Mesmo com derrubada de liminar, espadeiros promovem guerra no São João de Bonfim

Apesar da liminar, espadas marcaram a festa de São João (Foto: Reprodução/TV São Francisco)

O São João de Senhor do Bonfim (BA) foi marcado por uma reviravolta. Na quinta-feira (23), o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) suspendeu a decisão liminar que proibia a prisão em flagrante de espadeiros na cidade. Mesmo com a decisão, a festa de ontem foi marcada pela “guerra de espadas”.

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Segundo a TV Bahia, um menor de idade foi apreendido por soltar as espadas e uma outra pessoa foi presa por transportar o objeto em uma mochila. Não há registro de feridos. A reviravolta no São João ocorreu após a Associação de Espadeiros ter conseguido uma liminar permitindo a soltura das espadas sem que ninguém fosse detido.

Contudo, o Ministério Público do Estado acionou a Justiça, pedindo a derrubada da liminar. Apesar de ser considerada uma tradição, a guerra de espadas é proibida por lei. Foi isso que afirmou o juiz plantonista de 2º Grau, Álvaro Marques Filho, que derrubou a liminar inicialmente concedida. Ele destacou que o objeto causa risco à integridade física dos cidadãos.

Senhor do Bonfim: Justiça libera tradicional guerra de espadas no São João

(Foto: Ilustração)

A guerra de espadas, tradicional evento que acontece no São João de Senhor do Bonfim (BA) vai acontecer. De acordo com o Bahia Notícias, o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-BA) liberou o evento, mas apenas em três ruas da cidade.

No texto apresentado nesta quarta-feira (22), o Juiz de Direito  1º substituto da Vara Criminal de Senhor do Bonfim, Tardelli Boaventura, ressaltou que “Ante o exposto, com fundamento no art. 649 do Código de Processo Penal, CONCEDO em parte a ordem requerida, para determinar que as autoridades policiais civis e militares se abstenham de prender em flagrante pessoas que estejam, no dia 23 de junho de 2022, portando ou empregando o uso do artefato conhecido como “espada” nas ruas que costumam ser palco do evento: ruas Costa Pinto, Júlio Silva e Barão de Cotegipe, na cidade de Senhor do Bonfim”.

A ação foi movida pelos espadeiros do município. O argumento utilizado foi o de que a tradição não pode ser considerada crime. Apesar da importância para o turismo e economia da cidade, há uma lei proibindo as guerras por apresentarem risco à vida.

Senhor do Bonfim: PM afirma que adotará medidas para coibir guerras de espada durante São João

(Foto: Ilustração)

A Polícia Militar da Bahia vai reforçar a fiscalização para combater as disputas de espada que acontecem em Senhor do Bonfim durante os festejos juninos. A prática está proibida desde 2017, após decisão do Tribunal de Justiça do Estado (TJBA). Dois anos depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão.

“Foi pedido apoio ao Corpo de Bombeiros, para apagar as fogueiras e também vamos estar com policiamento no local, para que eles não se aglomerem”, disse o comandante do 6º BPM, Tenente Coronel Jamerson de Queiroz. Quem também é contra a prática é o Ministério Público da Bahia (MPBA), que vedou a Prefeitura de Senhor do Bonfim de apoiar esse tipo de evento.

Nessa semana, um garoto de 11 anos perdeu 11 dentes após ser atingido por uma espada, em Cruz das Almas, cidade na qual também é proibida a prática. Mesmo com os riscos, os espadeiros afirmam que a guerra é uma tradição passada de pai para filho e também gera empregos na cidade.

Senhor do Bonfim: OAB critica ação da PM de “reprimir as manifestações culturais pacíficas”

(Foto: Ilustração)

Através de uma nota a Subseção da OAB de Senhor do Bonfim (BA) afirmou que tomará decisões a respeito da atuação da Polícia Militar durante o São João da cidade. Uma estudante acabou ferida após disparos efetuados pelos policiais durante o tradicional espetáculo da Guerra de Espadas.

Uma decisão da Justiça determinou a proibição da manifestação, mas mesmo assim os bonfinenses deram seguimento com o espetáculo que faz parte da tradição da cidade. “A OAB entende que o fatídico episódio gerou perdas não apenas para a quase centenária Guerra de Espadas, mas ao São João de Senhor do Bonfim em geral. Cenas de truculência, turistas aterrorizados, uma parte da economia gerada pelos festejos juninos atingida. Tudo isso trouxe malefícios e não a pretendida segurança para a população bonfinense”, afirma em nota.

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Ainda segundo a OAB, “o uso da força física estatal deve ser utilizada somente em último caso e para reprimir atos reais de violência e graves ameaças, e não reprimir as manifestações culturais pacíficas de um povo, que foi o caso”.

Confira a seguir a nota:

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(Foto: Reprodução/G1 Bahia)

Pelo terceiro ano seguido a “brincadeira” com uso de fogos de artifício conhecida popularmente como “Guerra de Espadas”, está proibida em Senhor do Bonfim, no norte da Bahia. A “Guerra” acontece tradicionalmente durante as festas juninas, com um artefato que é uma variação mais potente dos tradicionais buscapés, feitos de bambu, pólvora e limalha de ferro.

Em Senhor do Bonfim, a cultura do São João é tão latente que a cidade é conhecida como a capital baiana do forró. Além da festa, a tradição marcante do lugar é a guerra de espadas, que mais uma vez está no centro da polêmica, já que Ministério Público da Bahia (MP-BA) aponta que a ação é ilegal. No entanto, alguns moradores do município são contra a suspensão da atividade.

Neste mês de junho, inclusive, o MP-BA lançou uma campanha para alertar os baianos sobre a ilegalidade da guerra de espadas. De acordo com o órgão, fabricar, possuir e soltar espadas é crime cuja pena pode chegar até seis anos de prisão.

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