O ciclo das águas e as enchentes; por Roberto Malvezzi (Gogó)

Roberto Malvezzi (Gogó). (Foto: CPT/arquivo)

O Filósofo e Sociólogo Roberto Malvezzi, mais conhecido como Gogó, divulgou um novo artigo de sua autoria. Dessa vez sobre as enchentes causadas pelas chuvas.

Roberto Malvezzi (“Gogó”), nasceu em 1953, no município de Potirendaba, São Paulo. É graduado em Estudos Sociais e em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, em São Paulo. Também é graduado em Teologia pelo Instituto Teológico de São Paulo.

Casado, teve com sua esposa dois filhos e duas filhas, todos baianos. Atualmente, reside em Juazeiro (BA) e atua na equipe da Comissão Pastoral dos Pescadores (CPP) e Comissão Pastoral da Terra (CPT) do São Francisco.

Segue o artigo:

O ciclo das águas e as enchentes

Roberto Malvezzi (Gogó)

O ciclo das águas começa com as chuvas, a partir da evaporação dos oceanos. No Brasil e em parte do continente latino-americano, engrossado pela evapotranspiração da floresta Amazônica. Então, os rios voadores espalham chuvas por quase todo território nacional, que serão armazenadas em aquíferos como Guarani, Urucuia e Bambuí no Planalto Central. Depois, eles distribuem essas águas para todas as grandes bacias brasileiras.

Outra parte corre nos mananciais de superfície e volta ao mar, ou fica armazenada em mananciais de superfícies, como lagoas e lagos. Outra parte evapora e retorna para a atmosfera.

Assim, o ciclo das águas é fundamental para o ciclo da vida. Aqui na Caatinga, quando chove, a caatinga que parecia morta (estava hibernada) como que ressuscita, a vegetação fica verde em uma semana, reaparecem várias espécies de pássaros, insetos e outros animais que a gente não sabe dizer de onde vieram. Como diz um amigo criador de cabras, “até as cabras entram no cio”.

Entretanto, vêm também as enchentes. Não é culpa da natureza. As pessoas foram morar em lugares onde o espaço era das águas. Aqui na cidade de Juazeiro da Bahia, as enchentes ocorrem onde antes eram as lagoas marginais do Velho Chico e às margens dos riachos que ligavam essas lagoas à calha central do grande rio. Os riachos continuam como canais de esgoto a céu aberto. Todos os anos, quando a chuva é intensa como agora, vêm as tragédias socioambientais sobre a população que habita essas áreas de risco, muitas vezes transformando-se em tragédias humanitárias.

O saneamento básico da cidade – abastecimento de água potável, coleta e tratamento do esgoto, manejo dos resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais – avançou muito em termos de abastecimento de água e coleta de esgoto. Diz o SAAE que a 95% da cidade. Mas, avançou pouco em termos de manejo dos resíduos sólidos e, menos ainda, na drenagem das águas de chuva. Um prato cheio para os adversários políticos em época de eleições municipais.

Um trabalho sério de avanço na drenagem das águas de chuva precisaria localizar todas as áreas alagáveis, fazer obras de drenagem que garantam o escoamento em tempos de chuva. Se não for possível, é preciso a relocação da população das áreas de risco, o que implica também numa política habitacional para a população relocada. Que a área das águas seja das águas. Essas ações implicam em planejamento técnico, humanitário, recursos financeiros e vontade política.

Será que algum candidato nessas eleições tem mesmo interesse em resolver esse desafio socioambiental da cidade?

Campanha de doação para vítimas das chuvas em PE cresce na Facape

(Foto: ASCOM)

A campanha de arrecadação, promovida pela Facape, para ajudar as vítimas das chuvas e enchentes em Pernambuco, tem recebido grande adesão dos estudantes, professores e funcionários da Faculdade. Nesta quarta-feira (7) o presidente da Instituição, Antonio Habib, fez um balanço do material doado.

O presidente da OAB Subseccional Petrolina, Alexandre Torres, acompanhou Habib e destacou que a Ordem dos Advogados também promove campanha para recolher donativos para as comunidades.

Entre as doações estão roupas, calçados, materiais de limpeza, água mineral, colchões, roupas de cama, alimentos não perecíveis e outros. Antonio Habib salienta a solidariedade que a comunidade da Facape demonstrou.

LEIA MAIS

Pernambuco: Cartão vai liberar R$ 25 milhões para vítimas das enchentes

Ministro das Cidades, Bruno Araújo. (Foto: Paullo Allmeida/ Folha de Pernambuco)

Em visita ao Recife nesta quinta (1°), o ministro das Cidades, Bruno Araújo, anunciou que o Governo Federal vai liberar nesta sexta-feira (2) R$ 25 milhões, por meio do cartão reforma, para os 31 municípios atingidos pelas chuvas em Pernambuco.

O cartão vai contemplar famílias com renda até R$ 2.800 que tiveram as casas afetadas pelo desastre. Já o Ministério da Integração autorizou o repasse de R$ 17,5 milhões para que o Estado compre cestas básicas, água, kits de limpeza e higiene pessoal, colchões e outros materiais.

A ideia do cartão é que o proprietário use a verba para reformar o imóvel danificado. Segundo o último balanço do Estado, Pernambuco contabiliza 4.363 desabrigados (abrigados em prédios públicos) e 41.768 desalojados (abrigados em casa de parentes e amigos).

Cada cartão pode vir com um crédito de R$ 2 a 9 mil. “A pessoa não recebe dinheiro [em mãos]. O cartão vem com o crédito para tirar o material de construção em casas de construção que estão pré-selecionadas no programa”, explicou o ministro.

LEIA MAIS