Infectologista do HDM/IMIP de Petrolina explica virose denominada mão-pé-boca

A transmissão se dá pela via fecal/oral, através do contato direto entre as pessoas ou com as fezes, saliva e outras secreções

Recentemente, através do noticiário local, as famílias petrolinenses foram informadas sobre um possível surto da virose conhecida como mão-pé-boca. Por isso, alguns pais estão um pouco tensos com a volta às aulas que acontecerá em breve. Para ajudar a sanar as dúvidas sobre a doença, o médico infectologista do Hospital Dom Malan/IMIP, Washington Luís, esclareceu alguns pontos.

Para começar é preciso explicar a síndrome. A doença mão-pé-boca (HFMD, sigla em inglês) é uma enfermidade contagiosa causada (geralmente) pelo vírus Coxsackie, da família dos enterovírus. É altamente contagiosa e ocorre mais frequentemente em crianças com menos de 5 anos, podendo acontecer também em adultos.

A infecção provoca uma espécie de bolinhas avermelhadas que pipocam rápido e podem coçar nas regiões do corpo que a batizam. Febre alta e sintomas respiratórios também podem ocorrer.

Na maioria dos casos, a doença é branda e benigna, que desaparece espontaneamente após alguns dias sem causar nenhum tipo de complicação. Mas, é preciso ficar de olho, como orienta Washington.

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atestado

Virose. Esse foi o diagnóstico ouvido pela família do metalúrgico Ivaldo Alves da Costa, 53, nas três vezes em que procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sotave, em Jaboatão dos Guararapes. No último dia 16, depois de 12 dias internado no Hospital da Restauração (HR), no Recife, Ivaldo morreu. No atestado de óbito, a rara Síndrome Guillain-Barré (SGB) – associada a processos infecciosos como dengue, chikungunya e zika – consta como causa da morte e revolta a família, que acredita que ele poderia estar vivo caso tivesse sido diagnosticado a tempo. Nos últimos dois dias, outras duas pessoas morreram com suspeita da síndrome no HR, que investiga os casos. Na unidade de saúde que é referência para o tratamento da síndrome neurológica no estado, a taxa de mortes associadas à Guillain-Barré foi de 16,3% – superior a estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que não chega a 10%.

Uma dor muito forte na perna e uma febre leve foram os sintomas que levaram Ivaldo a procurar, no fim de janeiro, um Posto de Saúde, em Jaboatão. Poucos dias depois, com dor nas juntas, formigamentos, dormência e sem conseguir se alimentar direito, procurou a UPA Sotave, onde uma suposta virose foi confirmada, mesmo sem a realização de exames específicos – segundo relata a família. Nos dias seguintes, voltou à mesma UPA duas vezes, já sem conseguir ficar em pé sozinho e com dificuldade de suportar as fortes dores. O diagnóstico era sempre o mesmo.

Revoltada diante da falta de atenção com o marido, que piorava agressivamente a cada dia, a viúva Valdênia Vieira chegou a pressionar o médico para que ao menos um nome fosse dado à tal virose. “Deve ser uma virose dessas, tipo chikungunya”, foi a resposta que ouviu, conta, lembrando de outros abusos ocorridos dentro da unidade de saúde. “Na segunda vez que fomos eu perguntei se ele não ia nem aferir a pressão e nem fazer teste de glicose e o médico perguntou ‘ele é diabético? é hipertenso? então não precisa fazer’”, relata. “Se o médico, que estudou para isso, está dizendo que é uma virose, uma pessoa simples como eu vai dizer o que?”, questiona.

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Surtos de viroses em Pernambuco assustam e comprometem economia

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O nordeste o Estado de Pernambuco tem sido o mais atingido pelos surtos de viroses que acomete boa parte da população.

Por conta disso até a economia está comprometida. No agreste o número de trabalhadores com virose tem diminuído significativamente a produção têxtil, que é um o ponto forte da economia local e do Estado.

O número de turistas que escolhem o litoral pernambucano para passar férias também diminuiu dado aos casos crescentes das viroses, o que consequentemente ocasionará prejuízos.