Em encontro com o governador Rui Costa, bispos baianos manifestam preocupação com possíveis festas de Réveillon e Carnaval 2022

Bispos integrantes da Regional Nordeste 3, que é composta por líderes católicos da Bahia e de Sergipe, e faz parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se reuniram nesta quinta-feira (18) com o governador Rui Costa, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).

No encontro, eles entregaram uma carta na qual reforçam a preocupação quanto à possível realização de grandes festas de final de ano e do Carnaval 2022.

De acordo com o documento, a preocupação se dá, principalmente, pela “forma como essas festas acontecem, através de aglomerações massivas que podem causar um possível retorno de casos de Covid-19 e consequentes óbitos”. Ainda segundo a carta, “o sofrimento de nosso povo tem sido muito grande pelo elevado número de pessoas que foram contaminadas e, principalmente, de óbitos entre jovens, adultos e idosos”.

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Igrejas do Nordeste vão ler nota após caso da menina de 10 anos estuprada

(Foto: Jonas Santos/Ascom PMP)

Conselho Episcopal Regional Nordeste 2 (Conser) emitiu nesta quarta-feira (19) uma nota sobre o aborto realizado em uma criança de 10 anos vítima de estupro, no último domingo (16), no Recife. O documento, que critica o procedimento realizado e fala sobre como o aborto é visto pela religião, será lido em todas as missas celebradas em igrejas dos Estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do norte no próximo domingo (23).

“O aborto é, por definição, a extinção de uma vida humana em seu estado nascente e sabemos, pela razão e pela fé, que suprimir uma vida humana inocente é um mal nunca justificado. A dignidade humana é o princípio inspirador de todos os demais, é guia para as Ciências e para o Poder Público em todas as suas expressões. Impõe-se, portanto, permitir que a vida humana nasça e atinja a plenitude possível”, diz um trecho do comunicado.

Em outro, os bispos defendem que “o caso concreto da criança-mãe capixaba, dever-se-ia tentar preservar ambas as vidas, seja praticando as terapias disponíveis, seja monitorando de perto o progresso da gravidez, ou até mesmo antecipando o parto, assim que houvesse esperança de que a criança sobrevivesse.”

Leia a nota na íntegra:

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Bispos católicos da Bacia do Rio São Francisco fazem nota em defesa do Velho Chico

Bispos da Bacia do Rio São Francisco. (Foto: ASCOM)

Os Bispos Católicos que trabalham em Dioceses que ficam situadas na Bacia do Rio São Francisco (que inclui os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Sergipe) lançam neste domingo (03) uma nota em defesa do Velho Chico.

A Nota surgiu de um encontro realizado entre os dias 21 e 23 de novembro em Bom Jesus da Lapa (BA), reunindo estudiosos, membros de pastorais e movimentos sociais que trabalham com o rio. No documento, os religiosos denunciam os problemas que ocasionam “processo de morte” do rio e sugerem ações para sua revitalização.

CARTA DA LAPA

Primeiro Encontro dos bispos da Bacia do Rio São Francisco

“Nas margens da torrente, de um lado e de outro, haverá toda espécie de árvores com frutos comestíveis, cujas folhas e frutos não se esgotarão. Essas árvores produzirão novos frutos de mês em mês, porque a água da torrente provém do santuário. Por isso, os frutos servirão de alimentos e as folhas de remédio” (Ez 47,12).

À luz do Evangelho, em comunhão com o Papa Francisco e inspirados pela carta encíclica “Laudato Sí”, nós, bispos da bacia do Rio São Francisco, representando onze das dezesseis dioceses, diante do processo de morte em que este Rio se encontra e das consequências que isto representa para a população que dele depende, assumimos de forma colegiada a defesa do Velho Chico, de seus afluentes e do povo que habita sua bacia.

Como pastores a serviço do rebanho que nos foi confiado, constatamos, com profunda dor: (a) o sumiço de inúmeras nascentes de pequenos subafluentes e, em consequência, o enfraquecimento dos afluentes que alimentam o São Francisco; (b) o aumento da demanda da água para a irrigação, indústria, consumo humano e outros usos econômicos, sem levar em conta a capacidade real dos rios de ceder água; (c) a destruição gradativa das matas ciliares expondo os rios ao assoreamento cada vez maior; (d) a decadência visual dos rios e da biodiversidade; (e) o aumento visível dos conflitos na disputa pela água em toda a região; (f) empresas sempre fazem prevalecer seus interesses e o Estado acaba por ser legitimador de um modelo predatório de desenvolvimento.

Tudo isso vem gerando a destruição lenta e cruel da biodiversidade do Velho Chico e, consequentemente, sua morte gradativa.

