Ipec aponta Lula com 17 pontos à frente de Bolsonaro e acirra ainda mais o debate sobre a idoneidade dos institutos de pesquisa

Uma coisa é certa, após  domingo, dia 02 de agosto, com a contabilização dos votos nestas eleições, a credibilidade dos institutos de pesquisa não será mais a mesma. Aliás, desde a eleição de 2018 para presidente, quando o Datafolha publicou uma pesquisa no dia 28 de setembro daquele ano, poucos dias antes do primeiro turno das eleições, informando que o então candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, perderia no segundo turno para qualquer um dos candidatos, que os eleitores estão um tanto quando incrédulos com a divergência entre o resultado oficial das eleições e as sondagens dos institutos de pesquisa.

Veja abaixo as simulações de segundo turno mostradas pelo Datafolha em 2018:

Haddad x Bolsonaro

Haddad: 45%

Bolsonaro: 39%21

Branco/nulo: 13%

Não sabe: 2%

Alckmin x Bolsonaro

Alckmin 45%

Bolsonaro: 38%

Branco/nulo: 16%

Não sabe: 2%

Ciro x Bolsonaro

Ciro 48%

Bolsonaro 38%

Branco/nulo: 12%

Não sabe: 2%.

Veja que em todos os cenários Bolsonaro não passava de 39%, mas quando as urnas foram abertas o atual presidente foi eleito com 55,13% – uma diferença de 16,13%.

Primeiro turno

A mesma pesquisa do Datafolha  contratada pela TV Globo e pelo jornal “Folha de S. Paulo” e registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-08687/2018, apontou que no primeiro turno Bolsonaro teria apenas 28% das intenções de voto, seguido por Haddad (22%). Mais uma vez o erro foi grande, Bolsonaro obteve no primeiro turno  46,03% – uma diferença de 18,03 pontos percentuais.

Pois bem, se em 2018 houve toda essa divergência nos resultados das pesquisas, este ano não está sendo diferente. O próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi às redes sociais na última quinta-feira (22), questionar os resultados das pesquisas eleitorais e pedir punição a institutos, sem especificar a qual entidade se referia.

No Twitter, Lira escreveu: “Nada justifica resultados tão divergentes dos institutos de pesquisas. Alguém está errando ou prestando um desserviço. Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura. Não podemos permitir que haja manipulações de resultados em pesquisas eleitorais. Isso fere a democracia.”

E ele tem toa razão, o que estaria acontecendo com tamanha disparidade nos resultados dos diversos institutos de pesquisa? NA última semana, por exemplo, teve resultado de pesquisas para atender todos os gostos: Lula liderando com 18 pontos de frente, Lula liderando entre 6 e 8 pontos de frente, Lula em empate técnico com Bolsonaro dentro da margem de erro e Bolsonaro liderando com 13 pontos de frente.

Diante deste cenário alguém vai ter que pedir desculpas aos brasileiros após as eleições por tentarem influenciar o eleitor com resultados construídos. Mesmo que recorram ao velho discurso das metodologias diferenciadas, nada justifica essa divergência gritante entre os resultados apresentados.

Hoje, o Instituto Ipec divulgou nova pesquisa, contratada pela TV Globo, apontando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está com 48% das intenções de voto e tem possibilidade de vitória em 1º turno, com 52% dos votos válidos. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 31% e 34% dos votos válidos. Com isso, a diferença entre os dois é de 17 pontos percentuais.

A pesquisa realizou 3.008 entrevistas pessoais face a face entre os dias 25 e 26 de setembro. O nível de confiança, segundo o Ipec, é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número BR-01640/2022 com custo de R$ 347.659,06

TCU estuda declarar inidoneidade das maiores empreiteiras investigadas na Lava Jato

O Tribunal de Contas da União (TCU) estuda declarar a inidoneidade das principais construtoras investigadas na Operação Lava Jato Com isso, elas ficariam proibidas de fechar contratos com a administração federal. A reação do tribunal ocorre porque as negociações entre governo e empresas se arrastam há mais de dois anos e nenhuma das grandes construtoras foi punida nem pagou pelos prejuízos causados por meio dos acordos de leniência – delações premiadas de pessoas jurídicas.

Um dos processos em que pode ser declarada a inidoneidade apurou a participação de 16 empreiteiras em combinação de preços, quebra de sigilo de propostas, divisão de mercado, acerto prévio de resultados e direcionamento de licitações em obras da Refinaria de Abreu e Lima , em Pernambuco. Nesse grupo, estão empresas como Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.

O TCU também  identificou o envolvimento de sete empresas em conluio e fraudes à licitação na montagem eletromecânica da Usina de Angra 3, entre elas Odebrecht, UTC, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa. Os contratos somaram de R$ 2,9 bilhões.

Nesses casos, a Lei Orgânica do tribunal prevê a proibição dessas empresas de participar de concorrências públicas e de assinar contratos por até cinco anos. O Ministério Público Federal também vem fechando acordos com empreiteiras como a Camargo Corrêa e a Odebrecht.

O Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU) abriu processos para responsabilizar 29 empresas. Os cinco casos em que houve declaração de inidoneidade não envolvia nenhuma das maiores construtoras. Três processos foram arquivados por falta de provas. Outros 21 estão em andamento. Com a demora nos processos, as empreiteiras podem fechar negócios com o governo e não cobrem os prejuízos causados aos cofres públicos. E os os prazos de prescrição continuam correndo.

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