IFSertãoPE: Em estudo, pesquisador do IFSertãoPE desenvolve metodologia para o diagnóstico precoce do Alzheimer por meio de células bucais

O professor e pesquisador do campus Floresta do IFSertãoPE, Marfran Claudino Domingos, desenvolveu estudo que investiga a possibilidade de diagnóstico da doença de Alzheimer através de células bucais. A técnica utiliza-se do potencial da espectroscopia infravermelha, que baseia-se no fato de que a maioria das moléculas absorvem luz na região infravermelha do espectro eletromagnético, podendo, assim, ser usada para identificar um composto ou investigar a composição de uma amostra.

“Combinada com algoritmos de aprendizagem automática, a análise obteve uma sensibilidade de 76% e uma especificidade de 100%, indicando, assim, alta precisão na detecção da doença. Essas descobertas destacam a viabilidade da análise espectroscópica de células bucais como uma alternativa não invasiva e econômica para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, com potencial impacto na progressão da doença através de intervenções oportunas”, explicou o pesquisador.

O estudo, desenvolvido em parceria com pesquisadores do Reino Unido e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi transformado em artigo. Com o título “O uso da espectroscopia ATR-FTIR para o diagnóstico da doença de Alzheimer utilizando células orais bucais”, a produção rendeu publicação na prestigiada revista científica Applied Spectroscopy Reviews (Fator de Impacto 6.1 e Qualis A1), do prestigiado grupo Taylor & Francis.

Aascom

Falta de diagnósticos para Alzheimer preocupa especialistas

Dados do 1º Relatório Nacional de Demências – a serem publicados até o fim de 2023 – devem mostrar uma situação preocupante para a saúde pública no Brasil. A quantidade de pessoas não diagnosticadas com a Doença de Alzheimer deve estar na faixa de 75% a 95%, dependendo da região brasileira, segundo adiantou à Agência Brasil a médica e pesquisadora Claudia Suemoto, da Universidade de São Paulo (USP).

O relatório encomendado pelo Ministério da Saúde – e coordenado pela professora Cleusa Ferrim da Universidade Federal de São Paulo – deve apontar, por exemplo, que  o número de pessoas com a doença pode estar na faixa dos 2,4 milhões. A doença é conhecida pela perda progressiva de memória, entre outras consequências. A incidência é majoritariamente entre pessoas idosas.

“As taxas de não diagnóstico no Brasil são alarmantes. Quando vimos inicialmente os dados, pensamos que estavam errados. Recalculamos e era isso mesmo. A gente precisa ter mais conscientização sobre o Alzheimer. Há ainda estigmas”, afirma a pesquisadora. A campanha de 2023 para o Mês de Conscientização para o Alzheimer (Setembro Roxo) traz o tema “Nunca é cedo demais, nunca é tarde demais”, com foco maior na prevenção.  “Quanto mais a gente falar, muito menos não diagnósticos a gente vai ter. Haverá menos estigma e mais prevenção”, afirmou a professora.

O professor de medicina Einstein de Camargos, da Universidade de Brasília, explica que a realização do diagnóstico precoce possibilita mais possibilidades de intervenções. “Não só com medicamentos, mas sobretudo com terapias cognitivas, estimulação, terapia ocupacional, exercício físico, fazendo com que esse processo seja mais lento”. Ele entende que, mesmo havendo subnotificação da doença, há maior visibilidade dos casos de Alzheimer.

Maior fator de risco
Especialistas apontam que há um consenso de que, dentre os fatores de risco para a doença, há um deles que não é propriamente da área de saúde: a baixa educação. “Esse é um fator modificável para os quadros demenciais (como é a doença de Alzheimer). Se a gente melhorar a qualidade da educação, por exemplo, do povo brasileiro, a gente vai diminuir os risco para demência. Inclusive esse é o fator de risco mais importante no Brasil”, afirma a professora Claudia Suemoto.

O professor Einstein de Camargos, da UnB, entende que esse dado é extremamente importante porque mostra que a maior prevenção não está dentro da área da saúde em si. A escolaridade pode ser transformadora para a saúde em diferentes sentidos. E nesse caso é orgânico. Os médicos explicam que a resistência aos efeitos do adoecimento devem estar relacionados à reserva cognitiva que uma pessoa tem. “Se a pessoa teve uma maior estimulação cognitiva durante a vida, vai ter uma ‘poupança’ maior, com grande número de neurônios”, afirma a professora

Resistência
O que se observa no cérebro de pessoas que desenvolveram a doença de Alzheimer é o acúmulo de proteína beta-amilóides. Quanto maior a “força” cerebral mais resistência haverá contra a presença da proteína. Camargos elenca que essa resistência está, além do aumento da escolaridade, na redução do tabagismo, no controle do diabetes e da pressão arterial.

É, então, boa notícia que são fatores de risco modificáveis na vida do indivíduo e da sociedade. Claudia Suemoto aponta que se estima que 48% dos casos são relacionados a fatores de início de vida (baixa escolaridade), da meia idade (hipertensão arterial, perda auditiva, traumatismo craniano, obesidade e consumo excessivo de álcool) e da terceira idade (diabetes, tabagismo, depressão, isolamento social, poluição ambiental e falta da atividade física). “São todos fatores simples, mas bastante prevalentes. Se a gente modificasse a frequência deles na população, a gente estaria prevenindo demência, com certeza”, diz a professora. Uma boa notícia é que as melhores condições de vida diminuem os casos novos.

