Tema da redação do Enem inicia discussão sobre a educação inclusiva no Brasil

O tema escolhido para a redação foi o seguinte: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. (Foto: Ilustração)

No último domingo (5) diversos estudantes participaram da primeira etapa do Enem 2017, para alguns o tema da redação surpreendeu, para outros chamou atenção para a educação inclusiva no Brasil. Em Petrolina, Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Portadores de Necessidades Especiais (NAPPNE) atende 59 estudantes.

Com duração de 5h, o primeiro dia contou com questões de Ciências Humanas, Linguagens e redação.  O tema escolhido para a redação foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”.

Mesmo que o aluno fosse indiferente ao tema a prova apresentou quatro textos motivadores diferentes. Um deles incluiu dados sobre o número de alunos surdos na educação básica entre 2010 e 2016. Outro apresentou um trecho da Constituição Federal afirmando que todos têm direito à educação. Um terceiro mostrou aos candidatos uma lei de 2002, que determinou que a Língua brasileira de sinais (Libras) se tornasse a segunda língua oficial do Brasil.

Mesmo com todas as informações fornecidas o tema ainda foi alvo de críticas, surpreendendo até mesmo os educadores. Para os surdos, o tema foi inclusivo e pode acender uma esperança para dias melhores.

“No ensino médio, comecei a estudar em uma escola pública onde não tinha a acessibilidade, mas meus amigos me ajudavam muito. Hoje também já enfrento as barreiras na faculdade. Eu não tenho a acessibilidade e, além disso, faltam intérpretes de Libras [Língua Brasileira de Sinais] nas aulas”, conta a EBC a estudante Gleice Genaro, que é surda congênita.

O mesmo problema enfrentado por Bernardo Lucas Piñon de Manfredi, de 20 anos, que tem surdez severa bilateral (nos dois ouvidos). Ao G1, o estudante contou que teve que interromper a graduação pela dificuldade de acompanhar as aulas, mesmo com o suporte da mãe, Carmen Pereira.

“Faltam todos os recursos dos quais preciso para estudar: um bom aparelho auditivo, um tradutor simultâneo, de leitura labial. Faltou recurso financeiro, e faltou atenção. Todos fizeram um estardalhaço de promessas, mas no final, ficou tudo debaixo do tapete”, lamenta Bernardo Manfredi.

Em Petrolina os estudantes da rede municipal recebem atendimento do NAPPNE

Segundo informações divulgadas pela secretaria de educação, 59 alunos, em 40 escolas na sede e no interior, recebem atendimento do Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Portadores de Necessidades Especiais (NAPPNE).

Os estudantes têm direito a intérprete e/ou instrutor, além de reforço escolar no contra turno, através do Atendimento Educacional Especializado (AEE), com português, que, no caso, é a segunda língua, já que a Linguagem Brasileira de Sinais (Libra) é considerada língua materna.

“O tema da redação do Enem foi muito importante para despertar em toda sociedade esse assunto que nós, aqui, já estamos trabalhando muito e vamos ampliar o debate e as ações efetivas em todos os campos da educação inclusiva (…) NAPPNE trabalha pela inclusão de todas as formas de deficiências”, garante a diretora do Núcleo, Emiliana Freire.

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