Governo teme novas revelações de Sérgio Machado

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Com a saída de Jucá, Temer agora tem cinco ministros com investigações em curso no Supremo Tribunal Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A divulgação da gravação do diálogo do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sobre a tentativa de barrar a Operação Lava Jato criou a primeira grande crise interna do governo interino de Michel Temer. Junto com o áudio, veio a preocupação de que outras pessoas da cúpula do PMDB, próximas ou não ao Planalto, possam ser atingidas em partes da conversa gravada que ainda não foram reveladas.

De acordo com interlocutores diretos de Temer, o presidente em exercício não teme ser citado, mas afirmam que há preocupação com relação a outros nomes do partido. Caso haja novas suspeitas a solução tende a ser a mesma: afastamento imediato.

Com a saída de Jucá, Temer agora tem cinco ministros com investigações em curso no Supremo Tribunal Federal. Ele questionou todos, quando foram convidados, se teriam alguma pendência judicial. A resposta de Jucá teria sido tranquilizadora, assim como dos demais, segundo interlocutores. Temer, então, teria avisado a cada um e repetiria isso, na primeira reunião ministerial, de que não aceitaria qualquer tipo de desvio de “ordem moral”, dizem. Reiterou ainda que, se houvesse problemas, o titular da pasta seria afastado.

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Romero Jucá deve ser exonerado nesta terça-feira

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Jucá pretende voltar ao Senado para enfrentar o PT

Apesar de o ministro do Planejamento, Romero Jucá, anunciar que vai se licenciar da pasta para aguardar uma manifestação da Procuradoria-geral da República (PGR) sobre a conversa que teve com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, sobre a Operação Lava Jato, Jucá será exonerado do cargo para reassumir o mandato no Senado e a portaria com a exoneração será publicada nesta terça-feira (24).

Irritado, Jucá disse que pretende voltar ao Senado para fazer “o enfrentamento” e evitar “babaquices” e manipulações da oposição, como o PT. “Sou o presidente do PMDB, sou um dos construtores desse novo governo e não quero, de forma nenhuma, deixar que qualquer manipulação mal intencionada possa comprometer o governo. Portanto, enquanto o Ministério Público não se manifestar, aguardo fora do ministério o posicionamento. Se ele se manifestar que não há crime, que é o que acho, caberá ao presidente Michel Temer me reconvidar ou não”, disse Jucá.

Sergio Machado também gravou conversas com Renan e Sarney

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Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro

Além de Romero Jucá, o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado gravou neste ano conversas que manteve com outros líderes do PMDB, o presidente do senado Renan Calheiros (AL) e o ex­-senador e ex-­presidente da República José Sarney. A informação foi confirmada por fontes com acesso à negociação da delação premiada de Machado. As novas gravações, que ainda não vieram a público, foram feitas por meio de um telefone celular e fazem parte do material apresentado pela defesa de Machado como proposta de delação premiada.

Conforme a apuração, Machado, afilhado político de Renan e indicado para a Transpetro em 2003 com a chancela do atual presidente do Senado, negocia delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) desde o ano passado.

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Licença foi saída honrosa; Jucá não volta para Planejamento

Romero Jucá

Horas antes, em entrevista no ministério, Jucá havia negado que deixaria o cargo

Auxiliares do presidente em exercício Michel Temer afirmam que a licença anunciada nesta segunda-feira (23) por Romero Jucá foi uma saída honrosa encontrada para ministro do Planejamento. Mas, segundo os mesmos interlocutores de presidente em exercício, Jucá não vai voltar ao governo.

A partir de agora, o Planalto já procura nomes para ocupar o comando do Ministério do Planejamento: “O desgaste provocado com as gravações de Jucá deixaram a situação insustentável. Se ele ficar no governo, passa a comprometer a própria imagem de Temer”, disse um auxiliar de presidente em exercício.

Romero Jucá anuncia licença do cargo de ministro do Planejamento

O peemedebista negou que tenha a intenção de atrapalhar as investigações da Lava-Jato e afirmou que, inclusive, tem "defendido separar o joio do trigo"/Foto: Edilson Rodrigues

O peemedebista negou que tenha a intenção de atrapalhar as investigações da Lava-Jato e afirmou que, inclusive, tem “defendido separar o joio do trigo”/Foto: Edilson Rodrigues

O ministro do Planejamento, Romero Jucá, anunciou, na tarde desta segunda-feira (23/5), que vai se afastar da pasta até que o Ministério Público se manifeste sobre o conteúdo dos áudios vazados, em que ele pede um “pacto” para supostamente barrar as investigações da Operação Lava-Jato.

Durante um rápido pronunciamento, Jucá disse que é um dos “construtores desse novo governo” e que não permitiria “de forma nenhuma que manipulações mal intencionadas” atrapalhassem a gestão de Michel Temer.

Assim como fez em entrevista coletiva concedida pela manhã, o peemedebista negou que tenha a intenção de atrapalhar as investigações da Lava-Jato e afirmou que, inclusive, tem “defendido separar o joio do trigo para que não pairem dúvidas sobre a classe política brasileira”.

Com informações do Correio Braziliense

STF autoriza quebra de sigilos fiscal e bancário de Romero Jucá

Jucá tem seis procedimentos instaurados no STF. Ele é investigado em dois inquéritos na Lava Jato por suspeita de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha /Foto: André Dusek

Jucá tem seis procedimentos instaurados no STF. Ele é investigado em dois inquéritos na Lava Jato por suspeita de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha /Foto: André Dusek

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou, nesta sexta-feira, 20, a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR).

Ele é investigado por assinar emendas parlamentares no Senado para transferir recursos federais para obras no município de Cantá, em Roraima. Em troca, o então senador teria recebido parte das verbas provenientes de licitações superfaturadas organizadas pelo Prefeito da municipalidade.

O período da quebra dos sigilos bancário e fiscal compreendem os períodos de 1º de março de 1998 a 31 de dezembro de 2012. Além de Jucá, oito empresas com suposto envolvimento no esquema também tiveram seus segredos quebrados e deverão fornecer informações sobre todas as transações realizadas no período.

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