Evoluções
Se, por um lado, há subnotificação, segundo a professora Claudia, o que tem acontecido nos últimos 10 anos principalmente para a doença de Alzheimer é que tem melhorado muito o diagnóstico. Na década passada, quando havia uma queixa de memória, a pessoa fazia alguns testes no consultório. “Só que atualmente a gente consegue medir proteínas depositadas no cérebro e que são associadas a doença de Alzheimer”. Foi o médico Alois Alzheimer quem descreveu a doença no início do século 20, identificando lesões cerebrais.

Antes, porém, não era possível medir essas proteínas com pessoas vivas. Atualmente já é possível medir essas proteínas no liquor (o líquido que envolve o cérebro). Mas, para fazer o exame era preciso um procedimento muito invasivo. Hoje, o exame se tornou mais acessível com auxílio da medicina nuclear.

Remédios
A médica Claudia Suemoto entende que há também alguma evolução nos medicamentos. “Hoje em dia, a gente já tem três drogas que limpam essa proteína beta-amilóide com resultados promissores. Limpam essas proteínas em pessoas com a doença mais leve. Então, a gente está tentando entender quais são os efeitos a longo prazo”, avalia Claudia. Ela contextualiza que existe efeito colateral nessas drogas que precisam ser avaliados. “É tudo muito novo, mas finalmente a gente tem uma medicação que parece mexer no mecanismo da doença”, opina. Einstein de Camargos avalia que os medicamentos ainda saem muito caros e estão longe ainda da aplicabilidade.

Procura por ajuda
Os médicos explicam que queixas de memória são sintomas mais conhecidos relacionados à doença. Lembranças do presente, fatos importantes do passado, nomes de pessoas tornam-se desconhecidos para quem tem a doença. Mas é possível identificar como possíveis sintomas também pela perda de planejamento e confusão mental.

“A pessoa tinha afazeres domésticos e está tendo uma certa dificuldade. Não consegue mais dirigir, lembrar a rotina… Esses fatores são os que mais chamam atenção no dia a dia. Fora isso, deve-se ter atenção do ponto de vista do comportamento fora do habitual. A pessoa deve procurar um médico para afastar a doença de Alzheimer como primeira causa”, exemplifica Camargos.

Sono e atividade física
Especialistas concordam ainda que existem medidas de prevenção fundamentais para evitar a doença, e passam também por necessidade de repousar. “Quem dorme menos de seis horas por noite aumenta o risco em 35% de ter demência. Pesquisas dos últimos 10 anos mostraram que dormir bem faz o cérebro limpar as toxinas do dia”, revela.

E quando se está acordado, é importante atividade física. Pesquisadores da Universidade de Brasília estão desenvolvendo um estudo detalhado para apontar a influência do exercício físico nesse sistema de limpeza cerebral. “Eu vou usar um termo simples. Precisamos encontrar os garis do cérebro que precisam trabalhar melhor e com mais condições. Assim, a gente vai ter uma redução dessa doença”, finaliza.

Agência Brasil

Fevereiro é o mês de conscientização sobre o Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer

Apesar de curto, fevereiro traz importantes datas ligadas à saúde. Simbolizando a conscientização sobre o Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer, a cor roxa é a escolhida do mês para colorir o calendário da saúde e representar a luta pela prevenção e qualidade de vida das pessoas com doenças incuráveis.

Como nas demais datas, a Unidade de Pronto Atendimento e Atenção Especializada de Petrolina (UPAE/IMIP) está engajada na campanha do Fevereiro Roxo, que foi criada em 2014, em Minas Gerais, com o lema “Se não houver cura, que ao menos haja conforto”.

“O objetivo é informar e incentivar o diagnóstico precoce, pois só ele permitirá que o paciente tenha controle ou adie os sintomas dessas três doenças que inicialmente parecem inofensivas”, ressalta a coordenadora médica, Bruna Spíndola. “Para que a população entenda falaremos um pouquinho sobre cada uma”, acrescenta.

Alzheimer

Doença degenerativa e progressiva, que acomete habitualmente pessoas com mais de 65 anos. É a causa mais comum de demência na população idosa. Não existe cura, mas os medicamentos e as estratégias de controle podem melhorar os sintomas temporariamente.

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Marco Maciel sofre de mal de Alzheimer

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O jornal “O Globo” de ontem (27) publicou uma extensa reportagem sobre o estado de saúde do ex-senador Marco Maciel, algo que a própria imprensa pernambucana sempre tratou com a mais absoluta discrição. Título: “O ocaso de um articulador político”.

Segundo o jornal, Maciel é o único ex-vice-presidente da República vivo, mas, sofrendo do mal de Alzheimer, está completamente alheio aos acontecimentos políticos do Brasil.

“Enquanto o noticiário da televisão atualiza a situação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e as supostas manobras do vice Michel Temer para ocupar seu posto, Maciel cerra os olhos em frente à TV e não expressa qualquer opinião”, diz o jornal carioca, acrescentando que, “aos 75 anos, o mal de Alzheimer, doença que provoca perda de memória, retirou-lhe a vida social, o entendimento político, o interesse pelos assuntos públicos”.

Segundo a mulher, Ana Maria, ele não se lembra mais de nada. O casal vive em Brasília para ficar mais parte dos filhos, que residem lá e no Estado de Goiás.

De acordo ainda com o jornal, a importância do político pernambucano para o governo do presidente FHC pode ser avaliada pela quantidade de menções que o ex-presidente faz a ele no seu recém lançado “Diálogos da Presidência” – Volume I: 122.

Em 44 anos de vida pública, Marco Maciel nunca tinha perdido uma eleição. Foi derrotado em 2010 quando tentava a reeleição para o Senado. A partir daí, segundo seus familiares, começou a apresentar um comportamento estranho, que, soube-se depois, era depressão seguida de Alzheimer.