Exploração arqueológica no Projeto São Francisco beneficia pesquisa científica

 

Os vestígios patrimoniais coletados em campo são objeto de pesquisa para os pesquisadores e para estudantes da área de arqueologia, paleontologia e ambiente do semiárido/Foto: divulgação

Os vestígios patrimoniais coletados em campo são objeto de pesquisa para os pesquisadores e para estudantes da área de arqueologia, paleontologia e ambiente do semiárido/Foto: divulgação

Os investimentos para garantir a atenção que a ciência exige a todos os bens arqueológicos encobertos no caminho dos canais e infraestruturas do Projeto de Integração do Rio São Francisco, no sertão brasileiro, ganharam um reforço de R$ 2,3 milhões. Os recursos foram destinados ao aparelhamento de laboratórios da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e do Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente do Semiárido (Inapas), todos eles voltados a pesquisas arqueológicas na área de atuação do projeto.

O aporte de recursos permitiu a aquisição de equipamentos para análise especializada nos laboratórios de vestígio lítico, de cerâmica, registros rupestres, paleontologia do Quaternário, geoarqueologia e também na área de processamento de dados. Outra parte do investimento foi utilizada para incrementar as atividades de campo e do laboratório de energia nuclear, com equipamentos específicos que reforçam a precisão de dados coletados pelas equipes.

Foram adquiridos scanners especiais, microscópios, câmeras digitais de alta resolução e computadores para o processamento de imagens e com grande capacidade de armazenamento de dados. Os equipamentos têm uso específico. O laboratório de registros rupestres, por exemplo, recebeu escâneres laser que estão vinculados a receptores de GPS e estações totais; são dispositivos topográficos de precisão usados para o georreferenciamento das capturas feitas por eles. Todos os itens beneficiam instituições públicas e federais.

Os pesquisadores que atuam no Projeto São Francisco são membros da Fumdham e do Inapas, que integra os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os vestígios patrimoniais coletados em campo são objeto de pesquisa para os pesquisadores e para estudantes da área de arqueologia, paleontologia e ambiente do semiárido.

Com informações do Ministério da Integração

 

Caravana socioambiental dos bispos do Nordeste realiza visita ao Projeto São Francisco na segunda

Pro SF 1

A Regional Nordeste 2, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), organizou uma caravana socioambiental que vai percorrer durante a próxima semana – de 29 de fevereiro a 3 de março – as obras do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF). O presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Felipe Mendes, participa da programação.

A Codevasf será a operadora do Projeto São Francisco quando a obra – considerada a maior realizada pelo governo federal no Nordeste – for concluída e entregue pelo Ministério da Integração Nacional. Ao todo, cerca de doze milhões de pessoas em quatro estados (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco) serão beneficiadas.

Para Mendes, é possível analisar o empreendimento não só pela grandeza no lado físico. Ele afirma que, para os religiosos, existe uma interpretação espiritual e cita a passagem da Bíblia onde o profeta Isaías escreve que o Senhor abriu no deserto um caminho e “rasgou rios na terra seca”: “As pessoas de um modo geral que têm fé em Deus, que têm crenças religiosas, irão compreender a passagem bíblica que diz que Deus criou uma obra no deserto fertilizando o deserto, levando água para onde só havia deserto, que é o que vai acontecer agora nessa região, sem que a gente possa deixar de entender o caráter social, mas, também, no fundo, no fundo, um caráter de religiosidade que a gente tem, porque água é vida, e a vida precisa ser preservada e  protegida pelo Estado”.

A comitiva será composta por representantes da igreja católica, organizações da sociedade civil, universidades e representantes do governo federal, dos ministérios da Integração Nacional, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, do Desenvolvimento Agrário, além de técnicos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).

“A visita ao rio São Francisco ocorre dentro do contexto da Campanha da Fraternidade de 2016, que tem como tema ‘Casa Comum, Nossa Responsabilidade’. Será uma oportunidade para que a população possa conhecer e contribuir com o projeto, exercendo seu papel de cidadania e de controle de políticas públicas, bem como acompanhar a execução e exigir que os objetivos sejam cumpridos e que os direitos das populações mais humildes, sobretudo os de produtores rurais voltados para agricultura familiar, possam ser contemplados”, explica o arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha.

O ponto inicial da viagem será o município de Itajá, no Rio Grande do Norte, onde visitam a Barragem Armando Ribeiro. O grupo também vai conhecer as obras da Barragem Oiticica, em Jucurutu. À tarde, se deslocarão para Cajazeiras.

Na terça, a comitiva irá à Barragem Engenheiro Ávidos – conhecido como Boqueirão –, no município paraibano de São José de Piranhas, um dos reservatórios que receberá as águas do Velho Chico. À tarde, seguirão para o estado do Ceará, onde farão uma visita ao Açude Jati e o Canal Eixo Norte, no município de Jati. Ainda, no Ceará, a caravana conhecerá algumas vilas produtivas.

Na quarta, conhecerão a Estação de Bombeamento da água do Velho Chico, em Salgueiro, Pernambuco. No final da tarde, irão ao rio São Francisco, onde acontecerá uma celebração.

A viagem termina na quinta-feira, com uma missa na Catedral, na cidade de Salgueiro, e com um momento de diálogo com representantes da sociedade civil, órgãos públicos, envolvidos com o Projeto de Integração das Bacias e representantes do assentamento Baixa Verde (de Jati-CE) e de uma comunidade quilombola de Salgueiro (PE).