Com 451 mortes, Pernambuco tem o pior mês do Pacto pela Vida

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Pernambuco está como um dos únicos Estados do Nordeste a apresentar crescimento no número de homicídios./ Foto: ascom

O Estado de Pernambuco fechou o mês de outubro com 451 homicídios registrados, o pior resultado para um mês desde o lançamento do Pacto pela Vida, em 2007. O resultado do mês passado, segundo dados da própria Secretaria de Defesa Social, eleva para 3.600 o número de assassinatos acumulados no ano, sinalizando para o crescimento no número de crimes violentos letais intencionais pelo terceiro ano consecutivo.

“Nos últimos três anos, regredimos quase uma década no combate à criminalidade. O Pacto pela Vida entrou em colapso e a Secretaria de Defesa Social e o Governo do Estado não conseguem mais dar respostas à demanda por segurança da sociedade pernambucana”, avaliou o deputado Silvio Costa Filho (PRB), líder da Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

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Deputados aprovam realização de audiência pública para discutir Pacto pela Vida

Líder do Governo, o deputado Waldemar Borges (PSB) disse que o Estado também tem interesse em refletir sobre o programa. (Foto: Waldiney Filho)

Líder do Governo, o deputado Waldemar Borges (PSB) disse que o Estado também tem interesse em refletir sobre o programa. (Foto: Waldiney Filho)

A Comissão de Cidadania promoverá, ainda neste ano, audiência pública para discutir o Pacto pela Vida e o aumento da violência no Estado. Proposto pelo líder da Oposição, deputado Sílvio Costa Filho (PRB), o Requerimento n° 2.491/2016, que solicita o encontro e convoca autoridades, foi aprovado na Ordem do Dia desta terça (8), após acordo com a Liderança do Governo.

Durante a discussão do requerimento, Costa Filho solicitou urgência no agendamento do debate. “Peço que marquemos a audiência ainda para novembro ou, no mais tardar, na primeira semana de dezembro. O aumento da criminalidade no Estado tem preocupado toda a população e é importante que a Casa discuta o quanto antes esse tema”, defendeu.

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Petrolina é a cidade com maior taxa de crescimento de homicídios do estado em 2015

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Em relação à taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes, Petrolina aparece em 6º lugar. / Foto: arquivo

A Secretaria de Defesa Social (SDS) concluiu recentemente um estudo da conjuntura criminal, responsável por analisar os números da violência, mês a mês, em todas as regiões do Estado. Com o pior resultado da história do Pacto pela Vida em 2015, os municípios com mais de 100 mil habitantes também apresentaram forte crescimento da violência, com exceção de Paulista, que teve uma leve redução nos números.

Em relação à taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes, o município do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, venceu a disputa. A taxa passou de 62,5 para 80,66. Confira a lista completa abaixo:

1 – Cabo de Santo Agostinho – 80,66

2 – Igarassu – 62,64

3 – Caruaru – 58,23

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“Efetivo não é fator que vai prejudicar nosso trabalho. Buscar parcerias é a grande solução”, afirma comandante do 5º Batalhão da PM, em Petrolina

"Polícia tem que estar junto do povo, da sociedade,participando de reuniões, indo para as escolas, escolhendo territórios mais sensíveis", destaca tenente coronel Ricardo Peres/Foto: Blog WP

“Polícia tem que estar junto do povo, da sociedade,participando de reuniões, indo para as escolas, escolhendo territórios mais sensíveis”, destaca tenente coronel Ricardo Peres/Foto: Blog WP

À frente do comando do 5º Batalhão da PM desde novembro de 2015, o tenente coronel Ricardo Peres conhece bem os mecanismos que fazem o setor da segurança pública ter resultados positivos. Em quase uma década atuando especificamente em áreas do sertão, o comandante tem a ciência de que traçar parceria e estimular seus comandados ainda é a melhor fórmula para superar os desafios e reduzir os índices de violência. “O gestor tem que ter estratégia, metodologia e trabalhar com os recursos humanos que tem em mãos. Fazer a coisa fluir e acontecer. Precisamos sempre analisar os contextos sociais e , em cima disso, viabilizar o trabalho, porque tem variantes, crise financeira. Efetivo não é fator que vai prejudicar nosso trabalho. Buscar parcerias é a grande solução, promover o envolvimento de todos os poderes”, avalia Peres.

O tenente coronel recebeu nossa reportagem esta semana para um bate papo sobre demandas sugeridas por nossos leitores e internautas. Confira agora a entrevista na íntegra:

Blog Waldiney Passos – O 5º Batalhão da PM está inserido numa área de reconhecido dinamismo e desenvolvimento sócio-econômico. Isso interfere, de certa forma, na segurança pública. Em patamares atuais, qual o perfil da violência em Petrolina?