Diante dessa triste realidade, enquanto bispos da bacia do Rio São Francisco e pastores do rebanho que nos foi confiado, propomos:

  1. Sermos uma “Igreja em Saída”: Ir ao encontro do povo e, como pastores, convocar os cristãos e as pessoas sensíveis à causa, para juntos assumirmos o grande desafio de salvar o rio da morte e garantir a vida humana, da fauna e da flora que dele dependem;
  2. Sermos uma “Igreja Missionária”: Realizar visitas às nossas comunidades, missões, peregrinações, romarias e estabelecer um diálogo aberto com as pessoas para que entendam e assumam, à luz da fé, o cuidado com a “Casa Comum”, particularmente, a defesa do nosso Rio;
  3. Sermos uma “Igreja Profética”: Elaborar subsídios educativos sobre meio-ambiente e o modo de preservá-lo. Utilizar os meios de comunicação, rádios, periódicos diocesanos para levar ao maior número de pessoas a boa nova da preservação da vida;
  4. Sermos uma “Igreja Solidária”: Reforçar as iniciativas populares de recomposição florestal, recuperação de nascentes, revitalização de afluentes; incentivar a ética da responsabilidade socioambiental capaz de gerar um modo de vida sustentável de convivência com a caatinga, o cerrado e a mata atlântica; defender políticas públicas para implementação do saneamento básico, apoio à agricultura familiar, manutenção de áreas preservadas, a exemplo dos territórios das comunidades tradicionais de fundo e fecho de pasto, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, etc.
  5. Finalmente, declaramos nossa posição em defesa do “Repouso Sabático” para os nossos biomas a fim de que possam se reconstituir. Particularmente, uma moratória para o Cerrado, por um período de dez anos. Durante esse período não seria permitido nenhum projeto que desmate mais ainda o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica, biomas que alimentam o Rio São Francisco e dele também se alimentam.
  6. Nesse sentido chamamos as autoridades federais, os governadores, prefeitos, deputados, senadores, o Ministério Público, para que assumam sua responsabilidade constitucional na defesa do Velho Chico e do seu povo.

Que São Francisco, padroeiro da Ecologia e do Rio que traz o seu nome, nos inspire a cuidar da Criação. Que o Bom Jesus da Lapa, de cujo Santuário provém a água da torrente, abençoe e dê vida ao nosso Velho Chico e ao povo do qual ele é pai e mãe.

Bom Jesus da Lapa, 1º Domingo do Advento de 2017.

Bispos Participantes

 Dom José Moreira da Silva – Bispo de Januária (MG)

Dom José Roberto Silva Carvalho – Bispo de Caetité (BA)

Dom João Santos Cardoso – Bispo de Bom Jesus da Lapa (BA)

Dom Josafá Menezes da Silva – Bispo de Barreiras (BA)

Dom Luiz Flávio Cappio, OFM – Bispo de Barra (BA)

Dom Tommaso Cascianelli, CP – Bispo de Irecê (BA)

Dom Carlos Alberto Breis Pereira, OFM – Bispo de Juazeiro (BA)

Monsenhor Malan Carvalho – Administrador Diocesano de Petrolina (PE)

Dom Gabriele Marchesi – Bispo de Floresta (PE)

Dom Guido Zendron – Bispo de Paulo Afonso (BA)

Monsenhor Vitor Agnaldo de Menezes – Bispo eleito de Própria (SE)

89 bispos católicos já declaram apoio à greve geral

Adesão semelhante da Igreja só aconteceu na Ditadura Militar, os líderes católicos que apoiam a greve geral estão em todas as regiões do País

A greve geral desta sexta-feira (28), que deve paralisar o País contra as reformas trabalhista e da Previdência de Michel Temer está tendo apoio maciço de religiosos, especialmente da Igreja Católica.

Até o momento, 89 bispos católicos já declararam apoio à paralisação e estão convocando os fieis a fazerem o mesmo. Adesão semelhante da Igreja só aconteceu na Ditadura Militar.

Uma publicação do Comitê das Igrejas de Belo Horizonte convoca a população para a paralisação. “A Igreja se posiciona firme e profeticamente contra as reformas que vão contra o nosso povo”, diz o título da mensagem (leia mais).

Na Paraíba, o arcebispo Dom MAnoel Delson Pedreira da Cruz pede para o povo participar das manifestações. “Convocamos todos os trabalhadores a participarem desta grande manifestação, dizendo a palavra que o povo não aceita a reforma da Previdência nos termos que estão anunciando”, afirmou o arcebispo (leia aqui)

O mesmo acontece em Porto Alegre, onde o arcebispo Dom Jaime Spengler apoia as paralisações da greve geral na próxima sexta.“Diante das propostas que estão sendo apresentadas pelo governo federal, é fundamental que se ouça a população em suas manifestações. O povo tem o direito de ser ouvido. Reformas que incidem mais diretamente sobre a vida da maioria do povo precisam ser levadas adiante com muito discernimento. Importante que as reformas tenham sempre em consideração a inclusão social”, afirmou (leia mais).

