Renda média dos nordestinos cresceu mais que a média do país

Renda e economia. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O rendimento médio mensal dos ocupados cresceu mais no Nordeste do que no Brasil entre 2001 e 2014. A PNAD 2014 mostra que a renda média dos nordestinos passou de R$ 860 para R$ 2.079, registrando aumento de 221,8%, enquanto a nacional apresentou variação de 189,2% no mesmo período. Na última década, Pernambuco surfou na onda positiva do mercado de trabalho com a chegada dos investimentos estruturadores no Complexo Industrial Portuário de Suape e de novas indústrias que se instalaram no interior. Com a maior oferta de empregos com carteira assinada, a renda média dos pernambucanos teve incremento de 200%, passando de R$ 709 para R$ 2.127 na década.

O economista Alexandre Jatobá, diretor-financeiro da Datamétrica Consultoria, Pesquisa e Contact Center, observa que o crescimento maior do rendimento do Nordeste aconteceu com maior intensidade no interior dos estados de Pernambuco, Bahia e Ceará. As regiões metropolitanas registraram incremento menor de renda do que a média nacional. Ele atribui a melhor recuperação dos salários no interior às políticas sociais, entre elas, o programa Bolsa Família e os benefícios de prestação continuada da Previdência Social, cujos efeitos são mais fortes nas regiões mais pobres e carentes.

Segundo Jatobá, outro motor que impulsionou a renda das populações interioranas do Nordeste foi o crescimento de investimentos privados fora das áreas metropolitanas via políticas de incentivos fiscais. Ele aponta os investimentos do setor público em obras de infraestrutura de transportes e a interiorização das universidades e de faculdades públicas como fatores que alavancaram a renda dos nordestinos. “Ainda assim, há um longo caminho a percorrer, posto que o rendimento médio no Nordeste em 2014 corresponde a apenas 66% da média nacional.”

O retrato colorido do mercado de trabalho apresentado pela PNAD 2014 poderá ser revertido em 2015 com o agravamento da crise econômica e política, o menor crescimento do PIB e alta da inflação. O aumento do desemprego, a perda dos empregos com carteira assinada e a queda do rendimento já são sinalizados na PNAD Contínua trimestral. “Não teremos o retrocesso de 10 anos, mas o rendimento médio no país tenderá a cair em 2015.” (Diário de Pernambuco)