Vacinação cai e traz de volta a rubéola, caxumba, catapora e sarampo

As consequências da queda da cobertura de diversas vacinas no Brasil, verificada desde 2017, começam a ser percebidas mais claramente com o arrefecimento da pandemia da COVID-19. O retorno de doenças já erradicadas no país, como o sarampo, é um desses danos. Este ano, até 26 de fevereiro, nove casos da doença foram confirmados.
Segundo dados de um estudo técnico produzido pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), nenhuma das regiões do Brasil conseguiu atingir patamares mínimos entre os imunizantes disponíveis contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora (veja infográfico ao lado). Jonas Brant, professor da Universidade de Brasília (UnB) e epidemiologista, explica que, no caso do sarampo, devido à intensa transmissibilidade, é necessário que haja uma alta taxa de cobertura vacinal para impedi-lo de se propagar.
“A gente viu agora, com a COVID-19, um cenário com a variante ômicron, que trouxe ao debate a importância da taxa de transmissibilidade de uma doença. Em uma população não imunizada, cerca de 12 pessoas se infectam a partir de um caso”, salientou.
A meta de imunização pela vacina tríplice viral — que protege contra sarampo, caxumba e rubéola — prevista pelo Ministério da Saúde é de 95%. Só que, conforme dados coletados pelo DataSUS e organizados pela CNM, essa cobertura caiu nos últimos anos. Em 2019, a segunda dose da tríplice viral alcançou 81,55% do público alvo, mas, no ano passado, apenas 49,62% desta população foi atingida.
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Prefeitura reforça vacinação após surto de caxumba em campus da Univasf de Petrolina

Foi registrado um surto com cinco casos confirmados. (Foto: Ilustração)

A Prefeitura de Petrolina reforçou a vacinação em pessoas que tiveram contato com casos suspeitos ou confirmados de caxumba na cidade. A ação feita pela Secretaria de Saúde foi necessária após investigação da Vigilância Epidemiológica, que confirmou cinco casos da doença no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

Devido à situação, a Secretaria de Saúde realizou na manhã desta quinta-feira (2), um bloqueio vacinal seletivo. A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, foi aplicada em quem teve contato direto com indivíduos diagnosticados com o vírus.

Os demais estudantes, funcionários e docentes que desejarem se imunizar devem se encaminhar à unidade de saúde mais próxima para fazer uso da vacina, levando, se houver, carteira de vacinação, para a atualização da situação vacinal.

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Petrolina conta com um estoque de 3 mil doses da vacina tríplice viral no combate ao surto de Caxumba em Pernambuco

(Cartaz Divulgação/IMIP)

A Secretaria Estadual de Saúde divulgou durante a última semana um alerta reforçando a importância da prevenção a Caxumba. Em Petrolina o estoque para combater a doença está abastecido com 3.000 doses da vacina tríplice viral, disponível nas AME’s do município.

A vacina tríplice viral funciona como medida preventiva contra a caxumba – uma infecção viral aguda que afeta as glândulas parótidas, responsáveis pela produção da saliva e que ficam localizadas abaixo dos lóbulos das orelhas. Desde 2015 vem sendo observado em todo o país surtos da doença, com os primeiros registros em Pernambuco datados do mês de maio do ano passado. Ao longo de 2016 foram notificados 76 surtos envolvendo 836 casos no estado.

A Caxumba é considerada uma doença típica da infância e que também pode atingir pessoas de qualquer idade e evoluir com complicações graves como orquite (inflamação dos testículos), inflamação nos ovários, meningite viral e até uma encefalite (inflamação no cérebro).

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Alto índice de casos de caxumba em Pernambuco preocupa a Secretaria Estadual de Saúde

(Foto: Internet)

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), foram registrados 836 casos de caxumba no último ano e 76 surtos da doença. Diante do ressurgimento dos surtos, a pasta passou a tornar obrigatória a notificação dos casos e faz um alerta para a necessidade de conferir o cartão de vacinação.

No Sertão pernambucano, não há registros da doença, entretanto só em Recife foram registrados 68 surtos da doença, além de cidades na região do Agreste e da Mata Norte, onde os incidentes foram menores. Segundo o diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos, George Dimech o índice pode ter aumentado devido à alta circulação de viajantes.