Conselho dos Bispos do Brasil emite nota sobre PEC 241

(Foto: Ilustração)

(Foto: Ilustração)

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota sobre a aprovação da PEC 241 que segue, agora, para votação no Senado Federal. O Conselho aponta a proposta como “injusta e seletiva” e afirma que ela “supervaloriza o mercado em detrimento do Estado”. Confira:

“Não fazer os pobres participar dos próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida.”
(São João Crisóstomo, século IV)

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 25 a 27 de outubro de 2016, manifesta sua posição a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, de autoria do Poder Executivo que, após ter sido aprovada na Câmara Federal, segue para tramitação no Senado Federal.

Apresentada como fórmula para alcançar o equilíbrio dos gastos públicos, a PEC 241 limita, a partir de 2017, as despesas primárias do Estado – educação, saúde, infraestrutura, segurança, funcionalismo e outros – criando um teto para essas mesmas despesas, a ser aplicado nos próximos vinte anos. Significa, na prática, que nenhum aumento real de investimento nas áreas primárias poderá ser feito durante duas décadas. No entanto, ela não menciona nenhum teto para despesas financeiras, como, por exemplo, o pagamento dos juros da dívida pública. Por que esse tratamento diferenciado?

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Caravana socioambiental dos bispos do Nordeste realiza visita ao Projeto São Francisco na segunda

Pro SF 1

A Regional Nordeste 2, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), organizou uma caravana socioambiental que vai percorrer durante a próxima semana – de 29 de fevereiro a 3 de março – as obras do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF). O presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Felipe Mendes, participa da programação.

A Codevasf será a operadora do Projeto São Francisco quando a obra – considerada a maior realizada pelo governo federal no Nordeste – for concluída e entregue pelo Ministério da Integração Nacional. Ao todo, cerca de doze milhões de pessoas em quatro estados (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco) serão beneficiadas.

Para Mendes, é possível analisar o empreendimento não só pela grandeza no lado físico. Ele afirma que, para os religiosos, existe uma interpretação espiritual e cita a passagem da Bíblia onde o profeta Isaías escreve que o Senhor abriu no deserto um caminho e “rasgou rios na terra seca”: “As pessoas de um modo geral que têm fé em Deus, que têm crenças religiosas, irão compreender a passagem bíblica que diz que Deus criou uma obra no deserto fertilizando o deserto, levando água para onde só havia deserto, que é o que vai acontecer agora nessa região, sem que a gente possa deixar de entender o caráter social, mas, também, no fundo, no fundo, um caráter de religiosidade que a gente tem, porque água é vida, e a vida precisa ser preservada e  protegida pelo Estado”.

A comitiva será composta por representantes da igreja católica, organizações da sociedade civil, universidades e representantes do governo federal, dos ministérios da Integração Nacional, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, do Desenvolvimento Agrário, além de técnicos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).

“A visita ao rio São Francisco ocorre dentro do contexto da Campanha da Fraternidade de 2016, que tem como tema ‘Casa Comum, Nossa Responsabilidade’. Será uma oportunidade para que a população possa conhecer e contribuir com o projeto, exercendo seu papel de cidadania e de controle de políticas públicas, bem como acompanhar a execução e exigir que os objetivos sejam cumpridos e que os direitos das populações mais humildes, sobretudo os de produtores rurais voltados para agricultura familiar, possam ser contemplados”, explica o arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha.

O ponto inicial da viagem será o município de Itajá, no Rio Grande do Norte, onde visitam a Barragem Armando Ribeiro. O grupo também vai conhecer as obras da Barragem Oiticica, em Jucurutu. À tarde, se deslocarão para Cajazeiras.

Na terça, a comitiva irá à Barragem Engenheiro Ávidos – conhecido como Boqueirão –, no município paraibano de São José de Piranhas, um dos reservatórios que receberá as águas do Velho Chico. À tarde, seguirão para o estado do Ceará, onde farão uma visita ao Açude Jati e o Canal Eixo Norte, no município de Jati. Ainda, no Ceará, a caravana conhecerá algumas vilas produtivas.

Na quarta, conhecerão a Estação de Bombeamento da água do Velho Chico, em Salgueiro, Pernambuco. No final da tarde, irão ao rio São Francisco, onde acontecerá uma celebração.

A viagem termina na quinta-feira, com uma missa na Catedral, na cidade de Salgueiro, e com um momento de diálogo com representantes da sociedade civil, órgãos públicos, envolvidos com o Projeto de Integração das Bacias e representantes do assentamento Baixa Verde (de Jati-CE) e de uma comunidade quilombola de Salgueiro (PE).