulamentação, que poderia gerar de R$ 12 a R$ 18 bilhões ao ano, que servirão para dar sustentação a um fundo nacional de segurança pública”, afirmou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).

Máquinas caça-níqueis são apreendidas no N6 em Petrolina (PE)

(Foto: Ilustração)

Foram encontradas quatro máquinas na residência indicada. (Foto: Ilustração)

A Polícia Militar apreendeu ontem (17) máquinas caça-níqueis em uma casa de jogos de azar localizada no N6, que fica na cidade de Petrolina (PE). Após receber informações sobre o funcionamento ilegal do local, a Polícia Militar fez incursões na casa indicada na denúncia.

Foram encontradas quatro máquinas na residência indicada, contudo o proprietário não se encontrava no local. Dando continuidade às buscas, os policiais abordaram um bar próximo ao local e encontrou mais duas máquinas funcionando.

Os suspeitos e o material foram entregues à Delegacia de Polícia Civil de Plantão, onde foi lavrado um T.C.O

Senadores contrários à legalização dos jogos conseguem adiar votação

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)/Foto: Jorge William, agência O Globo

Foi adiado por três dias a votação no plenário do Senado do projeto do senador Ciro Nogueira (PP-PI) que legaliza o funcionamento de cassino, bingo e jogo do bicho no país. O tema é polêmico entre os senadores e até no governo do presidente interino Michel Temer, que não o trata como prioridade, como foi pautado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Por acordo, os senadores aprovaram, no início da noite desta quarta-feira (06), recurso do líder do governo na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) adiando a votação.

Randolfe Rodrigues afirmou que o propósito é adiar ao máximo a votação da legalização dos jogos e, no mínimo, jogá-la para o segundo semestre. Ele é contrário à volta desses jogos no país.

“Vamos usar todos os meios protelatórios para não votarmos essa matéria. Sou contra. Não traz resultado algum a legalização, nem fiscal, nem como geração de empregos e leva ao vício das pessoas e vai acarretar gastos do Estado com esse problema. E mais. É uma atividade utilizada para lavagem de dinheiro, de corrupção, entre outros crimes. Estamos na contramão do mundo, que está banindo os jogos”, disse Randolfe.

O assunto divide integrantes do governo interino de Temer. O relator do texto, a favor da liberação da jogatina, foi o senador Blairo Maggi (PP-MT), hoje ministro da Agricultura. O líder Aloysio Nunes não vê o assunto com simpatia. Acha que, ao menos, não é o momento de se discutir o tema.