“Antes de 2015, quase não tínhamos registro da doença, era muito baixo, mas em 2015 começaram a surgir casos no Sudeste e no Sudoeste do Brasil. Pernambuco é um grande ponto turístico. Essa circulação pode ter trazido a doença para nosso estado”, acredita.

A doença, que é contagiosa provoca inchaço doloroso das glândulas parótidas, que produzem a saliva. Febre, falta de apetite e dor de cabeça costumam incomodar os pacientes durante o ciclo. A transmissão acontece seis dias antes do início dos sintomas e até nove dias após o surgimento dos sintomas.

“Na sua grande maioria, a doença é benigna, mas pode se agravar se baixarmos a guarda. O homem pode desenvolver uma inflamação nos testículos e ficar infértil. A mulher também pode ficar infértil ao desenvolver uma inflação nos ovários. Há risco ainda de aborto no primeiro trimestre da gestação”, explica Dimech.

De acordo com o diretor-geral, a vacina contra a caxumba só foi introduzida no calendário de vacinação em 2004. Por isso, há uma grande quantidade de pessoas que não foram, devidamente, imunizadas, o que facilita o aparecimento de surtos.

“Costumamos dizer que só há dois tipos de grupos: os que estão vacinados e os de maior risco por não estarem vacinados. Como essa introdução foi há pouco tempo, temos um bolsão de pessoas que não está vacinado. É preciso, mesmo adulto, atualizar o cartão de vacinação”, pontua.

A vacina utilizada para combater a caxumba é a tríplice viral, que abrange, também, rubéola e sarampo. Para os adultos entre 20 e 29 anos, é necessário tomar duas doses. Já para os adultos entre 30 e 49 anos, é uma dose só. Adultos maiores de 50 não precisam tomar. Isso porque acreditam que eles já foram expostos e estão imunes, já que a pessoa só contrai uma vez a doença.

“A população acha que a caxumba é uma doença de criança, mas não é. É preciso estar imunizado porque qualquer um pode contrair e, quando adulto, é pior. O controle depende de todos atualizarem os cartões de vacinação. Estamos fazendo campanhas com os municípios, mas o cidadão não deve esperar a campanha. Ele tem que se antecipar”, conclui Dimech ao afirmar que o estoque da vacina está alto.

Com informações do G1PE

Circulação do vírus entre jovens é uma das causas do aumento de caxumba

Mais de 45,7 milhões de pessoas já se vacinaram contra a gripe neste ano, segundo o Ministério/Imagem ilustrativa

Além da maior quantidade de casos, o perfil dos contaminados também mudou. /Imagem ilustrativa

O número de surtos de caxumba no Brasil tem aumentado de forma significativa nos últimos anos, batendo recordes anuais em diversos municípios brasileiros, mesmo com a vacina para a doença disponível na rede pública de saúde. Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, há no país uma geração de jovens adultos que não recebeu as duas doses da vacina contra a caxumba e está mais propensa a ter a doença.

“Há vários anos o Brasil acumula uma parte da população não foi vacinada e isso propicia a circulação do vírus. Ainda não passaram por campanhas nacionais de vacinação para adultos da tríplice viral e nasceram antes de a vacina ser incorporada ao calendário nacional de vacinação na primeira infância.”

Além da maior quantidade de casos, o perfil dos contaminados também mudou. Nos últimos anos observou-se deslocamento da faixa etária da caxumba – que era mais comum em crianças pequenas – para crianças acima de dez anos, adolescentes e adultos jovens. Nesses casos, a doença pode ser mais severa e levar à encefalite e meningite. Segundo o especialista, é preciso ter atenção às possíveis complicações da doença, mas não há motivo para alarde.

A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, entrou para o calendário básico de vacinação, a crianças de 1 ano de idade, em 1996. Uma segunda dose era aplicada em campanhas posteriores. A segunda dose da vacina passou a integrar o calendário básico aos 4 anos a 6 anos de idade em 2006. Desde 2013, o Ministério da Saúde recomenda uma dose da vacina tríplice viral ao atingir 1 ano de idade e uma dose da vacina quádrupla viral ao chegar ao 1 ano e três meses de idade.

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