Comandante Ricardo Peres – Uma boa pergunta porque nos dá a oportunidade de esclarecermos  aspectos do nosso trabalho. Já próximos de findar esse primeiro  semestre e podemos dizer que tivemos várias etapas diferenciais da violência. No primeiro trimestre verificamos um aumento considerável dos crimes de proximidade, ou seja, conflito na comunidade, crimes afetivos, familiares. Casos bem característicos na região, emblemáticos, porque em sua maioria são crimes que ocorrem dentro de casa. Já a partir de abril vimos este cenário mudar, intensificamos ações preventivas e observamos mais os crimes ocorridos na zona rural, em áreas de projetos, com atuação de grupos; também de adolescentes com práticas criminosas, enfim, já colocamos estes números em seus patamares e tivemos essas evidências.

Blog WP- Petrolina, por si só, já é uma cidade que apresenta várias demandas. Além dela, o 5º BPM atua ainda em  Dormentes e Afrânio. O efetivo é um grande desafio para a realização das atividades cotidianas?

Peres – Olha, essa discussão não considero justa. Há oito anos trabalho no Sertão, entre idas e vindas, e a gente já verificou várias coisas. Não concordo com esse discurso. É necessário investir na inteligência, na qualidade da formação, no preparo do nosso policial, ver como integrar com outros parceiros como Policia Federal, Guarda Municipal, Polícia Rodoviária Federal, Justiça, Polícia Civil; acredito que a integração das forças é que faz ações eficientes. Porque às vezes você pode ter material humano em quantidade, mas não em qualidade ou com pouca produtividade. E um profissional motivado vale por dez. Acredito que o gestor tem que integrar forças, motivar. Várias vezes que passei por aqui, dificilmente você vai me ver apontar para efetivo ou logística como sendo causas para atingirmos ou não os objetivos propostos. O gestor tem que ter estratégia, metodologia e trabalhar com os recursos humanos que tem em mãos. Fazer a coisa fluir e acontecer. Precisamos sempre analisar os contextos sociais e , em cima disso, viabilizar o trabalho, porque tem variantes, crise financeira. Efetivo não é fator que vai prejudicar nosso trabalho. Buscar parcerias é a grande solução, promover o envolvimento de todos os poderes.

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O aumento da violência em Pernambuco é assustador

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Em Pernambuco, os registros evidenciam que crise econômica  também contribui para este aumento da criminalidade. Somente no primeiro semestre de 2016, o aumento de crimes contra o patrimônio subiu para 37% e os homicídios o aumento foi de 8%.

O Estado tinha conseguindo em anos anteriores através do Programa Pacto pela Vida diminuir significativamente os números da criminalidade, contudo a escassez de recursos da máquina pública sofreu uma queda, e o atual governo não vem conseguindo manter a proposta do ex-governador Eduardo Campos que era investir em segurança e evitar o número excessivo de crimes no Estado.

O governador Paulo Câmara tem enfrentado dificuldade em relação a segurança, durante sua gestão já foram registradas rebeliões, paralisações das policias Civil e Militar, e os recursos do estado para serem investidos na segurança em anos anteriores eram bem maiores, pois o Produto Interno Bruto (PIB) estadual crescia 2,9%, mas o cenário atual é diferente.

44 homicídios só neste final de semana em Pernambuco

Ilustração mortes peAs estatísticas policiais referentes ao número de mortes em Pernambuco dão conta que o “Pacto Pela Vida”, tem andado na contra mão do que propõe que é justamente promover a paz social, cuja meta básica é reduzir em 12% ao ano as taxas de mortalidade violenta intencional no Estado.

Somente neste final de semana foram registrados 44 homicídios em Pernambuco,  sendo 28 no interior e 16 na Região Metropolitano do Recife. De sexta(8) para sábado(9), destas, 12 aconteceram no interior e nove na RMR, totalizando 21 ocorrências.

Do sábado para o domingo (10), foram registrados nove homicídios no interior do Estado e três no Recife e Região Metropolitana. Por fim, da noite do último domingo para esta segunda-feira (11), sete pessoas morreram no interior e quatro na RMR. No total, são mais de 40 crimes em pouco mais de 48h: quase uma pessoa morta a cada hora.

Audiência na Alepe debate aumento do número da violência em Pernambuco

Ilustração mortes peAcontece nesta quarta-feira, 6, às 9h30, no Plenarinho 3 da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no Recife, audiência pública para apresentar um balanço dos números da violência em Pernambuco em 2015. O evento é uma iniciativa da Bancada de Oposição da Alepe, em parceria com a Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe), Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) e Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco (ACS).

Segundo informações da base de dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), Pernambuco fechou o ano passado com 455 homicídios a mais que em 2014, num crescimento de 13,2%.

Os números contrariam a meta do programa estadual Pacto Pela Vida do Governo que visa reduzir a violência, foram registrados, de janeiro a dezembro de 2015, um total de 3.888 casos, ante os 3.433 registrados no ano anterior.

