OAB Petrolina emite nota de repúdio a agressões da PM a estudante durante Carnaval de Juazeiro

Após vários vídeos de agressões nas quais policiais aparecem batendo em pessoas e sendo agredidos, as ações da Polícia Militar durante o Carnaval de Juazeiro ainda rendem o que falar na região.

A Ordem dos Advogados do Brasil emitiu uma nota de repúdio contra as agressões sofridas por uma estudante do curso de Direito da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). A OAB afirmou considerar “inaceitável a agressão” sofrida pela estudante.

Confira

A Ordem dos Advogados do Brasil, Subseccional Petrolina, vem a público manifestar seu mais veemente repúdio à agressão  contra uma estudante de direito, bem como, outros episódios divulgados pela imprensa, e praticados por policiais militares do Estado da Bahia no último final de semana, período de Carnaval antecipado na cidade vizinha de Juazeiro, BA.  

Na ocasião,  a jovem, que cursa a faculdade de direito da Universidade do Estado da Bahia, curtia os festejos carnavalescos com amigos quando foi abordada por dois integrantes da  Polícia Militar, que iniciaram uma série de agressões físicas. Uma violência  descabida contra uma cidadã que se comportava de forma pacífica.  

A truculência demonstrada pelos policiais neste caso e em vários outros atestados por vídeos que circulam pelas redes sociais e veículos de imprensa, mostram o despreparo de certos policiais para atuarem em eventos dessa magnitude.

A OAB Petrolina considera inaceitável a agressão perpetrada, presta a sua solidariedade à jovem estudante e seus familiares, e pugna pela apuração rigorosa dos fatos e pela punição dos responsáveis.

Professora adjunta da UPE sai em defesa da vereadora Cristina Costa

A professora adjunta da Universidade de Pernambuco Janaína Guimarães, nos enviou um texto no qual externa sua indignação com o episódio ocorrido na última sexta-feira (6), envolvendo os vereadores Cristina Costa (PT) e Manoel da Acosap (PTB), que discutiram fortemente nos estúdios da Rádio Jornal.

Confira a íntegra do texto:

As definições de violência são muitas, temos violência física, psicológica, institucional e patrimonial, entre outras. Uma mulher é agredida no Brasil a cada 4 minutos, segundo o Mapa da violência de 2015.  Hoje uma dessas mulheres fisicamente agredidas foi a vereadora de Petrolina, Cristina Costa, por um homem violento, ele também vereador em Petrolina, Manoel Acosap.

A notícia que nos indignou causou mais revolta do que surpresa. E por que isso? Porque nossa sociedade misógina (avessa a tudo que é ligado ao feminino ou as mulheres) não esta acostumada a que tenhamos mulheres fortes na política, com voz e atitude para contestar desmandos e posturas autoritárias de homens brancos que em sua maioria dominam o legislativo em Petrolina. Cristina vem desenvolvendo um trabalho sério de contestação sistemática desses poderes, sendo oposição numa câmara legislativa machista e conservadora. A única mulher atualmente na vereança petrolinense.  Importante lembrarmos que essa ausência de mulheres se faz sentir também nacionalmente, pois temos apenas 9% de mulheres no legislativo e 13% no senado Federal.

A violência contra a mulher, no entanto, é uma constante, tão, mais tão cotidiana, que nos acostumamos a escutar falas como a de Manoel para Cristina, “Você é sem moral”, gritou o vereador. E o que é ter moral? Ser de partido golpista e apoiar cortes básicos na educação e saúde? Ou ter moral é agredir uma companheira de legislativo, simplesmente porque ela se coloca criticamente contra as pautas conservadoras que dominam a vereança Petrolinense?

A “falta de moral de Cristina” é fruto das relações de gênero que são eminentemente relações de poder.  Essas relações, construídas historicamente, estão em constante mudança, mas as reações a essas mudanças, quase sempre violentas, se fazem sentir em diversas situações, como a de hoje. Cristina cresce no espaço público, como crescem as mulheres, e foi violentada, como são as mulheres, objetos de repulsa por parte de homens que não compreendem a igualdade de direitos e poderes. A misoginia foi responsável pela agressão a Cristina, pois ela subverte o lugar comum na câmara de Petrolina ao se colocar publicamente, ao se fazer ouvir enquanto oposição num espaço onde as mulheres só são lembradas no dia 8 de março, para receberem flores e medalhas, mas não estão de forma ativa na construção das leis do município. O momento politico do país é de retrocesso, exemplificado pela configuração do ministério do governo golpista de Michel Temer, composto exclusivamente por homens. O papel no qual se quer mulher, nesse governo, é meramente decorativo. E em tempos de Marcela Temer, ser Cristina Costa causa muito incômodo.

Janaína Guimarães
Professora adjunta da Universidade de Pernambuco

Vereador Gilmar Santos repudia atitude do colega Manoel da Acosap

Após o episódio lamentável nos estúdios da Rádio Jornal Petrolina, em que, quando da participação do programa Super Manhã, apresentado pelo radialista Waldiney Passos, os vereadores Cristina Costa (PT) e Manoel da Acosap (PTB), quase chegaram às vias de fato, o vereador petista Gilmar Santos, na abertura do debate local, repudiou as agressões, segundo o mesmo, cometidas pelo edil contra a colega de partido Cristina Costa.

Em nota enviada à imprensa, Gilmar ratifica suas críticas pelo ocorrido.

Confiram a íntegra da nota:

Mais que lamentável a agressão do vereador Manoel da Acosap (PTB) à vereadora Cristina Costa (PT) é reflexo de uma cultura política machista, patriarcal e fundada no discurso de ódio, onde mais uma vez se agride o corpo de uma mulher para se agredir a democracia e as liberdades de expressão e de opinião.

Tempo tenebrosos, tempos em que valores conservadores são tão cheios de convicções que se tornam fascistas, agressores.  É urgente que mudemos os nossos valores e que sejamos intolerantes com a intolerância, com a falta de respeito, com a fala que quer se impor pela violência. Um agressor não tem a mínima condição de representar uma sociedade que se buscar melhor, mais justa e mais humana. O machismo não agride e mata só mulheres, o machismo agride a dignidade humana.

Vereador e Professor Gilmar Santos