Joesley Batista e Ricardo Saud deixam a carceragem da PF, mas terão que usar tornozeleira eletrônica

Joesley Batista e Ricardo Saud. (Foto: Internet)

O executivo Joesley Batista, dono da holding J&F – controladora do grupo JBS, deixou a carceragem da Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, na noite desta sexta-feira (9). O empresário estava preso preventivamente desde setembro do ano passado.

A decisão de soltar o empresário foi do juiz federal Marcos Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília. Segundo o magistrado, a prisão do executivo era “flagrantemente aviltante ao princípio da razoável duração do processo”, já que a conclusão da instrução criminal deveria durar até 120 dias.

Também foi beneficiado pelo habeas corpus concedido nesta sexta-feira (9) o ex-diretor do grupo, Ricardo Saud, que foi preso junto com Joesley, mas estava detido na penitenciária da Papuda, em Brasília. Ele também já deixou a prisão. O juiz Marcos Vinícius Reis Bastos ainda determinou que os dois executivos entregassem seus passaportes.

Os executivos estavam presos preventivamente após terem sido acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de obstrução de Justiça, por supostamente terem ocultado informações em seus acordos de delação premiada.

A PGR pediu a rescisão dos acordos ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas o juiz Reis Bastos ressaltou que as delações ainda não tiveram a respectiva revogação homologada, motivo pelo qual os executivos ainda gozam de imunidade penal, também não podendo, dessa maneira, permanecer presos em decorrência das investigações ligadas ao inquérito de organização criminosa do qual são alvo na Justiça Federal no Distrito Federal.

Mesmo soltos, Ricardo Saud e Joesley Batista devem usar tornozeleira eletrônica, por força de uma medida cautelar vigente em outra investigação sobre manipulação de mercado financeiro.

Delatores da JBS dizem que não falaram a verdade em áudio

Joesley Batista e Ricardo Saud

Um dia após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot denunciar suspeitas de interferência no trabalho do Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF) por parte de executivos da JBS, eles disseram que “não falaram a verdade nas gravações entregues a PGR”. Em nota, enviada pela empresa de carnes, Joesley Batista e Ricardo Saud dizem ter mentido durante as conversas.

As gravações foram entregues em cumprimento a um acordo de delação premiada. “A todos que tomaram conhecimento da nossa conversa, por meio de áudio por nós entregue à PGR, em cumprimento ao nosso acordo de colaboração, esclarecemos que as referências feitas por nós ao Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da República e aos Excelentíssimos Senhores e Senhoras Ministros do Supremo Tribunal Federal não guardam nenhuma conexão com a verdade”.
A dupla segue afirmando que não tem conhecimento de ilegalidades cometidas na Suprema Corte e na Procuradoria-Geral da República. Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso e reiteramos o nosso mais profundo respeito aos Ministros e Ministras do Supremo Tribunal Federal, ao Procurador-Geral da República e a todos os membros do Ministério Público.

Paulo Câmara rebate denúncias feitas por Ricardo Saud e afirma que JBS não ajudou na sua campanha

Governador diz que todas as doações para a sua campanha foram feitas na forma da lei, registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral

O Governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB), afirmou, em nota oficial distribuída à imprensa, que as doações feitas em 2014 ao PSB não tiveram condicionamento nem troca de favor, como insinuou o diretor de Relações Instituições da JBS, Ricardo Saud.

 

Confira a íntegra da nota:

Venho repudiar, veementemente, a exploração política do depoimento do delator Ricardo Saud, que já antecipo não corresponde à verdade. Não recebi doação da JBS de nenhuma forma. Nunca solicitei e nem recebi recursos de qualquer empresa em troca de favores. Tenho uma vida dedicada ao serviço público. Sou um homem de classe média, que vivo do meu salário.

Como comprovará quem se der ao trabalho de ler o documento que sintetiza a delação, o próprio delator afirma (no anexo 36, folhas 72 e 73) que nas doações feitas ao PSB Nacional “não houve negociação nem promessa de ato de ofício”, o que significa que jamais houve qualquer compromisso de troca de favores ou benefícios. Desta forma, é completamente descabido o uso de expressões como “propina” ou “pagamento”.

Reafirmo a Pernambuco e ao Brasil que todas as doações para a minha campanha foram feitas na forma da lei, registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Paulo Câmara – Governador de Pernambuco.

Confira a delação assinada por Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da JBS: