Juazeiro: família de paciente que veio a óbito e testou positivo a covid-19 relata sequência de erros no atendimento ao idoso

Família relata descaso no atendimento recebido por idoso (Foto: Ascom/PMJ)

Juazeiro (BA) registrou na segunda-feira (1°) o quinto óbito pelo novo coronavírus. O paciente é um idoso de 75 anos, hipertenso e diabético. Mas segundo a família da vítima,o que houve foi uma sequência erros os quais agravaram o quadro e resultaram na morte do idoso.

O Blog Waldiney Passos conversou com o filho da vítima, que preferiu fazer uma denúncia anônima a respeito do tratamento recebido pelo paciente. No começo da semana passada ele começou a sentir um problema na bexiga, foi atendido por um médico urologista na rede particular. Esse profissional teria receitado uma medicação contraindicada já que o paciente também tinha Chagas.

Os efeitos colaterais começaram a surgir e na quarta-feira (27) o idoso foi encaminhado ao Hospital Promatre de Juazeiro que atende pacientes do Planserv e também é especializado em casos do coração. Apesar de o filho mostrar a carteira do plano e relatar o histórico do paciente, nada disso adiantou. “Ele foi transferido pro Regional sem regulação, sem SAMU e como ele estava com falta de ar e dor na barriga resolvemos levar por conta própria. A médica do Regional disse que ele não poderia ter sido transferido assim, tinha ter sido pelo menos regulado”, conta o filho do paciente.

Transferência ao Hospital Regional

O filho acompanhou o pai na Promatre e relatou que idoso chegou ao Regional com uma mancha no peito, rosto inchado e muita dor na barriga, indícios de uma reação à medicação receitada pelo urologista da Promatre. “O coração dele era ruim por causa da doença de chagas, depois ele teve um colateral com um remédio que não podia usar e começou tudo isso”, explica.

No Regional o paciente foi submetido a um teste de covid-19 e recebeu oxigênio, porém, não da forma correta. “A médica mandou botar 8 no balão de oxigênio, a enfermeira chegou e baixou pra 5. Ele ficou desesperado, eu briguei com ela, subi de novo e ela diminuiu. A gente discutiu, ela foi chamar a médica e meu pai deu a primeira parada. Reanimaram, mas ele teve a segunda e morreu. Foram duas paradas, ela me disse que não suspeitava de covid, inclusive ela estava na sala vermelha com ele sem proteção do covid. Creio q ele pegou covid lá“, relembra o filho.

Óbito e atendimento à família

SESAU de Juazeiro (Foto: ASCOM)

O paciente veio a óbito ainda na tarde do dia 27. O sangue coletado foi encaminhado a Salvador onde no dia 30 de maio o LACEN confirmou covid-19. Contudo, a família tem uma série de questionamentos ainda sem resposta aos envolvidos. “O exame do meu pai deu entrada no dia 28 e saiu no dia 31, muito rápido. Tem gente esperando no mínimo sete dias”, ressalta.

Ainda de acordo com o filho, a Secretaria de Saúde (SESAU) de Juazeiro não informou a família do óbito por covid. Eles ficaram sabendo através de uma mensagem no WhatsApp contendo o boletim do dia 1° de junho. Outra falha da SESAU é que até hoje os familiares do paciente não foram submetidos a testagem do coronavírus. “Pediram nome dos sintomáticos, passei nome, CPF e depois disso não responderam mais“, relata o filho.

Sem respostas dos envolvidos

Diante dos fatos narrados na matéria, o Blog entrou em contato com o Hospital Promatre para questionar o atendimento prestado ao paciente naquela manhã. A Direção respondeu apenas que o “atendimento médico foi adequado, rápido e realizado por profissionais habilitados para tal”.

Até o momento o Hospital Regional de Juazeiro e a SESAU não se pronunciaram. O Blog segue aberto aos esclarecimentos e aguarda uma explicação de ambas as partes.