De acordo com os oposicionistas esse é o segundo ano consecutivo de crescimento dos números, já que em 2014 houve uma alta de 10,7% nos registros de mortes violentas. (Arte: via ilustração do DP).

Desafio do governo é conter aumento nos homicídios

PACTO PELA VIDA

Há exatamente um ano, no dia 3 de janeiro de 2015, foi realizada a primeira reunião do Pacto pela Vida (PPV) sob a batuta do então recém-empossado governador de Pernambuco, Paulo Câmara. O encontro em pleno sábado, e dois dias após a posse, foi um sinal inequívoco de que havia pressa em retomar as rédeas da política de segurança pública, após um aumento de 9,5% dos homicídios em 2014. Doze meses depois, o governo não só não conseguiu reverter os índices, como viu um aumento significativo no número de assassinatos. Em números absolutos, até o dia 25 de dezembro do ano passado, a Secretaria de Defesa Social (SDS) contabilizava 3.804 homicídios em 2015. Um número bem maior que as 3.435 mortes registradas durante todo o ano de 2014, que por sua vez já representaram um baque na comparação com 2013, o melhor ano do PPV, quando foram 3.102 assassinatos.

Em entrevista Paulo Câmara disse que o desafio para o ano que começa não é pequeno: reverter uma curva ascendente estimada em 13% no número de mortes violentas somente de 2014 para 2015. “Pernambuco era um ponto fora da curva na questão da segurança, e voltou a ser um ponto igual a todos. Nosso esforço vai ser incansável no sentido de voltar a fazer com que o Estado seja um ponto fora da curva”, disse Paulo Câmara. (Com informações Blog Edy Vieira)

Oposição questiona ausência do Governo em audiência para discutir Pacto pela Vida

11.11-SILVIO-COSTA-FILHO-RS-1-de-1-300x200Em pronunciamento na tribuna o líder da Oposição, deputado Sílvio Costa Filho (PTB), queixou-se ontem da ausência de representantes do Governo do Estado na audiência pública “Pacto pela Vida e o aumento da criminalidade”. A discussão foi promovida pela bancada oposicionista, no auditório da Assembleia Legislativa. “Foi uma desatenção não só conosco, mas com este Poder Legislativo e com todos os pernambucanos, que estão preocupados com o aumento da violência. O maior imposto que a sociedade paga é o medo de sair às ruas”, considerou.

De acordo com o parlamentar, o encontro para debater o programa de segurança pública estadual teria sido adiado por mais de um mês, a pedido das lideranças do Governo na Alepe. “Os convites foram enviados com 11 dias de antecedência e hoje, cinco minutos antes de começar a audiência, o secretário de Defesa Social (Alessandro Carvalho) manda um ofício dizendo que não poderia vir nem enviar representante. Isso é um desrespeito”, avaliou. Estiveram presentes oito deputados, além de integrantes das Polícias Civil e Militar e do Ministério Público estadual.

Costa Filho citou dados que dão conta de um aumento de 15% nos assassinatos, 10% na violência contra a mulher, 200% nos assaltos a bancos e caixas eletrônicos, e de mais de 20% no consumo de crack e outras drogas em 2015, com relação ao ano passado. “Até hoje, já morreram mais pessoas em nosso Estado neste ano que em 2014, com expectativa de chegar a quase 3,8 mil assassinatos”, observou o petebista. “Todos concordamos que o Pacto Pela Vida foi, na sua origem, um programa exitoso. Mas, desde o ano passado, já se observa uma piora nos indicadores.”

Além disso, agentes da segurança pública teriam relatado problemas como coletes com mais de três anos de uso, terceirização e deterioração das viaturas e prática de enviar apenas dois policiais militares por operação. “Há regiões em que um delegado cuida de cinco municípios, o que é humanamente impossível. O governador tem que assumir a gestão do programa, repactuar com a sociedade e apresentar uma nova agenda, senão vamos entrar em colapso”, salientou. Ele também pediu ao primeiro vice-presidente da Casa, deputado Augusto César (PTB), que coordenava a Reunião Plenária, para solicitar a presença de um representante do Governo para tratar do tema nos próximos dias.

Em aparte, o deputado Álvaro Porto (PTB) fez coro à crítica. “A ausência de representante da SDS não é novidade. Aconteceu há algum tempo também em audiência que realizamos em Canhotinho, no Agreste. O melhor que o secretário poderia fazer seria entregar o cargo para alguém que tivesse pulso”, afirmou. Já o deputado Edilson Silva (PSOL) sugeriu uma mudança de postura na bancada. “O Governo não tem estado à altura do padrão de oposição propositiva, respeitosa e republicana que estamos fazendo nesta Casa. Acho que devemos mudar o tom”, defendeu.

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