Iphan conta com orçamento recorde para investir no patrimônio cultural

Frevo, maracatu, carimbó, ritmos carnavalescos e o ofício das baianas do acarajé são expressões culturais que fazem parte dos 52 bens imateriais registrados como patrimônios imateriais brasileiros. Somados ao patrimônio material, que são os bens arqueológicos, paisagísticos e etnográficos; belas artes e as artes aplicadas, esse conjunto compõe o Patrimônio Cultural Brasileiro. Em 2023, esse acervo vai contar com um orçamento recorde de R$ 135 milhões, que serão investidos em ações e projetos, bem como para obras do Programa de Aceleração do Crescimento Cidades Históricas, criado em 2013, no governo Dilma Rousseff.

O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Leandro Grass, falou em entrevista ao programa Brasil em Pauta, da TV Brasil, sobre o assunto. “O orçamento de agora volta a ser um orçamento semelhante ao de 2016. É uma mudança de rota na política do patrimônio cultural brasileiro”.

Além de questões orçamentárias, o presidente do Iphan comentou sobre a volta do instituto para o Ministério da Cultura e a importância da política de patrimônio para o país. “O Iphan deve estar vinculado ao Ministério da Cultura por excelência, porque o nosso fazer política de patrimônio cultural diz respeito não só a aquilo que fica mais visível para a sociedade, que são as obras de restauração e conservação, mas também diz muito sobre a nossa relação com o fazer cultural de cada região do país”, explicou.

“O patrimônio é uma questão cultural por essência porque diz respeito à história da humanidade, a todas as suas realizações, tem a ver com os momentos importantes para a sociedade como um todo. Portanto, nós temos alguns bens culturais que são patrimônio cultural brasileiro que fazem relação muito grande com as comunidades de matriz africana, com a herança africana no Brasil, com a perspectiva das etnias indígenas, também a interação com a memória sensível do país, do processo de escravização das pessoas, a própria ditadura militar. Ou seja, a política de patrimônio, além de ser importante para o povo se reconhecer, é também sobre o futuro, porque se a gente não traz essa memória, a gente não se vê como sociedade e a gente não consegue se tornar uma nação, uma sociedade de maneira integrada”, disse Grass.

Ainda sobre o contexto histórico do patrimônio, o presidente do Iphan falou sobre o projeto de restauração do prédio Docas Pedro II, na zona portuária do Rio de Janeiro. O edifício abrigará o Centro de Interpretação do Cais do Valongo. “[O Docas Pedro II] é o primeiro prédio que foi, segundo relatos, feito com uma mão de obra não escravizada no Brasil, e que tem servido para esse ponto de encontro, para essa convergência da memória africana no país”, destacou.

“Será um centro de interpretação sobre a memória africana. Então, possivelmente a gente vai ter museu, áreas também multiuso. Nós temos lá um acervo arqueológico encontrado no Valongo, que vai desde pedras, da estrutura, até objetos pessoais dos antigos escravizados, nossos ancestrais. Então é um lugar muito rico e que vai servir para a população brasileira e internacional encontrar as informações e conhecimento sobre a herança africana em nosso país”, acrescentou.

O Cais do Valongo foi construído em 1811 para o desembarque e comércio de africanos escravizados que eram levados para as plantações de café, fumo e açúcar do interior do estado do Rio de Janeiro e de outras regiões do Brasil. De acordo com o Iphan, cerca de um milhão de africanos escravizados passaram pelo Cais do Valongo em cerca de 40 anos. O sítio arqueológico passou a integrar a Lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2017.

Ato golpista
De acordo com o presidente do Iphan, quase 80% das obras e patrimônios que foram depredados durante os atos antidemocráticos e golpistas de 8 de janeiro, já foram restaurados e recompostos, graças ao trabalho dos servidores do Iphan e dos técnicos das três casas danificadas, o Palácio do Planalto, o Palácio do Congresso Nacional e o Palácio do Supremo Tribunal Federal.

“De nada adianta a gente restaurar, seja o edifício, a praça, as obras de arte, se nós não tivermos uma ação de trazer a sociedade para perto. Existe o desejo do presidente Lula de promover um grande plano de ação da Praça dos Três Poderes com as culturas do nosso país, com as identidades regionais, e nós estamos participando disso, também o Memorial da Democracia, que é um desejo da ministra [da Cultura] Margareth [Menezes] que está sendo também desenhado para que isso não se repita, porque a educação patrimonial, a memória, são formas de evitar esses crimes no futuro”, afirmou Leandro Grass.

Agência Brasil

MPF pede afastamento da presidente do Iphan, após fala de Bolsonaro sobre interferência para beneficiar empresário dono da Havan

Poucos dias após o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) afirmar que interferiu no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Ministério Público Federal (MPF) pediu o afastamento da presidente do órgão.

A solicitação foi apresentada à Justiça Federal. No pedido protocolado na quinta-feira (16), o procurador Sergio Gardenghi Suiama entendeu que a medida é necessária devido ao “surgimento de nova confissão” de Bolsonaro demonstrando “vício de finalidade”.

Para o MPF, com isso, não há dúvida sobre “o desvio de finalidade na nomeação e posse da atual presidente do Iphan” MPF afirma que “não há oposição de dúvida razoável sobre o desvio de finalidade na nomeação”. Larissa Rodrigues Peixoto Dutra assumiu ao cargo mesmo sem ter formação na área e já ter sido considerada “sem qualificação” para tal posto.

A fala de Bolsonaro foi dada na última quarta-feira (15), quando ele citou a interferência do Iphan para atender interesses de Luciano Hang, dono da Havan. Confira:

Forró poderá se tornar Patrimônio Cultural do Brasil

(Foto: Ilustração/Internet)

O forró, ritmo popular da região Nordeste, deve se tornar Patrimônio Cultural do Brasil. O processo de registro teve início na última sexta-feira (5). O Diário Oficial da União publicou um aviso sobre o trâmite e fará um processo de pesquisa sobre o pedido.

De acordo com o documento, a justificativa para a abertura do processo é o reconhecimento do Forró como “forma de expressão multimodal, cujo núcleo é a performance social de um leque de tipos de música e dança” no âmbito da cultura popular.

“O forró, assim como o choro, o frevo e o samba, definiu-se nos bailes e festividades populares, num ambiente de ampla participação e de contatos físicos e culturais”, ressalta a proposta. Após a publicação no Diário Oficial da União, também está aberto o prazo de 30 dias para manifestações de interessados. Após esse período, haverá votação no Conselho Consultivo do Patrimônio.

Ex-assessor de Geddel é nomeado para chefiar gabinete no Iphan

(Foto: Internet)

Ex-assessor do ex-ministro Geddel Vieira Lima, Marco Antonio Ferreira Delgado foi nomeado para assumir o cargo de chefe de gabinete, código DAS 101.4, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A informação consta na edição desta quinta-feira (28) do diário oficial da União. A nomeação foi assinada pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, pasta a qual o Iphan está vinculada. A informação foi inicialmente veiculada pelo colunista Bernardo Mello Franco, do jornal O Globo.

Delgado foi nomeado por Geddel como assessor do Gabinete da Secretaria de Governo em maio de 2016. Ele permanceu na pasta com a saída do chefe e a entrada de Carlos Marun, até ser exonerado em maio de 2018. O assessor também atuou no governo de Dilma Roussef (PT), passando pelo Ministério do Turismo e pela secretaria de Aviação Civil.

Em 2016, quando era ministro-chefe da Secretaria de Governo na gestão de Michel Temer (MDB), Geddel tentou interferir numa decisão do Iphan na obra do Edifício La Vue, em Salvador, em 2016. À época, o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, indicou que Geddel tentou pressioná-lo junto ao Iphan para liberar parecer favorável à construção do empreendimento.

Em março deste ano, o ex-ministro foi condenado pela Justiça Federal de Brasília por improbidade administrativa no caso (leia mais aqui). A decisão determinou que ele fique proibido de exercer função pública por cinco anos e pague uma multa de 10 vezes o valor do salário que recebia enquanto ministro da Secretaria de Governo. Atualmente, Geddel cumpre pena 14 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, pelo caso do bunker de R$ 51 milhões, encontrado em um apartamento na Graça, na capital baiana, em 2017.

No vídeo da reunião ministerial realizada no dia 22 de abril, e divulgado na última sexta-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sugere que o Iphan  “para qualquer obra do Brasil”. Ele atacou a atuação do órgão após uma obra do seu amigo pessoal e apoiador, Luciano Hang, dono da Havan, ter sido paralisada. Na última quinta-feira (21), Hang foi alvo de uma operação da Polícia Federal. Ele é investigado no âmbito do inqúerito Supremo Tribunal Federal (STF) que apura um suposto esquema de financiamento de disparo de fake news. Ele também é acusado é investigado por ataques contra a Suprema Corte.

Maioria da Comissão de Ética vota por investigar Geddel, mas decisão é adiada

Cinco conselheiros votaram pela instauração do processo, mas um pedido de vista do conselheiro José Saraiva levou ao adiamento da decisão (Foto: internet)

Cinco conselheiros votaram pela instauração do processo, mas um pedido de vista do conselheiro José Saraiva levou ao adiamento da decisão (Foto: internet)

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República adiou hoje (21) a decisão sobre a abertura de processo para apurar se o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, violou o código de conduta federal ou a Lei de Conflito de Interesses (Lei nº 12813) ao procurar o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, para tratar de um assunto de seu interesse pessoal.

Cinco conselheiros votaram pela instauração do processo, mas um pedido de vista do conselheiro José Saraiva levou ao adiamento da decisão, que deve ser avaliada na próxima reunião do colegiado, marcada para 14 de dezembro. Saraiva manifestou a necessidade de estudar melhor as informações, divulgadas pela imprensa no fim de semana.O conselheiro Marcelo Figueiredo adiou seu voto até a manifestação de Saraiva. Os cinco conselheiros que já se pronunciaram a favor da abertura do processo podem rever seus votos. 

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